São um punhado e formam o DC Men Knit, um clube de homens apaixonados por tricot e crochet que se reúnem duas vezes por mês para criar lenços, gorros e mantas na capital americana.

O objetivo deste encontro é “oferecer aos homens um refúgio para tricotarem juntos, trocarem conselhos, ajudarem-se, porque o tricor sempre foi visto como uma atividade feminina”, explica o coordenador do grupo, Gene Throwe.

Neste ambiente aconchegante, Throwe, gerente de uma associação de escolas de enfermagem, de 51 anos, veste uma sweat castanha com um subtil estampado dourado.

Como muitos dos seus amigos, cresceu a ver a sua avó tricotar. E a saudade transformou-se em tristeza, ao perceber que as novas gerações não estavam a pegar nas agulhas. Este deu-se conta, então, de que poderia ajudar a manter viva esta prática.

"Porque é que se espera que sejam as mulheres? Eu posso fazer isso também!", conta.

A imagem de um grupo de barbudos concentrados nos seus pontos de tricot chama à atenção, reconhece Throwe, entre risos.

"As avós que passam, muitas vezes, olham para nós como se fôssemos marcianos", completa.

Tecido, mala e bermudas

Ao longo da história, os homens sempre tricotaram, fosse como membros de confrarias de tecelões na Idade Média, fosse como crianças em idade escolar no Reino Unido e nos Estados Unidos, ao fazerem mantas para soldados que partiram para combater a Alemanha nazi.

Agora, a prática apareceu entre os homens e voltou a ser comum.

Tricot
créditos: Agnes BUN / AFP

De óculos e sorriso simpático, mala à cintura e de bermudas, a 3°C, Sam Barsky tem quase meio milhão de seguidores no Instagram e TikTok.

Gosta de se definir como um "artista do tricot" e não para de surpreender os internautas com as suas criações a duas agulhas, peças de design único inspiradas em paisagens, monumentos, ou obras culturais.

As Cataratas do Niágara, ou os arranha-céus de Nova Iorque, as pedras de Stonehenge, ou a Torre Eiffel, pinguins, robôs e até o Mágico de Oz são apenas algumas das centenas de motivos que já teceu.

Este até dedicou uma camisola às suas sweats: reproduziu cerca de 30 motivos estampados nas suas criações. A sua criatividade sem limites rendeu-lhe até uma exposição no Museu de Arte Visionária dos EUA, em Baltimore.

Quando as fronteiras fecharam com a chegada da covid-19, decidiu reorientar a sua arte, disse à AFP no Oregon Ridge Park, a norte de Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos.

Ali, imortalizou em lã os troncos das árvores deste parque, pintados simbolicamente anos atrás em homenagem às pessoas que haviam superado a dependência de álcool e drogas.

Para Narsky, a pandemia não trouxe apenas consequências más: na sua conta sw TikTok, lançada em setembro de 2020, atraiu rapidamente mais seguidores do que tinha vindo a conquistar há anos no Instagram.

Tal como amassar o pão, ou fazer cerâmica, o tricot foi um porto seguro contra o tédio e a ansiedade dos primeiros meses do coronavírus, uma dinâmica que se repetiu um pouco em quase todo o mundo.