Um golpe de calor ocorre quando o sistema de controlo da temperatura do corpo do indivíduo deixa de trabalhar deixando de produzir suor para proporcionar o arrefecimento do corpo.

A temperatura corporal pode, em 10-15 minutos, atingir os 39ºC provocando deficiências cerebrais e até mesmo a morte se o indivíduo não for socorrido de forma rápida.

Os sintomas incluem febre alta, pele vermelha, quente, seca e sem produção de suor, pulso rápido e forte, dor de cabeça, náuseas, tonturas, confusão e perda parcial ou total de consciência.

Como agir?

Chamar de imediato um médico ou ligar para o número de emergência 112, seguindo os seguintes procedimentos até à sua chegada:

  • Mover o indivíduo para um local fresco ou para uma sala com ar condicionado;
  • Refrescar o indivíduo aplicando toalhas húmidas ou pulverizando com água fria o seu corpo;
  • Arejar o indivíduo agitando o ar vigorosamente ou com um ventilador;
  • Elevar-lhe a cabeça;
  • Se não estiver consciente, não dar líquidos.
  • O golpe de calor requer ajuda médica imediata uma vez que o tratamento demorado pode resultar em complicações a nível do cérebro, rins e coração.

Efeitos do calor na saúde

O nosso corpo esforça-se por manter uma temperatura corporal interna constante de 37ºC ao longo do tempo.

Durante os períodos de calor intenso, o corpo produz suor, sendo esta a principal forma que permite o arrefecimento do corpo à medida que o suor produzido se evapora. Quando os níveis de humidade do ar aumentam, o suor não consegue evaporar tão depressa como seria aconselhável. A evaporação do suor para completamente quando a humidade relativa atinge os 90%.

Nestas circunstâncias, a temperatura do corpo aumenta e o consequente aumento da produção do suor pode levar à desidratação excessiva, podendo provocar danos irreversíveis no cérebro ou em outros órgãos, ou até mesmo à morte.

Em situações extremas de exposição ao calor intenso, particularmente durante vários dias consecutivos, podem surgir doenças relacionadas com o calor, como as cãibras por calor, esgotamento devido ao calor e golpes de calor, situações que pela sua gravidade podem obrigar a cuidados médicos de emergência.

Grupos de risco

São mais vulneráveis ao calor:

  • As crianças nos primeiros anos de vida;
  • As pessoas idosas;
  • Os portadores de doenças crónicas (nomeadamente doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, diabetes, alcoolismo);
  • As pessoas obesas;
  • As pessoas acamadas;
  • As pessoas com problemas de saúde mental;
  • As pessoas a tomar alguns medicamentos, como anti-hipertensores, antiarrítmicos, diuréticos, anti-depressivos, neurolépticos, entre outros;
  • Os trabalhadores expostos ao sol e/ou ao calor;
  • As pessoas que vivem em más condições de habitação.

Recomendações da DGS

Para a prevenção dos efeitos do calor intenso, a Direção-geral da Saúde sugere as seguintes medidas:

  • Aumentar a ingestão de água, ou sumos de fruta natural sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede.
  • As pessoas que sofram de doença crónica, ou que estejam a fazer uma dieta com pouco sal, ou com restrição de líquidos, devem aconselhar-se com o seu médico, ou contactar a Linha Saúde 24: 808 24 24 24.
  • Evitar bebidas alcoólicas e bebidas com elevados teores de açúcar.
  • Os recém-nascidos, as crianças, as pessoas idosas e as pessoas doentes, podem não sentir, ou não manifestar sede, pelo que são particularmente vulneráveis - ofereça-lhes água e esteja atento e vigilante.
  • Devem fazer-se refeições leves e mais frequentes. São de evitar as refeições pesadas e muito condimentadas.
  • Permanecer duas a três horas por dia num ambiente fresco, ou com ar condicionado, pode evitar as consequências nefastas do calor, particularmente no caso de crianças, pessoas idosas ou pessoas com doenças crónicas. Se não dispõe de ar condicionado, visite centros comerciais, cinemas, museus ou outros locais de ambiente fresco. Evite as mudanças bruscas de temperatura. Informe-se sobre a existência de locais de "abrigo climatizados" perto de si.
  • No período de maior calor tome um duche de água tépida ou fria. Evite, no entanto, mudanças bruscas de temperatura (um duche gelado, imediatamente depois de se ter apanhado muito calor, pode causar hipotermia, principalmente em pessoas idosas ou em crianças).
  • Evitar a exposição direta ao sol, em especial entre as 11 e as 17 horas. Sempre que se expuser ao sol, ou andar ao ar livre, use um protetor solar com um índice de proteção elevado (igual ou superior a 30) e renove a sua aplicação sempre que estiver exposto ao sol (de 2 em 2 horas) e se estiver molhado ou se transpirou bastante. Quando regressar da praia ou piscina volte a aplicar protetor solar, principalmente nas horas de calor intenso e radiação ultravioleta elevada.
  • Ao andar ao ar livre, usar roupas que evitem a exposição direta da pele ao sol, particularmente nas horas de maior incidência solar. Usar chapéu, de preferência, de abas largas e óculos que ofereçam proteção contra a radiação UVA e UVB.
  • Evitar a permanência em viaturas expostas ao sol, principalmente nos períodos de maior calor, sobretudo em filas de trânsito e parques de estacionamento. Se o carro não tiver ar condicionado, não feche completamente as janelas. Levar água suficiente ou sumos de fruta naturais sem adição de açúcar, para a viagem e, parar para os beber. Sempre que possível viajar de noite.
  • Nunca deixar crianças, doentes ou pessoas idosas dentro de veículos expostos ao sol.
  • Sempre que possível, diminuir os esforços físicos e repousar frequentemente em locais à sombra, frescos e arejados. Evitar atividades que exijam esforço físico.
  • Usar roupa larga, leve e fresca, de preferência de algodão.
  • Usar menos roupa na cama, sobretudo quando se tratar de bebés e de doentes acamados.
  • Evitar que o calor entre dentro das habitações. Correr as persianas, ou portadas e manter o ar circulante dentro de casa. Ao entardecer, quando a temperatura no exterior for inferior àquela que se verifica no interior do edifício, provocar correntes de ar, tendo em atenção os efeitos prejudiciais desta situação.
  • Não hesitar em pedir ajuda a um familiar ou a um vizinho no caso de se sentir mal com o calor.
  • Informar-se periodicamente sobre o estado de saúde das pessoas isoladas, idosas, frágeis ou  com dependência que vivam perto de si e ajudá-as a protegerem-se do calor.
  • As pessoas idosas não devem ir à praia nos dias de grande calor. As crianças com menos de seis meses não devem ser sujeitas a exposição solar e deve evitar-se a exposição direta de crianças com menos de três anos. As radiações solares podem provocar queimaduras da pele, mesmo debaixo de um chapéu-de-sol; a água do mar e a areia da praia também refletem os raios solares e estar dentro de água não evita as queimaduras solares das zonas expostas. As queimaduras solares diminuem a capacidade da pele para arrefecer.