A ejaculação feminina é controversa e considerada por muitos um mito, motivo pelo qual não é acompanhada por uma grande evidência científica.

Porém, o facto que acaba por ser mais surpreendente é que, tal como os homens, é possível que as mulheres também ejaculem durante o orgasmo, traduzindo-se esta pela saída de fluido pela vulva ou vagina aquando do clímax.

Porém, apesar de tal ser possível orgânicamente, nem todas as mulheres têm a capacidade de ejacular durante o orgasmo, fenómeno também conhecido por squirting, sendo que apenas uma minoria consegue fazê-lo.

De onde vem o fluido expelido na ejaculação feminina?

Quando o orgasmo é conseguido pela estimulação do famoso ponto G, também denominado ponto de Grafenberg pelos especialistas, um ponto hipersensível na parede anterior da vagina intimamente ligado à uretra, calcula-se que possa levar à libertação de fluido pelas glândulas localizadas perto da abertura vaginal e por baixo da abertura da uretra (glândulas de Skane), assemelhando-se a sua ação à ação da próstata nos homens.

Porém, tal como toda a evidência relativa à ejaculação feminina, a relação entre a pressão no ponto G e a produção de líquido ejaculatório pela mulher, não está bem definida. A quantidade de líquido libertado varia de mulher para mulher e de orgasmo para orgasmo mas, segundo Abraham Brons da clínica euroClinix, «pode ir desde o equivalente a uma colher de sopa a uma chávena de café». Nalguns casos, a quantidade de líquido pode ser tão grande que algumas mulheres confundem a ejaculação feminina com incontinência urinária durante o sexo.

Aliás, nos anos da década de 1980, muitos médicos justificavam o fenómeno da ejaculação feminina com a perda de urina, pelo que recomendavam muitas vezes exercícios Kegel para fortalecer os músculos do pavimento pélvico. Apesar de muitas mulheres perderem urina durante actividades comuns do dia a dia, como espirrar, correr, rir ou tossir, especialmente após terem sido mães, a ejaculação feminina não é o mesmo que uma perda de urina.

As perdas de urina são mais comuns durante os preliminares e penetração e não durante o orgasmo. De facto, apesar de as glândulas de Skane poderem justificar a proveniência do líquido expelido durante a ejaculação feminina, a verdade é que até ao momento não se sabe de onde este líquido vem concretamente. Alguns estudos afirmam que todas as mulheres ejaculam durante o orgasmo.

Mas, enquanto na maioria este líquido se dirige para a bexiga devido à contração muscular que se gera no pós-clímax, noutras o líquido é libertado pela vagina para fora do corpo. As últimas investigações sobre a proveniência e composição deste fluído apontam para um líquido alcalino, que ao contrário da urina, não contém ureia ou creatinina e tem uma aparência clara, não deixando manchas nos tecidos como a urina deixa.

Ejaculação feminina e sexualidade da mulher

Enquanto que para muitas mulheres a ejaculação feminina continua a ser algo inatingível apesar das constantes tentativas, para outras (pertencentes à minoria que consegue ejacular) a ejaculação durante o orgasmo é motivo de vergonha e embaraço. A libertação de fluido durante o orgasmo faz parte da resposta natural do corpo de muitas mulheres e a maioria dos parceiros não são preconceituosos relativamente a este facto, encarando a ejaculação feminina como um elogio à sua performance sexual.

No caso de a ejaculação feminina poder ser confundida com incontinência urinária, nada melhor do que procurar ajuda médica para esclarecer esta situação. A incontinência urinária pode ser facilmente tratada com recurso a exercícios, terapia comportamental e medicamentos, pelo que esta não deve ter impacto na sexualidade da mulher. Apesar de a evidência sobre a ejaculação feminina não ser muita, a relação desta com o ponto G parece ser um fator chave.

A estimulação deste ponto até ao clímax parece ser algo comum à maioria das mulheres que experiencia a ejaculação feminina. O ponto G pode ser estimulado durante a penetração, em posições onde o homem está por trás ou a mulher está por cima. Pode também ser estimulado durante os preliminares com recurso a brinquedos sexuais especialmente concebidos para este efeito ou por estimulação manual.

Texto: Clínica euroClinix