Combate as diarreias das crianças, amacia e acalma a pele e as mucosas inflamadas e é útil em constipações e bronquites. O marmelo era já conhecido dos antigos gregos e crescia como arbusto espontâneo desde a Turquia até ao Norte do Irão e à Transcaucásia. Hipócrates (460-377 a.C.) recomendava-o como remédio adstringente do aparelho digestivo.
Mais tarde, outro grande médico da antiguidade, Dioscórides
(40-90 d.C.) regista uma receita de óleo de marmelo que era aplicado em feridas com prurido, infectadas ou alastrantes. Teve durante muito tempo lugar de destaque na medicina antiga, utilizando-se mesmo como antídoto de venenos.
Actualmente, o marmelo perdeu um pouco a reputação que tinha na antiguidade não tendo, no entanto, deixado de ser utilizado para os mesmos fins que nos tempos de Hipócrates e Dioscórides.
As maçãs de ouro do Jardim de Hespérides, representadas no alto relevo do Templo de Zeus, em Olímpia, em 450 a.C., assemelham-se muito aos marmelos. Durante muito tempo, estes belos e perfumados frutos foram apreciados mais pelo seu aroma do que pelas suas propriedades medicinais ou alimentares e era comum fazer-se oferendas de marmelos aos Deuses.
Para o povo, oferecer um marmelo era uma prova de amor, tanto que no século XV oficializou-se através do decreto de Sólon a utilização do marmelo nos rituais nupciais.
Componentes
O fruto contém taninos, pectinas, sais minerais,
óleo gordo, vitaminas do complexo B e C, as sementes contém cerca de 20% de mucilagem, glicósidos cianogénicos (incluindo amigdalina),
óleos e taninos.
Propriedades
Tem acção emoliente (amacia e acalma a pele e as mucosas inflamadas),
antidiarreica devido às pictinas e mucilagem, devido ao alto teor em taninos. A polpa das sementes é bastante adstringente (contraí os tecidos, os capilares, os oríficios e tende a diminuir as secreções das mucosas.
As plantas adstringentes são quase sempre anti-hemorrágicas e podem provocar obstipação). É útil em inflamações gastrointestinais, síndrome do colón irritável, constipações e bronquites.
O fruto e o seu sumo podem ainda ser utilizados como elixir oral ou gargarejo contra aftas, problemas de gengivas e dores de garganta. Quando cozinhado, o fruto perde grande parte da sua adstringência.
O xarope de marmelo é recomendado como bebida digestiva e ligeiramente adstringente. Externamente, utilizam-se as sementes em inflamações cutâneas, queimaduras e hemorróidas.
O marmelo cozido é um fruto seguro contra as diarreias infantis.
As flores são comestíveis e podem utilizar-se em saladas e na confecção e decoração de diversos pratos.
Veja na página seguinte: Onde e como é cultivada a árvore cujas folhas são muito usadas para... banhos!
Descrição, habitat e cultivo
Existem duas variedades: o marmelo(Cydonia vulgaris Pers.) e a gamboa (Cydonia oblonga Miller). Ambas são muito semelhantes, sendo mais comum consumir-se a gamboa crua, enquanto o marmelo consome-se cozinhado ou em geleias e marmeladas.
No Brasil são conhecidos por pomo-duro, pomo-de-vénus. Em Inglês, dá-se-lhes o nome de quince. Em Francês, coing e, em espanhol, membrillo.
É uma árvore de folha caduca, da família das rosáceas que chega a atingir 8 metros de altura, tem folhas ovais, cinzento-esverdeadas, flores rosadas ou brancas e frutos periformes amarelos, de aroma doce que estão prontos a colher no fim do Verão.
O marmeleiro é nativo do centro e sudeste asiático, sendo no entanto muito cultivado em toda a região mediterrânica, especialmente em Creta. No nosso país cultiva-se um pouco por toda a parte, aparecendo também como árvore subespontânea
em sebes, valas e matas no Centro e Sul do Continente.
É muito cultivado para o fabrico de marmelada. Prefere solos ricos e húmidos. Utilizam-se principalmente os frutos e as sementes podendo também utilizar-se as flores na culinária e em banhos relaxantes.
Texto: Fernanda Botelho
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