Chegaram as férias há muito ansiadas e, muito provavelmente, já só pensa nos dias que vai passar na praia sem se lembrar do stresse do emprego ou da eterna crise financeira. Para que o momento de pausa seja de pura descontração, é importante que não esteja a cada minuto a pensar no dinheiro que está a gastar e a ver o saldo da sua conta a aproximar-se vertiginosamente dos zero euros.

Para tal, é importante programar as férias de acordo com o orçamento disponível e fazer escolhas inteligentes que lhe permitam, com menos, aproveitar mais.

Calcule o orçamento disponível

Antes de definir o programa de férias procure saber quanto dinheiro tem para gastar. «Deve utilizar um montante que lhe permita ter férias descontraídas sem pôr em causa o equilíbrio do orçamento familiar», aconselha Joaquim Madrinha, jornalista especializado em finanças. Se já recebeu uma parte do subsídio de férias diluído nos salários (duodécimos), só pode contar com esse montante se o tem vindo a reservar para as férias.

Subtraia igualmente a parcela que pretende utilizar para o pagamento de despesas, como seguros anuais. Se reservou a totalidade do subsídio para as férias, saiba que «dez por cento deste valor deve ser canalizado para uma poupança», aconselha Susana Albuquerque, secretária-geral da Associação de Instituições de Crédito Especializado.

Alojamento

A estadia consome, quase sempre, a maior fatia do orçamento das férias, a par da viagem. «Quanto maior a antecedência e o planeamento, mais poderá poupar, pois terá tempo para comparar ofertas, encontrar formas de economizar e, em geral, os preços são mais baixos», refere Susana Albuquerque.

Se não teve tempo para planear, explore as ofertas de última hora. Entre o apartamento e o hotel, a decisão depende do número de pessoas. Se vai com crianças ou com um grupo de amigos o facto de poder cozinhar compensa quase sempre.

Se optar por um hotel e levar crianças, não compensa escolher o regime de pensão completa. «Irá ter um custo do qual não terá todo o proveito, uma vez que as crianças comem pouco», refere Joaquim Madrinha. Algumas cadeias de hotel têm pacotes de férias familiares em que as crianças não pagam, algumas até aos 12 anos.

Viagem

A escolha entre carro e avião está, sobretudo, relacionada com a distância e com o número de pessoas que leva consigo. Se viajar entre o Porto e Faro, por exemplo, uma viagem de avião low-cost pode ser a melhor opção mas, a partir de duas pessoas, torna-se mais vantajoso ir de carro, sobretudo se necessita de transporte para se deslocar entre o apartamento e a praia.

Alugar carro no local das férias fica sempre mais caro. O ideal é escolher um alojamento perto da praia e deslocarse a pé ou de bicicleta. As crianças até aos dois anos não pagam passagem de avião e até aos 12 anos têm direito a um desconto entre os 50 e os 75 por cento.

Dentro da Europa existe uma oferta considerável de voos low-cost, mas tenha em atenção que estes voos utilizam, muitas vezes, aeroportos secundários. Informe-se sobre o sistema de transportes que faz ligação ao seu destino.

Bagagem inteligente

Se viajar de avião informe-se sobre as medidas e peso que a sua mala deve ter para não pagar excesso de bagagem. Nela inclua:

- Produtos de higiene e beleza, incluindo o protetor solar que pode sair muito mais caro nas zonas balneares

- Medicamentos mais comuns para a dor e febre, enjoo, diarreia e picadas de mosquito

- Um agasalho quente para não ser surpreendida pelo frio ou pela chuva

- Alimentos não perecíveis como arroz, massa, farinha, sal (se pretende cozinhar), bem mais caros quando comprados em regiões turísticas

- Água. Segundo Joaquim Madrinha, este é um dos produtos mais inflacionados junto às praias. «Se tiver espaço de bagagem, compre um ou dois garrafões antes de partir», recomenda.

Veja na página seguinte: Dinheiro ou cartão?

Dinheiro ou cartão?

Se viajar para fora de Portugal, Joaquim Madrinha aconselha levar «um pequeno fundo de maneio para pagar pequenas despesas». No que se refere a pagamentos, o cartão de crédito «normalmente implica menos comissão», refere Susana Albuquerque. No entanto, «para um maior controlo das despesas, se possível opte por pagar com o cartão de débito», aconselha Joaquim Madrinha.

Levantamentos

Utilize o cartão de débito e levante o dinheiro de que precisa de uma só vez. «A cada levantamento é aplicada uma comissão fixa que, no caso dos cartões de crédito, pode ser bem pesada», refere o especialista.

Câmbio

Se viajar para fora da zona euro, saiba que «a troca de moeda é, geralmente, mais vantajosa numa casa de câmbio do destino», refere Susana Albuquerque.

Seguro de saúde

Um contratempo, como uma doença ou um acidente, poderá sair-lhe muito caro, especialmente se estiver no estrangeiro. Na compra da viagem ou da estadia, verifique se o seu cartão de crédito tem algum seguro de saúde associado.

Se não estiver coberto por esta solução, opte por um seguro de saúde temporário, cujo preço pode rondar os 20 euros, nas modalidades mais básicas. O Cartão Europeu de Seguro de Doença é gratuito e assegura a prestação de cuidados de saúde na União Europeia.

Alojamento

O alojamento é a uma das Parcelas mais caras, mas é também aquela em que poderá poupar mais. As opções low-cost à sua disposição incluem:

- Troca de casa

É uma possibilidade ainda pouco explorada pelos portugueses, mas que pode significar alojamento a custo zero. pode inscrever-se (mediante o pagamento de uma taxa que ronda os 50 euros) em sites como Intervac Home exchange ou Trocacasa.com.

- Campismo

É uma das opções mais económicas, promove o contacto com a natureza e nem se quer tem de ficar numa tenda. Pode optar por um bungalow ou pré-fabricado. Existem cada vez mais parques com boas condições de segurança e higiene e infraestruturas que lhe permitem cozinhar.

Veja na página seguinte: As contas que deve (mesmo) fazer antes de partir

As contas que deve (mesmo) fazer antes de partir

Sabe quanto pode gastar para não andar a contar os euros durante as férias? Faça bem as contas antes de partir para a viagem:

1. Determine o orçamento disponível.

2. Escolha um destino em função desse orçamento.

3. Subtraia o preço da viagem e da estadia.

4. Deixe de lado uma pequena quantia para despesas supérfluas.

5. Divida o restante pelo número de dias de férias.

Texto: Catarina Madeira com Joaquim Madrinha (jornalista especialista em finanças pessoais) e Susana Albuquerque (coordenadora de educação financeira)