Numa altura em que a sociedade está cada vez mais competitiva, trabalhar a nossa força mental é urgente. Revelamos nove erros que as pessoas mentalmente fortes não fazem.

Perde-se tempo a pensar naquela relação amorosa do passado que não resultou? Não se sente tão realizada quanto gostaria, mas tem medo de mudar? Há momentos em que sente a sua autoestima em baixo? 

E tem tendência a baixar os braços quando é confrontada com um obstáculo inesperado? Talvez esteja na hora de trabalhar a sua força mental. A forma como encara a vida pode estar a sabotar os seus sucessos. Com a ajuda de uma especialista em psicologia positiva revelamos os erros que as pessoas mentalmente fortes e bem-sucedidas não cometem. As qualidades que, muitas vezes, inveja nos outros também podem fazer parte de si. Basta adquirir as estratégias certas.

Maria do Carmo Oliveira, psicóloga clínica, confirma-nos que «existem várias estratégias cognitivas e comportamentais que contribuem para nos sentirmos mais confiantes e motivadas e que nos tornam mais resilientes». Pelo contrário, existem outras que contribuem para nos sentirmos menos confiantes, angustiadas, desmotivadas e sem a energia necessária para nos dedicarmos aos nossos objetivos e que, segundo a especialista, «se repercutem de forma imediata no nosso bem-estar e, a médio prazo, nos nossos resultados».

1. Perder tempo a sentir pena de si mesma

A autocomiseração está normalmente relacionada a um padrão mental de vitimização. Nestas situações, a pessoa sente-se vítima dos outros, das circunstância da vida, etc. O facto de uma pessoa colocar o foco de controlo da sua vida em fatores externos (nos outros ou nas circunstâncias) fá-la sentir-se impotente, pois acredita que não dependem de si. Um dos fatores que contribui para o nosso bem-estar é termos a noção que podemos influenciar o nosso futuro. Se, pelo contrário, acreditamos que somos vítimas do mundo, sentimo-nos menos esperançados e tornamo-nos passivos.

Face a uma adversidade, em vez de perder tempo a queixar-se, pense nas lições que pode aprender. Pense se existe algo que possa fazer de diferente e que possa influenciar a situação. Muitas vezes, temos um controlo muito maior do que aquele que pensamos. Ao agirmos de maneira diferente, tudo o que nos rodeia terá de se adaptar a esse novo comportamento, assim, ao mudarmos, tudo muda à nossa volta.

2. Permitir que os outros a façam sentir inferior

O sentimento de inferioridade surge sempre associado a uma baixa autoestima. As pessoas com baixa autoestima são identificadas através da sua postura, do seu diálogo e de micro-sinais que todos nós emitimos. São as vítimas perfeitas, principalmente para pessoas tendencialmente agressivas, que, muitas vezes, as menosprezam e desrespeitam. Este sentimento de inferioridade faz com que não acreditem nas suas capacidades, no seu valor, e como tal, não expõem as suas opiniões, deixam-se influenciar pelos outros, o que contribui ainda mais para se sentirem desvalorizadas e pouco confiantes.

Valorize-se. Recorde as suas qualidades e conquistas e, se alguém a desvalorizar, diga para si mesma, ainda que interiormente, «Discordo do que está a dizer». Controle as suas ações e emoções. Apresente as suas ideias de forma clara e audível e, se o outro não concordar, não entre em discussões. Diga apenas firme e tranquilamente, com um sorriso «Esta é a minha opinião». E, ainda para mais, lembre-se sempre de que para nos valorizarem temos de aprender a valorizar-nos.

3. Gastar energia a pensar no que não pode controlar

Focar a atenção em situações que estão fora do nosso controlo reforça o sentimento de impotência e acentua o sentimento de vitimização. Há que aceitar que nem tudo depende de nós. Não podemos controlar o estado do tempo ou o aumento dos juros bancários, mas podemos preparar-nos para fazer face a esses fatores. Podemos focar-nos naquilo que efectivamente depende de nós, de modo a sentirmo-nos preparadas para enfrentar essas situações.

Para contrariar isso, foque-se no que deve fazer de forma a preparar-se para enfrentar essas situações com sucesso. Analise as ferramentas que estão ao seu alcance, seja um determinado conhecimento, uma possibilidade de poupança ou a de ganhar dinheiro extra. Ao utilizar a sua energia refletindo sobre aquilo que efetivamente pode fazer, vai sentir-se mais confiante.

4. Preocupar-se em agradar aos outros

A constante procura em agradar aos outros gera cansaço, pois exige uma atenção constante e, muitas vezes, leva-a a esquecer-se dos seus valores, porque tende a ir ao encontro dos valores dos outros. O facto de ignorar as suas próprias necessidades gera mal-estar e uma sensação de desvalorização, para além de a fazer sentir que dá sempre mais do que aquilo que recebe. Tudo isto vai colocá-la numa poisção de injustiça e desvalorização.

