É impossível separar as emoções da biologia. Emoções como o medo, a tristeza, a ira, a raiva, a fúria e a frustração, entre outras, vividas repetidamente, tornam-se tóxicas e funcionam como venenos emocionais que contaminam o nosso organismo. O impacto das emoções negativas no nosso corpo pode refletir-se em quadros de doença como stresse, ansiedade, cansaço extremo, alterações do sono ou em situações mais graves, depressão, colesterol elevado, alterações glandulares, ataques cardíacos, úlceras de estômago e AVC.

Ao contrário, quando as nossas emoções são positivas, deixamos de ter necessidade de ativar estados de vigília e alerta desgastantes e sentimos uma melhoria global do nosso bem-estar. Deixamos de nos sentir obrigados a lutar, a comportarmo-nos como se o mundo fosse hostil. Assim, cuidar das nossas emoções é essencial para cuidar do nosso corpo.

E, sendo as emoções produto daquilo que pensamos, sobre nós, sobre a vida, sobre os outros, é nos nossos pensamentos que encontramos um aliado no processo de cura. Veja também a galeria de imagens 25 livros que o vão ajudar a ser uma pessoa melhor.

Pessoas felizes adoecem menos

É uma evidência já apontada pela neurociência. As pessoas felizes ou, pelo menos, emocionalmente equilibradas não só adoecem menos como, quando doentes, têm uma recuperação mais rápida e menos recaídas. Desde o início do século XX, a ciência tem dado mais atenção ao corpo como sistema holístico onde as emoções são corresponsáveis pela saúde física.

Neste sentido, surgiram novas perspetivas como a psiconeuroimunologia, algumas delas apontadas por George Solomon, em 1964, que explicam como grande parte das doenças crónicas resultam também da qualidade das nossas emoções. Também António Damásio, o «neurocientista das emoções», como muitos lhe chamam, refere que não é possível entendermos o cérebro sem percebermos as emoções humanas e que as emoções são reações que acontecem no corpo.

Há, ainda, estudos de Ader e Cohen na área da psiconeuroimunologia, que datam de 1975, que tornaram evidente o envolvimento do sistema nervoso e endócrino não só nas respostas imunológicas do organismo, como também no aparecimento de doenças. Veja também a galeria de imagens com 7 passos rumo à liberdade.

Recuperação de doenças

As emoções têm um papel primordial na recuperação de doenças, incluindo as mais graves, como o cancro. A forma como encaramos o que nos está a acontecer e o modo como dialogamos com o nosso corpo doente determinam a forma como nos sentimos e isso pode interferir na nossa esperança de vida. Mesmo em situações mais graves, é importante que toda a nossa energia se coloque do lado da cura ao invés de nos focarmos no lado da doença.

Diariamente, é preciso fazermos um trabalho de mudança de pensamentos neste sentido. Quando conseguimos focarmo-nos apenas na cura, acreditando que ela é possível e de que já está a acontecer no nosso corpo, as nossas emoções mudam por completo e com elas muda a forma como nos sentimos ao ponto de, em alguns casos, o processo de cura se poder tornar mais rápido e efetivo.

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Como moldar as emoções

Este é um gesto a empreender para conseguir uma vida melhor. Devemos, em primeiro lugar, perceber para onde estamos a dirigir o nosso diálogo interior. Da qualidade dos nossos pensamentos, resultará a qualidade das nossas emoções. Assim, devemos em permanência fazer o exercício do pensamento oposto focando-nos naquilo que queremos e não no que não queremos.

Se desejamos estar bem e com saúde, se desejamos curarmo-nos, então não nos devemos focar no estar doente e no mal que sentimos. A pergunta base que temos de fazer em permanência não é uma só. Em que estou a pensar? Ao que estou a dar atenção neste momento? Onde estou a colocar a minha energia? Foque-se no presente e naquilo que, neste momento, consegue controlar e no que quer alcançar.

Estas são as principais emoções más, as que nos afetam, que importa aprender a controlar:

- Medo

Embora essencial para o nosso sistema de defesa, pode tornar-se tóxico quando nos inibe de agir amarrando-nos à ideia de perigo e de ameaça e criando em nós a sensação permanente de angústia, de prisão emocional. Prende-nos à imaginação do pior e à perceção negativa da realidade e do que de mau nos pode vir a acontecer.

Com isto, o nosso corpo também começa a sentir medo ao ponto de nos paralisar, o que pode refletir-se em doença física (desde as simples dores de estômago antes de um exame, a estados de febre alta ou dores de costas e de cabeça incapacitantes). Elimine os «E se...?» do seu pensamento. Todos os ses que imaginamos são apenas isso, imagens mentais que criamos.

Troque-os por afirmações no presente do indicativo, como «Estou a conseguir ser cada vez mais positiva», «Hoje foi mais um dia em que consegui focar-me no presente, rodeando-me de pessoas, pensamentos e situações que me fazem bem», «Não há razão para ter medo», «Tudo está a acontecer no tempo certo para mim» e ainda afirmações categóricas como «Eu consigo!».

- Ressentimento

É uma das emoções mais negativas para o nosso organismo. Faz-nos ficar amarradas ao passado, carrega o nosso corpo de azedume e de raiva e não nos deixa viver o agora. Limita os nossos planos a estratégias de vingança que só nos angustiam mais e colocam mais raiva no nosso corpo. Os principais órgãos que sofrem com o ressentimento são o fígado, o pâncreas, a vesícula e o intestino.

Aprenda a deixar fluir os acontecimentos negativos. Ao invés de os guardar, tente perceber o que lhe vieram ensinar. A seguir, liberte-os!

- Culpa

É uma emoção tóxica que nos magoa ao ponto de nos castigarmos a nós mesmos, sem precisar que os outros o façam. Quando falamos em sentimento de culpa, dizemo-lo exatamente porque a culpa se sente no corpo. Invade-nos de uma tristeza angustiante que nos faz sentir as piores pessoas à face da terra e não nos deixa agir com clareza para repor a situação que originou a culpa.

Inicialmente deixa-nos angustiados e tristes para mais tarde se transformar em raiva por nós mesmos podendo, em situações mais graves, causar depressão e problemas graves na cervical e na zona lombar. Decida por si. Escolher de forma equilibrada significa optar pelo que sente que lhe faz bem e não por aquilo que acha que os outros irão apreciar.

Não tenha medo de escolher em função do seu bem-estar e da sua felicidade. Você está a viver a sua vida e é a si que tem de prestar contas. Diga sim a si próprio e não aos outros as vezes que forem necessárias. Se perder alguém ou alguma coisa por fazê-lo, acredite que é porque já não lhe pertenciam.

Texto: Teresa Marta (coach para a coragem e CEO da Academia da Coragem) com Vanda Oliveira (edição)