O cancro do colo do útero é a consequência mais grave da infeção pelo HPV. É já considerado um dos cancros mais frequentes na população feminina e o HPV é a sua principal causa, visto que o vírus está presente em 99,7% dos casos clínicos.

Os serotipos de alto risco, com maior probabilidade de provocar lesões persistentes e pré-cancerosas são os tipos: 16 e 18 que são os mais prevalentes e os mais agressivos são os 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68.

Já os HPV de tipo 6 e 11, encontrados na maioria dos condilomas genitais e papilomas laríngeos, parecem não oferecer nenhum risco de progressão para malignidade, apesar de poderem igualmente ser encontrados numa pequena proporção em tumores malignos.

A evolução para cancro do colo do útero é lenta e assintomática pelo que o rastreio e a prevenção são cruciais.

O Plano Nacional de Vacinação surge como medida de prevenção da vulnerabilidade do ser humano a estes microrganismos, reduzindo o seu impacto na saúde.

A vacina para o HPV foi integrada no Programa Nacional de Vacinação em outubro de 2008 para jovens com 13 anos de idade num esquema vacinal de duas doses com intervalo de seis meses. É uma vacina que contem proteínas do vírus do Papiloma Humano dos tipos 6, 11, 16 e 18. É administrada por injeção intramuscular e é muito eficaz na indução de imunidade contra os genótipos nela contidos. A eficácia clínica é cerca de 99% um mês após a administração de duas doses com 6 meses de intervalo.

O novo Plano Nacional de Vacinação com início a janeiro de 2017, recentemente apresentado, apresenta uma nova e mais abrangente vacina contra o vírus do Papiloma Humano (HPV) e antecipa a idade de administração.

A vacina em vigor é quadrivalente (tipos 6, 11, 16 e 18), imunizando apenas cerca de 75% do cancro do colo do útero e é administrada a raparigas aos 13 anos de idade. A nova vacina contempla mais cinco antigénios, passando a cobrir no total nove genótipos garantindo imunização para 90% dos vírus que estão na origem do cancro do colo do útero e a idade de administração é antecipada para os 10 anos.

Esta atualização prevista é uma mais-valia garantindo uma maior abrangência na prevenção dos tipos de HPV associados ao cancro do colo do útero e uma proteção mais precoce logo aos 10 anos ao invés dos 13, maximizando a imunogenicidade. Simultaneamente, permite a memorização da idade-chave para vacinação, dado que a administração coincide com o reforço da vacina do tétano e difteria, evitando assim outra ida ao posto de vacinação.

Diretrizes da Associação Americana do Cancro

A Associação Americana do Cancro (American Cancer Society) emitiu novas diretrizes no que respeita à vacinação contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV), recomendando os 11 e 12 anos de idade para o início da vacinação de raparigas e rapazes. Esta decisão resulta da aprovação do Centers for Disease Control and Prevention (CDC)'s Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP), a principal organização nos Estados Unidos para a política de vacinação.

As recomendações da Associação Americana do Cancro estão focadas em três pontos essenciais: idade tardia de vacinação, vacinação tanto de crianças do sexo masculino como feminino e a utilização de uma vacina com 9 antigénios para o HPV.

Estas recomendações foram publicadas online dia 19 de julho no jornal - A Cancer Journal for Clinicians. Disponível para consulta em: https://www.wileyhealthlearning.com/acs.aspx

A taxa de eficácia da vacina para o HPV é superior em pré-adolescentes. As novas recomendações reforçam a informação junto dos pacientes com idades entre os 22 e os 26, que não tenham recebido a vacina ou não tenham concluído a série, que a vacina torna-se menos eficaz na prevenção do cancro quando tomada em idades mais avançadas.

Por Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica

Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica
Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica