Os marcadores serológicos frequentemente utilizados no diagnóstico da Doença Celíaca são o Anticorpo Anti-Transglutaminase tissular (tTG) IgA/IgG e em situações de valores positivos nos resultados, deve ser sempre confirmado pelo Anticorpo Antiendomísio IgA, pois este é o teste mais específico no diagnóstico desta doença.

Antes da realização dos testes serológicos, o médico assistente deve ter em consideração que o doente não pode iniciar uma dieta isenta de glúten até à confirmação do diagnóstico, quer pelos testes serológicos, quer pela biópsia intestinal e em situações cujos pacientes são crianças, os testes não devem ser realizados antes do glúten ter sido introduzido na alimentação.

O Anticorpo Anti-Transglutaminase tissular (tTG) IgA/IgG é bastante útil no diagnóstico, mas também na monitorização da terapêutica. O antigénio contra o qual o Antiendomísio está dirigido é a Anti-Transglutaminase tissular (tTG). Os anticorpos anti-tTG são bastante sensíveis e específicos para o diagnóstico da Doença Celíaca.

O seu valor pode normalizar entre 6 a 12 meses depois de iniciar a dieta. O anticorpo Antiendomísio IgA liga-se ao endomísio, tecido ao redor da musculatura lisa, produzindo um padrão de coloração característico que é visualizado por imunofluorescência indireta. O teste para o Anticorpo Antiendomísio IgA é sensível e altamente específico para a Doença Celíaca não tratada, isto é em estado ativo.

No diagnóstico da Doença Celíaca pode igualmente ser utilizado o Anticorpo Anti-Gliadina (AGA) IgA/IgG. As gliadinas são as principais proteínas presentes no trigo, que conjuntamente são designadas de glúten. A gliadina purificada é utilizada como antigénio nos testes ELISA para a deteção de anticorpos antigliadina no soro. Os níveis séricos da antigliadina estão frequentemente elevados na Doença Celíaca não tratada. No entanto, os testes Anti-Gliadina não são realizados como prática de rotina, devido à baixa sensibilidade e especificidade.

O risco de Doença Celíaca é cerca de 10-20 vezes superior em doentes com deficit de IgA do que na população normal. Após o diagnóstico da doença é importante que os doentes que realizam uma dieta isenta de glúten sejam acompanhados constantemente através da realização de análises de monitorização.

A eliminação do glúten na alimentação vai permitir a cura da lesão intestinal e que o intestino volte a funcionar normalmente. Se houver ingestão de glúten, mesmo em pequena quantidade, a atrofia das vilosidades intestinais regressa e os sintomas reaparecem.

Por Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica

Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica