A ansiedade e o nervosismo andam a dar cabo de si? Anda a ser alvo de pressão e não sabe como lidar com a situação? Acabaram as férias e as sempre revigorantes pausas e voltou ao trabalho e às rotinas de sempre? Sente-se cansado e ainda agora regressou? Independentemente do seu estado e/ou do seu grau de insatisfação, por que não fazer uma revisão das várias áreas da sua vida e dar-lhes um novo fôlego? Pode ser mais fácil do que aquilo que, à partida, julga!

Propomos que melhore a sua carreira profissional, procure um hobby que a realize, encontre, finalmente, uma modalidade que não a vai fazer desistir, revitalize a sua relação, revolucione a sua dieta e descubra os alimentos que o fazem, mesmo, sentir-se em forma, renove a sua imagem, dedique mais tempo aos seus amigos... Em suma, que conquiste a vida que sempre que quis. Para a alcançar siga as estratégias dos especialistas.

As melhores alturas para abraçar uma nova vida

Todas as alturas são boas para empreender este plano, apesar de haver cada vez mais gente a estabelecer este tipo de objetivos no início de cada ano. Foi no Japão que a escritora francesa Dominique Loreau encontrou a vida que sempre quis. "Compreendi que a procura da simplicidade era a maneira mais justa de viver simultaneamente com conforto e segundo a minha consciência", refere.

"Aceitar a vida tal como se apresenta, sem procurar explicar tudo, analisar, dissecar. Em poucas palavras viver zen", refere mesmo a autora em "A arte da simplicidade", publicado em Portugal pela Editorial Bizâncio, um livro que reúne inúmeros conselhos que permitem alcançar este ideal de vida. No entanto, não precisa de abandonar o país para ter a vida com que sempre sonhou, apesar de haver cada mais gente a fazê-lo.

"Independentemente do ponto de partida, a condição social e/ou a educação, por exemplo, todos nós podemos dar a volta por cima e sermos mais felizes", refere Teresa Marta, coach de bem-estar e mestre em relação de ajuda/psicoterapia existencial. Para tal, deve, em primeiro lugar, "ter um projeto pessoal, definindo metas para as várias áreas da vida", diz.

Para desenhar esse projeto a especialista desafia-o a responder à seguinte questão "Como é que se vê e onde é que quer estar, nas várias vertentes da sua vida, daqui a um ano?", uma pergunta para a qual, muito provavelmente, tendo em conta as incertezas dos tempos que correm, ainda não tem resposta. Pronto para passar à ação? Estas são as 16 estratégias a empreender para atingir objetivos:

1. Definir uma meta

Como refere Adelino Cunha, orador motivacional, em "Nascido para triunfar", publicado pela editora A Esfera dos Livros, uma "meta é um sonho pequeno com uma data" e para a atingir é necessário definir um plano de ação. "Quando eu estabeleço uma meta, eu tenho de estabelecer essa meta no tempo", frisa Terera Marta.

"Depois de perceber o que está mal na minha vida, quais as áreas que eu não consigo gerir ou que me estão a criar limitações para evoluir, nomeadamente no emprego, na vida pessoal ou relacional, posso começar a elencar um plano para definir o que é que eu posso fazer para mudar", refere ainda a especialista.

2. Passar à ação

Qualquer mudança pressupõe sempre ação. Esta é a parte mais difícil. "Muitas pessoas sentem-se mal no trabalho que têm mas não conseguem fazer efectivamente nada para procurar outro porque têm a angústia da mudança. Mesmo não sendo felizes com o que fazem, preferem gerir isso, em vez de dar o salto para o desconhecido", refere a coach de bem-estar portuguesa.

Para contrariar esta tendência, há que evitar pensamentos como "Não consigo", "É difícil" ou ainda "Não tenho sorte", sugere. "Estas ideias, que autoinfligimos a nós mesmos, são altamente mutilantes da nossa vontade. É preciso perceber que somos os principais responsáveis pela nossa vida, através das escolhas que fazemos face aos vários acontecimentos que nos vão surgindo", diz.

3. Recrutar um treinador pessoal

Para ajudar as pessoas a atingir os seus objetivos, pessoais e profissionais, surgiu o coaching. Uma espécie de treinador pessoal (coach) ajuda-nos a tomar consciência das nossas reais capacidades e a definir metas para o futuro. Uma sessão (60 minutos) de coaching pessoal (life coaching) custa a partir de 50 €.

A sessão de coaching empresarial (business ou executive coaching) de 90 minutos custa a partir de 150 €. O número de sessões necessárias é muito variável, mas, em média, realizam-se entre três a 12 sessões por objetivo. SP Coaching, BizPoint, I Have the Power e Escola de Coaching são algumas das empresas de coaching em Portugal.

