Quando uma família endinheirada resolve investir na hotelaria para criar um espaço de charme e requinte que possa servir de mostruário da vasta coleção de arte que possui, o resultado só poderia ser uma unidade hoteleira luxuosa e encantadora, repleta de detalhes e pormenores que seduzem qualquer um desde o primeiro minuto. Esta é, muito resumidamente, a história de The Siam Hotel. Veja a galeria de imagens desta unidade hoteleira!

Este sumptuoso resort urbano, construído nas margens do rio Chao Praya, está localizado a escassos metros da ponte Krung Thon, no bairro histórico de Dusit, em Banguecoque, na Tailândia. Foi concebido por Krissada Sukosol Clapp, um famoso cantor e ator tailandês, filho do empresário que herdou o terreno, em parceria com Bill Bensley, um reputado arquiteto e designer de interiores que integra a lista das 100 pessoas mais criativas do mundo da revista Architectural Digest.

Este boutique hotel de cinco estrelas mais parece um museu. Além de guias turísticos de 1904 em exposição na imponente biblioteca, nas áreas comuns do empreendimento de estilo art deco de inspiração colonial podem ser vistas várias relíquias. O espólio inclui obras de arte originais da antiga Birmânia e o carro de brincar com que o príncipe herdeiro do país se divertia na década de 1930.

Mas também fotografias do rei Bhumibol Adulyadej com celebridades como Elvis Presley e Alfred Hitchcock, bicicletas tailandesas antigas, vasos chineses do tempo da dinastia Ming, o móvel de uma farmácia secular com as gavetas ainda intactas… A lista é interminável e surpreendente. O restaurante está decorado com posters antigos de uma valiosa coleção, que inclui um dos primeiros cartazes promocionais da marca de pneus Michelin.

A inspiração que veio de Paris

A sala de cinema privativa tem uma fila de cadeiras composta pelos bancos de madeira da carruagem de segunda classe de um comboio do século passado. «Toda a decoração tem uma razão de ser», explica Marcos Pires, enquanto mostra o edifício principal, projetado pelo arquiteto Khemvadee Paopanlerd, que se inspirou no Museu de Orsay, em Paris. Filho de mãe japonesa e de pai português, originário da região de Vale de Lobos, no Algarve, este cidadão do mundo já viveu e trabalhou em vários países.

Passou pelo Japão, por Singapura, pela China, pela Indonésia, pelos Emirados Árabes Unidos, pela Arábia Saudita, pela França, pela Suíça, pelos EUA e pelo Brasil. Mas, quando foi convidado para assumir o cargo de diretor de marketing e vendas do The Siam Hotel, não hesitou e agora é um dos maiores entusiastas do empreendimento, que hoje pertence a uma família de artistas e colecionadores de arte, estendendo-se por uma área de três hectares.

O prazer de beber um café de elefante com vista para o rio

A neta do rei da Tailândia, que integra a seleção olímpica do país e que trabalha em moda com o estilista francês Karl Lagerfeld, é uma das frequentadoras assíduas do ginásio do The Siam Hotel, mas está longe de ser a única celebridade a constar da lista de socialites que o visitam com regularidade. Alguns dos herdeiros da marca Fendi, criada pelo casal Edoardo e Adele Fendi em 1925 em Roma, já lá pernoitaram.

E as casas tailandesas com três séculos que hoje servem de cenário a um dos mais exóticos espaços do hotel já abrigaram a atriz Jackie Kennedy, o magnata e filantropo John Rockerfeller, o ator Roger Moore e o industrial Henry Ford. Ao todo, o empreendimento tem 39 habitações. São 28 suites, 10 villas e uma vivenda de arquitetura típica, além de um grande ginásio com ringue de muay thai e de um terraço para a prática de yoga.

Há ainda espaço para um luxuoso spa, dois restaurantes e um café, o Café Cha, que serve o famoso e exclusivo café de elefante. Para obter o pó de café usado para o preparar, o mamífero, um animal sagrado na Tailândia, precisa de ingerir cerca de 30 quilos de grãos de café, que depois de mastigados, digeridos, expelidos e processados geram apenas entre dois a três quilos de produto.

Apreciado pelo seu odor forte e pelo aroma intenso, um simples expresso pode custar 45 libras, cerca de 62 euros. Uma pequena quantidade de café de marfim negro, como também lhe chamam localmente, chega a custar 1.200 bates, cerca de 34,10 euros. Esta requintada iguaria é, contudo, apenas uma das especialidades que pode saborear na pastelaria do hotel, muito apreciada pelos seus famosos chás e pela sua requintada carta de champanhes.

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Ambientes diversificados para experiências também elas distintas

As melhores vistas do empreendimento estão, no entanto, reservadas para o restaurante Chon Thai, construído no espaço ocupado pelas três casas de madeira de teca tailandesas, com mais de três séculos, que foram adaptadas para oferecer diversos tipos ambientes, desde os mais reservados no interior aos mais arejados, com vista para o rio e para o cais privado, onde atraca o barco do hotel, que várias vezes por dia transporta gratuitamente os hóspedes para o centro da cidade, trazendo-os depois de volta mais tarde.