Aja de acordo com os seus valores, seja justa e diga, de forma educada, o que for necessário dizer. Poderá em algum momento causar desconforto na outra pessoa, mas, ao ser justa e coerente, terá o respeito dessa pessoa, e, simultaneamente, sentir-se-á mais segura.

5. Debruçar-se sobre o passado

As experiências do passado e as aprendizagens que elas nos proporcionaram podem ser um guia para o futuro, orientando as nossas decisões e evitando que cometamos os mesmos erros. Contudo, focarmo-nos no passado numa atitude saudosista, lamentando-nos daquilo que perdemos ou revivendo as adversidades, só contribui para que aflorem as emoções negativas, como a angústia e a incerteza.

O passado só deve ser relembrado na medida em que nos dê força para avançar rumo ao futuro. Recorde os momentos em que foi bem sucedida e as estratégias que usou.

6. Cometer os mesmos erros

Muitas vezes temos padrões mentais que nos levam a cometer os mesmos erros. É fundamental analisar quais os mais recorrentes e quais os padrões mentais que estão na sua origem, nomeadamente o que pensa sobre aquela situação, o que diz quando fala dela… Alguns exemplos de padrões mentais de pessoas que têm relacionamentos tóxicos são «Nunca tenho sorte nas relações», «Cada pessoa que conheço é pior do que a anterior», por exemplo, entre outros.

Aquilo que pensa e diz, repetidamente, tende a confirmar-se. Descubra os padrões mentais e comportamentais que estão na origem de um erro, porque este é o primeiro passo para que este não volte a ocorrer.

7. Invejar o sucesso dos outros

Quando colocamos o foco nos outros e nas suas conquistas, invejando-as, desviamos a atenção dos nossos objetivos. Simultaneamente, a inveja gera emoções negativas, como a raiva, a sensação de injustiça e até a culpa que nos impedem de avançar na direção dos nossos objetivos. O sucesso dos outros não é impeditivo do nosso, pode até ser uma fonte de aprendizagem.

Dê os parabéns aos outros pelo seu sucesso, ouça-os a contarem as suas experiências e aproveite para conhecer as suas estratégias mentais e comportamentais. O seu sucesso pode ser para si uma fonte de aprendizagem e que também pode colocá-la mais perto do sucesso.

8. Não resistir aos fracassos

Um fracasso deverá ser sempre analisado e encarado como algo que faz parte de um processo de evolução e não como um atestado de incompetência pessoal. Quando erra, em vez de se sentir envergonhada, diga para si mesma «Errei? Tudo bem, é sinal que estou a experimentar coisas novas e a evoluir». Pense no erro como uma fonte de aprendizagem, algo que agora, já sabe que não resulta.

Em vez de ficar ancorada ao erro, analise o que o provocou e foque-se na procura de estratégias para que não venha a cometer erros semelhantes no futuro. Pense, por isso, no facto de ter errado como um sinal de coragem, afinal só erra quem ousou sair da sua zona de conforto.

9. Alimentar uma visão negativa do futuro

Envolver-se em pensamentos negativos sobre o futuro, antecipando os piores cenários, leva à desesperança. Estes pensamentos geram um sentimento de impotência que dificulta a procura de soluções, levando-nos ao desânimo e à passividade. É mais fácil lidar com a adversidade se mantivermos uma atitude esperançada.

Ao esperarmos resultados positivos, agiremos de forma mais confiante e esforçar-nos-emos mais por alcançar os resultados pretendidos, o que aumentará a probabilidade de termos sucesso. Dedique algum do seu tempo presente a investir na criação do futuro que pretende, em vez de ficar a antecipar cenários catastróficos sobre o futuro.

3 passos essenciais para o sucesso:

1. Enfrente o medo

Qualquer mudança implica sempre que saiamos da nossa zona de conforto, o que gera incerteza e medo. Aceite a incerteza como um desafio para evoluir, pois só quando saímos da nossa zona de conforto evoluímos. Sempre que enfrentamos o medo, ele afasta-se de nós e torna-nos mais confiantes.

2. Valorize a mudança

Lembre-se dos momentos da sua vida em que a mudança foi positiva para si e sempre que considere importante mudar algo na sua vida, analise os prós e os contras dessa mudança. Se decidir que a mudança é o melhor caminho, prepare-se e enfrente-a com determinação e confiança.

3. Assuma os riscos

Comece por avaliar os prós e os contras e planeie o que poderá fazer para enfrentar a mudança. Pense qual será a pior consequência, qual a melhor e qual a mais provável. Prepare-se para evitar as piores consequências, para aumentar a probabilidade de o melhor acontecer e enfrentar as consequências mais prováveis.

Texto: Sofia Cardoso com Marta do Carmo Oliveira (psicóloga e especialista em psicologia positiva)