4. Planear dias inesquecíveis

Existem pessoas que estão a um pequeno passo de atingir a realização plena, no entanto, falta-lhes algo. Se lamenta o facto de nunca ter aproveitado o seu gosto e jeito para as artes plásticas, porque não dedicar-se a esta paixão nos tempos livres? Acrescentar algo de que se gosta ao nosso dia a dia nunca é demais e não há nada que nos torne mais feliz.

Para isso existem os cursos e workshops que decorrem um pouco por todo o país. Escrever Escrever, Centro de Criatividade Pró-Ensino, Valor por Medida, Instituto Espanhol de Línguas e Academia dos Sabores Vaqueiro são algumas das escolas onde pode encontrar o hobby ou a formação complementar que procura para a sua vida.

5. Atingir a felicidade no trabalho

Quando não somos felizes no trabalho, tendemos a contentar-nos com o facto de, pelo menos, a nossa vida pessoal correr bem. No entanto, esta atitude é muito pouco para quem pretende alcançar a vida que sempre quis. O emprego ideal é, segundo refere o professor de psicologia positiva, Tal Ben-Shahar, em "Aprenda a ser feliz", publicado pela editora Lua de Papel, "algo que nos proporciona tanto significado como prazer".

Pergunte a si mesmo coisas como "Sou feliz no trabalho?", "Posso abandonar o emprego e encontrar algo mais interessante?" ou ainda "O que posso fazer para tornar o trabalho que tenho mais agradável?". A derradeira responsabilidade de encontrar o emprego ideal ou criar as condições certas no trabalho que tem está nas suas mãos.

6. Obter uma visão profissional

Em Portugal, ainda estamos muito atrasados nesta área, havendo ainda muito trabalho a fazer na área motivacional. Segundo Amy Wrzesniewski, psicóloga, podemos encarar o trabalho de como um emprego, uma carreira ou como uma vocação. Um emprego é entendido como uma rotina menor e a motivação principal é a recompensa financeira.

A pessoa que segue uma profissão é motivada em primeiro lugar por fatores extrínsecos, como dinheiro e progressão na carreira, pelo poder e por prestígio. Para uma pessoa que sinta o seu trabalho como uma vocação, o trabalho é um fim em si. Gosta do que faz e tem uma sensação de realização pessoal. E você, como encara o seu trabalho?

7. Conseguir o emprego ideal

Segundo Abraham Maslow, psicólogo, "o maior golpe de sorte de qualquer ser humano é ser pago para fazer aquilo que gosta de fazer apaixonadamente [aquilo que é a sua vocação]". No entanto, a maior parte dos testes para obtenção de emprego concentram-se nos nossos pontos fortes e não nas nossas paixões.

O trabalho certo deve, então, corresponder tanto às nossas paixões como às nossas qualidades. Para tal, pergunte a si mesmo "O que é que me traz significado?", "O que é que me dá prazer?" e "Quais são as minhas qualidades?". Observar as respostas e identificar as áreas que se sobrepõem pode ajudá-lo a determinar o tipo de trabalho que a fará feliz.

8. Mudar de ângulo

Tal Ben-Shahar acredita que o modo como olhamos para o nosso trabalho pode ter mais importância do que o trabalho em si. Responda às seguintes questões. "Pode alterar algumas das suas rotinas no trabalho, nomeadamente incorporar tarefas mais agradáveis e reduzir as pouco inspiradoras?" e "Que significado e prazer já existem naquilo que faz?". Com base nas respostas, o autor propõe um exercício.

"Descreva o seu emprego de maneira a levar outras pessoas a encará-lo como desejável, sem o deturpar, mas sublinhando o prazer e o significado que proporciona. O modo como descrevemos o nosso trabalho, para nós próprios e para os outros, pode fazer a diferença na maneira como o sentimos", conclui o especialista.

9. Almejar a felicidade nas relações

Se já encontrou a felicidade no trabalho, saiba que pode torná-la ainda maior, se a partilhar com alguém. Ed Diener e Martin Seligman, dois dos principais especialistas da psicologia positiva, estudaram pessoas muito felizes e compararam-nas com outras menos felizes.

O único fator externo que distinguia os dois grupos era a presença de relações sociais ricas e compensadoras. "Passar momentos significativos com amigos, familiares ou parceiros românticos é essencial para a felicidade. Fortalece a nossa experiência de significado, consola-nos na dor e aprofunda a nossa noção de prazer no mundo", refere Tal Ben-Shahar.

10. Reconhecer o valor dos amigos

Os amigos mimam-nos e permitem-nos ser completamente nós. Uma amizade assim é difícil de encontrar e requer um mínimo de assistência, senão desvanece-se com o tempo. "Tente reservar, semanalmente, algum tempo para conversar com os seus amigos, nem que sejam 20 minutos. Informe-se do que está a acontecer na vida dos seus amigos e fale-lhes da sua", sugere Colinda Linde.