É também neste espaço que decorrem os workshops de culinária que a unidade hoteleira organiza e que incluem uma visita ao mercado local para adquirir os produtos mais frescos e exóticos. Outro dos atrativos do The Siam Hotel é a loja de recordações e galeria de arte, que inclui peças únicas de artistas locais, algumas delas elaboradas com azulejos da antiga capital da Tailândia, destruída em 1600.

A decoração temática das habitações

Maioritariamente em branco, preto, cinzento, bege e tons neutros, o The Siam Hotel tem «38 das mais espaçosas suites e vivendas com piscina» da capital tailandesa, como descreve o site do empreendimento. Integra 16 habitações com uma área de 80 metros quadrados, seis com 90 metros quadrados, seis com 100 metros quadrados e 10 villas com 130 metros quadrados, quatro com vista para o rio junto à piscina principal da unidade hoteleira.

As restantes seis têm vista para o pátio ajardinado, quase tão verdejante como o jardim interior que acolhe e encanta de imediato quem entra pelas portas do hotel adentro. Muitos dos hóspedes não resistem a fotografar-se lá, antes ou depois de recolher às habitações. Muitos dos quartos, na linha decorativa que o caracteriza, são temáticos.

Na suite de pé alto em que pernoitámos, inspirada na música, não faltam discos originais em vinil emoldurados, raridades nos dias de hoje, de artistas como Elvis Presley e The Beatles. Depois de uma antecâmara com uma pequena área de lazer com bar e televisão, surge o quarto propriamente dito, grande, com uma confortável cama king size, por detrás da qual se esconde uma secretária. Logo a seguir, surge a porta da casa de banho, por si só maior que muitos quartos de hotel tradicionais.

130 empregados para um hotel com 38 habitações

Equipada com banheira, duche e dois enormes lavatórios, é banhada por uma imensidão de luz natural, proveniente do lado do rio. Para garantir o melhor atendimento, apesar de disponibilizar apenas 38 habitações, o empreendimento conta com um impressionante staff de 130 empregados. Muitos asseguram o serviço de quartos, que além de jantares privados pode organizar piqueniques ou aulas de culinária com chefs convidados.

No spa, que também tem cabeleireiro e um salão de beleza, estão disponíveis tratamentos faciais e corporais, massagens relaxantes e terapias exclusivas, além de programas desenvolvidos pelo conceituado consultor de bem-estar internacional, Dr. Adrish Brahmadatta. Para assegurar a melhor experiência sensorial, o Opium Spa estabeleceu, ainda, uma parceria com a marca de cosméticos naturais Sodashi.

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As atrações turísticas nas imediações do hotel

Apanhando o barco do hotel no cais privado junto ao rio, chega-se facilmente às principais atrações turísticas no centro de Banguecoque mas, se preferir um programa alternativo, pode ir até à ilha de Koh Kret, conhecida pela sua olaria típica. O Jardim Zoológico de Dusit e o Vimanmek Teak Palace Museum, a maior mansão em madeira de teca dourada do mundo, que reúne um espólio decorativo de relevância histórica e patrimonial, encontram-se a uma distância de apenas cinco minutos.

O acesso ao Grande Palácio, residência oficial do rei, a partir do empreendimento turístico, não vai além dos 15. Um pouco mais longe, fica a igreja portuguesa que pode visitar na margem oposta, uns quilómetros mais à frente. Portugal foi um dos primeiros países a ter uma representação diplomática na Tailândia e ainda hoje existem vestígios desta presença.

O fabuloso edifício que albergou esse serviço já não está aberto ao público mas o concierge do hotel consegue agendar uma visita com uma guia portuguesa, que explica com muitos pormenores como a influência lusa ainda hoje se faz sentir no país do pad thai (prato típico), dos templos e dos budas. E são muitos os que deve incluir na sua lista quando visitar Banguecoque. Existem mais de 3.000 espalhados pela cidade.

O Wat Sukhothai Traimit (que acolhe o maior buda em ouro maciço do mundo), Wat Pho (o templo mais antigo) e o Wat Phra Kaew (complexo de tempos do século XVIII) são, a par do imponente Wat Arun, os mais visitados. No regresso, para terminar o dia em beleza, depois de uma extenuante e agitada visita à cidade, não deixe de dar um salto ao Deco Bar & Bistro, um espaço de dois andares que reflete o apogeu do estilo art deco tailandês, acessível através de uma imponente escadaria.

Por cima do balcão, uma parafernália de instrumentos musicais dispostos de forma sequencial forma uma instalação surpreendente. Outro dos atrativos é a ementa original de um restaurante nova-iorquino visitado pelo rei Rama VI em 1902, autografada pelo monarca. Este é outro dos tesouros que o premiado e distinguido The Siam Hotel, a joia da coroa da Sukosol Hotels, empresa que integra o Sukosol Group, guarda e só revela a quem dispõe de tempo e tranquilidade para o descobrir.

Texto: Luis Batista Gonçalves