- O que vais fazer nos teus anos? Mega festa, não? - perguntou-me, há uns meses, uma sobrinha.

- Ainda só pensei no que quero escrever nesse dia. Se há ou não festa, é-me ligeiramente indiferente...

Dizem que o destino é feito de acertos e erros; que a soma do que somos resulta de oportunidades tomadas; e que nunca saberemos se qualquer outro caminho teria sido mais feliz.

Dizem que a sorte se constrói e que o amor se conquista; que a morte é a única certeza e a que a existência é fugaz.

Ah, sim, e também dizem que a vida começa aos quarenta!

Desconheço a razão pela qual encaro este aniversário como um portal de acesso a uma nova realidade; uma espécie de passagem iniciática repleta de significados soberbos e riquíssimas oportunidades. Encanta-me de tal forma pensar que a vida começa agora mesmo a sério que tenho aguardado o dia de hoje a construir-me o melhor possível por forma a estar preparada para saborear em pleno o que está para vir. Apenas desejo que não me faltem as pernas para continuar a caminhar pela vida com a energia de quem possui o chão que pisa.

Dizem que somos o produto dos nossos pensamentos e ações. Não posso discordar, mas tenho que completar! Somos o resultado de tudo o que os outros nos dão: de todas as influências, energias, amores, ensinamentos e acompanhamentos. Somos feitos das dádivas providenciais que quem nos rodeia nos traz. Não tenho qualquer dúvida disto.

Acabei por convidar, para celebrar comigo este dia, quem tem feito de mim esta pessoa que gosto de ser, que admiro e com quem tão bem me entendo. Muitos não me beijarão hoje, com todo o amor recíproco que nos temos. Porque não estão perto. Ou porque a morte já os levou. Mas é em honra de todos os que fizeram, fazem e continuarão a fazer sempre, parte da minha vida, que hoje escrevo estas linhas.

Que a vida comece. E recomece. Hoje, como todos os dias, cheia de emoção, inspiração e muito chão para caminhar.

Ana Amorim Dias