“É notório que temos deficiências nos recursos humanos que depois se repercutem na deficiência de atitudes que possam ser implicadas no controlo da infeção” associada aos cuidados de saúde, disse Maria do Rosário Rodrigues.

A responsável, que hoje apresentou, no Porto, o relatório do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos referente a 2016, que indica que a prevalência de Infeções Associadas a Cuidados de Saúde (IACS) foi de 7,8% no ano passado (10,5% em 2012), referiu que há uma série de fatores em causa que não dependem apenas dos médicos.

Rosário Rodrigues reagia assim a uma afirmação do infecciologista António Sarmento, que considerou que a “falta de auxiliares para limpeza dos serviços”, bem como “de enfermeiros a prestar cuidados”, por exemplo, não permite cumprir todas as medidas de controlo de infeções.

O médico do Hospital de S. João destacou ainda que “o número de médicos e de enfermeiros dedicados ao controlo da infeção é muito baixo”. “Têm de nos dar meios, que nós não temos neste momento”, para que seja possível diminuir a incidência de infeções, frisou António Sarmento.

Profissionais cada vez mais conscientes

Sobre o relatório, Rosário Rodrigues afirmou aos jornalistas que, “globalmente, os resultados são bastante favoráveis”, por revelarem uma diminuição da prevalência de infeção associada a cuidados de saúde, contudo, “ainda há muito a fazer”.

“Os profissionais estão cada vez mais conscientes daquilo que têm de fazer, mas ainda temos muito a fazer”, disse, “a medida mais importante é lavar as mãos (…) gostaria que [a taxa de adesão a esta medida] subisse para valores bem mais consistentes”.

Durante o seu discurso, a responsável frisou mesmo: “não me cansarei de repetir: a higiene das mãos é a medida mais simples, mais eficaz e mais económica” para prevenir a infeção.

Para Rosário Rodrigues, atualmente “há muita atenção” para esta questão, mas ainda “há muito caminho a fazer, nada está esgotado”.

A responsável destacou também a necessidade de diminuir as resistências aos antibióticos, afirmando ser necessário apostar na literacia em saúde e melhorar a comunicação com os cidadãos.

De acordo com o relatório do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos referente a 2016, a prevalência de Infeções Associadas a Cuidados de Saúde (IACS) foi de 7,8% no ano passado (10,5% em 2012).

Os autores recordam que as IACS e o aumento da resistência dos microrganismos aos antimicrobianos (RAM) são “problemas relacionados e de importância crescente à escala mundial”.

“Segundo previsão internacional no que se refere a mortes atribuíveis às RAM quando comparadas com outras causas de morte, estima-se que se estas não forem controladas até 2050, mais 10 milhões de pessoas poderão morrer todos os anos”, lê-se no documento.

De acordo com o relatório, “a higiene das mãos por parte dos profissionais é a medida mais eficaz, mais simples e mais económica de prevenir as IACS”.

Apesar da adesão das unidades de saúde à monitorização das práticas de higiene das mãos ter vindo a aumentar de forma gradual, mais de um quarto dos profissionais de saúde não aderem a essas práticas, tendo em conta que, em 2016, a taxa de adesão dos profissionais foi de 73%.

Os autores destacam resultados positivos ao nível da pneumonia associada à intubação, que desceu 36,6% entre 2008 e 2016, nas bacteriémias relacionadas com cateter intravascular central (menos 57,1% nos últimos oito anos) e por ‘Staphylococcus aureus’ resistentes à meticilina (MRSA) e na infeção de prótese de joelho e de cólon e reto.

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