O cartão de crédito pode ser algo bom

Muitas pessoas começam a utilizar um cartão de crédito pelas facilidades e benefícios que tem associado. Na prática, quando bem utilizado pode ser uma ótima ferramenta de gestão do nosso dinheiro, uma vez que nos dá acesso a um período de crédito sem juros (em alguns casos até 50 dias) bem como inúmeros descontos.

Infelizmente, atrás destas vantagens temos os inconvenientes. Se pararmos para pensar, a sua instituição financeira não tem qualquer incentivo, no imediato, em conceder-lhe crédito sem juros. O objetivo, na prática, é habituar os clientes a esta facilidade e esperar por um deslize.

As vantagens do cartão de crédito são mesmo boas?

Podendo existir vantagens na generalidade dos cartões de crédito o certo é que existem cartões mais interessantes do que outros. Existem cartões para todas as necessidades e estilos de vida. O mais importante passa por fazer uma correta avaliação de custo e benefício e avaliar a sua capacidade de controlo financeiro. Muitas das pessoas que consultam a Reorganiza fazem-no após a utilização imprudente do cartão de crédito. E tudo começou com pequenas despesas…

Devo escolher um cartão com anuidade?

A anuidade do cartão de crédito é um custo que temos de ter em consideração na nossa análise. Aliás, para além da anuidade devemos olhar para a taxa de juro praticada. Por norma, cartões com anuidade têm taxas de juro mais baixas, ao passo que os cartões isentos de anuidade costumam estar associados às taxas máximas do mercado. Em qualquer dos casos, sugerimos que procure um cartão sem anuidade pois defendemos que os cartões de crédito só devem ser utilizados durante o período isento de juros. Se utilizou o cartão e não consegue pagar o valor dentro deste prazo, sugerimos que veja estratégias para pagar esta dívida o mais rapidamente possível.

Um truque que pode ser útil

As taxas máximas dos cartões de crédito são definidas pelo Banco de Portugal. Se está atento às notícias, sabe que as taxas de juro têm caído nos últimos meses. Assim, as taxas máximas têm vindo a ser reduzidas, em alguns casos em mais de 10 pontos percentuais. No entanto, as taxas máximas são aplicadas aos novos contratos. Ou seja, se tem um cartão de crédito que adquiriu há 4 anos atrás, poderá estar com uma taxa de juro na ordem dos 30%, ao passo que se o cancelasse hoje e subscrevesse um novo cartão, estaria a pagar menos de 20% ao ano.

Tem um cartão de crédito associado ao crédito habitação?

Pode ter acontecido que foi “forçado” a adquirir um cartão de crédito para baixar o spread do seu crédito habitação. Neste caso, deverá avaliar se a penalização que terá por retirar este produto do contrato é inferior à poupança que obtém. Por exemplo, se a anuidade for de €60 e se a penalização por cancelamento do cartão for de apenas €40 por ano…. Pode compensar cancelar o cartão. Em alternativa, poderá solicitar ao seu banco que substitua esse produto por outro.

Como eliminar a dívida do cartão de crédito?

Os cartões de créditos são uma das faces mais visíveis de situações de excesso de endividamento. Infelizmente, muitas vezes o pagamento de valores mínimos é insuficiente para liquidar o valor dos juros e das comissões. Assim, está a aumentar na prática o valor em dívida. Para resolver o problema pela raiz sugerimos duas estratégias:

  • Transformar o cartão de crédito num crédito pessoal. Bastará entrar em contacto com o seu banco e apresentar essa proposta. Em alternativa, poderá saber como renegociar este cartão de modo a poupar nos juros e garantir que elimina a sua dívida.
  • Consolidar os seus créditos todos num único, o que garante que consegue baixar a taxa média dos créditos e ter uma maior facilidade na gestão do dia-a-dia. Apesar das suas potencialidades, deverá ter em conta que esta estratégia deve ser utilizada com cautela para evitar agravar ainda mais o problema.

É possível poupar dinheiro com a utilização do seu cartão de crédito. É possível, também, agravar os seus problemas financeiros. Assim, procure estratégias para eliminar rapidamente estas dívidas e para conseguir levantar a cabeça.

João Morais Barbosa