Cerca de um terço das mulheres com mais de 50 anos têm incontinência urinária, um problema que, além de condicionar outras áreas da sua vida, também afeta a sexualidade sobretudo quando se manifesta durante as relações. «A urina sai durante a relação sexual, o que torna as mulheres infelizes. O homem às vezes nem se apercebe, mas ela teme o cheiro, as circunstâncias, o desconforto», refere o urologista Nuno Monteiro Pereira. As medidas a adotar dependem das causas.

Enfraquecimento muscular

A maternidade é, de acordo com o especialista, uma das possíveis causas do problema. «É rara a mulher que foi mãe e não fica com algum enfraquecimento pélvico, sobretudo se foram vários partos vaginais. Depois, quando os estrogénios deixam de exercer a sua ação benéfica, há uma perda de musculatura e a região pélvica não é exceção», fundamenta Nuno Monteiro Pereira.

O papel do exercício

Existem gestos que podem combater o problema. «O reforço da musculatura pélvica deve começar na pré-menopausa e, na  menopausa, é essencial», refere o urologista. Experimente fazer exercícios de Kegel. Pode também experimentar pilates, uma modalidade que, «não sendo  especifica, acaba por reforçar muito esta musculatura». Um circuito de ginásio também é recomendado. «Os treinadores estão preparados para indicar este tipo de exercícios, basta pedir-lhes», refere.

A cirurgia a que pode recorrer

O recurso a uma intervenção cirúrgica pode ser uma solução. «Há 20 anos implicava cinco a sete dias de internamento, mas, hoje em dia, a cirurgia é muito pouco agressiva, sendo feita por via vaginal. É realizada em regime ambulatório ou, no máximo, com um dia de internamento e sem algaliações,  recorrendo a técnicas de colocação de pequenas bandas», explica ainda o urologista.

Quando o problema se chama cistocele

Acontece quando «a bexiga faz proeminência para dentro da vagina, por baixo da uretra, que não deixa que esta descaia e leva à incontinência urinária, provocando uma hérnia vaginal», explica Nuno Monteiro Pereira. «Além das perdas de urina  durante a relação, pode manifestar-se por dificuldades na penetração. O homem não consegue fazer uma penetração profunda, até porque ela é muitas vezes  dolorosa para a mulher», acrescenta o especialista.

O prolapso genital é facilmente identificado através de exame ginecológico. Em muitos casos, a cirurgia é a intervenção recomendada. «A bexiga é fixada, através da colocação de redes sintéticas, em pontos sólidos  como os ossos da bacia. Dessa forma, deixa de ocupar o canal vaginal», refere o especialista.

Nas últimas décadas, a própria forma de combater o problema também mudou. «Antigamente, era uma cirurgia muito mais traumática, obrigando frequentemente a uma grande incisão abdominal», ressalva o urologista. Atualmente faz-se por via vaginal, com sofrimento e tempo de internamento mínimos», refere Nuno Monteiro Pereira.

Texto: Rita Miguel com Nuno Monteiro Pereira (urologista)