"Tente que se encontrem, pelo menos uma vez por mês", aconselha a psicóloga clínica em "Manual da super-mulher", editado em Portugal pela Sinais de Fogo. Se descurou uma amizade em que vale a pena investir aproveite uma ocasião especial (como um aniversário) ou uma boa notícia (com um novo emprego ou a maternidade, por exemplo) para voltar ao contacto.

11. Apostar em relações saudáveis

Quando surge uma relação amorosa, o parceiro recebe a maior parte da nossa atenção durante algum tempo. Com o tempo, a concentração nele tende a diminuir e instala-se a rotina. "A relação amorosa representa um elo de ligação a longo prazo e requer uma atenção permanente a fim de se manter saudável e funcional", refere Colinda Linde.

"Afinal, num futuro distante, quando já não for preciso executar malabarismos com a carreira e os filhos, o parceiro ainda ali estará muito provavelmente", diz ainda. Desta forma, a autora aconselha as mulheres que são mães a dedicarem, pelo menos, 10% do seu tempo à manutenção da relação com o parceiro. "10% traduz-se numa noite ou numa tarde por semana ou em cerca de duas horas por semana", assegura a especialista.

12. Ter uma saúde de ferro

Quando se trata de alcançar a vida que sempre quis, ter saúde é fundamental. "Uma boa higiene de sono, uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercício físico" são, segundo Sandra Espadana, médica especialista em clínica geral e familiar, os três pilares de uma vida saudável.

Em caso de sintomas como fadiga, falta de memória ou insónia, os quais tendemos a atribuir ao stresse, não fique à espera que passe e consulte o seu médico de imediato. "Podem haver outros problemas associados, como uma anemia, que, depois de diagnosticados, são de fácil tratamento", adverte ainda a especialista.

13. Dizer não ao sedentarismo

O exercício físico é essencial para a saúde física e mental. "Se não tem tempo para ir ao ginásio procure andar a pé. Meia hora por dia é suficiente e consegue-se facilmente, por exemplo, deixando o carro mais longe e dando um passeio à hora de almoço", refere Sandra Espadana.

Setembro é uma das épocas que leva mais gente aos ginásios, talvez pelos excessos cometidos nas férias. Mas seja qual for a razão que a leva à inscrição, a verdade é que, muitas vezes, após o entusiasmo inicial surge o desinteresse e a desistência logo a seguir. Para inverter este quadro é fundamental escolher a modalidade certa.

14. Começar bem o dia

No plano alimentar, a melhor forma de regularizar o apetite e evitar os excessos alimentares é, segundo Alva Seixas Martins, nutricionista, apostar num bom pequeno- almoço. "É a refeição mais importante do dia e deve incluir o mesmo tipo de alimentos que normalmente consumimos ao almoço, como fruta ou legumes e um fornecedor de proteína, como o queijo, o fiambre e os ovos, por exemplo", diz.

Essa refeição deve incluir, ainda, "um fornecedor de outro de cálcio [leite e iogurte são fundamentais] e um farináceo, como o pão ou os cereais", sublinha. Quem não consegue comer logo de manhã pode fazer uma refeição mais leve antes de sair de casa e tomar o pequeno-almoço a meio da manhã. "Neste caso, aguarde três horas e meia antes de ir almoçar", recomenda Alva Seixas Martins.

15. Fazer opções saudáveis

Nos dias em que almoça fora de casa, "uma boa opção consiste em levar para o emprego o que preparou na refeição do dia anterior e aproveitar o restante tempo para andar um pouco a pé", recomenda a nutricionista. Uma vez que o período da tarde é maior do que o da manhã e, para não correr o risco de chegar ao final do dia com muita fome, Alva Seixas Martins sugere um lanche saciante.

"Junte sempre algum alimento que contenha proteína na sua composição para limitar a fome", recomenda. "Por exemplo, meia sandes com uma peça de fruta ou um galão ou, como alternativa, uma peça de fruta, duas ou três bolachas e frutos secos", aconselha a especialista.

16. Ambicionar um final feliz

O jantar é, segundo Alva Seixas Martins, "a refeição da descompressão" e, por isso, é frequente termos mais dificuldade em controlar a quantidade de alimentos que ingerimos. Esta refeição deve, porém, ser mais leve do que o almoço. "Metade do prato deve ser constituído por legumes, crus ou cozinhados, cozidos, grelhados, assados ou salteados", aconselha.

"Estes são a nossa melhor defesa em termos de saúde, porque têm muito poucas calorias e, além de nutrientes, de vitaminas e de minerais, contêm substâncias fitoquímicas com efeitos protectores", assegura ainda a especialista em nutrição, adepta de uma alimentação saudável.

Texto: Vanda Oliveira com Alva Seixas Martins (nutricionista), Duarte Galvão (personal trainer), Sandra Espadana (médica especialista em clínica geral e familiar) e Teresa Marta (mestre em relação de ajuda e em psicoterapia existencial)