Há pessoas assim. A respiração está acelerada e o olhar está angustiado. Pensam que estão perante o pior e afinal trata-se de uma mera... uma dor de estômago!

O que parece nem sempre é e existem, contudo, manifestações físicas e/ou psicológicas que exigem cuidados. Saiba que sintomas deve (mesmo) levar a sério e aprenda a viver uma vida sem sobressaltos.

Hipocondria

Embora pareça exagerada, a convicção de que se sofre de algo grave quando os testes indicam o oposto é uma patologia que afeta, segundo a American Psychological Association, cinco por cento da população nos Estados Unidos da América. Em Portugal, os números não deverão ser muito diferentes. Pode ser espoletado por um problema de saúde do próprio ou de alguém próximo e tornar-se um ciclo em que quanto mais a pessoa se preocupa com um sintoma pior ele fica.

Hoje em dia, há até cibercondríacos, palavra que os especialistas utilizam para definir quem passa horas na internet em busca de diagnóstico. A verdade é que qualquer uma de nós já sentiu um calafrio ao notar algo diferente no corpo. Inspiradas em preocupações comuns, elaborámos um guia para que as enfrente com calma. Em caso de dúvida, consulte um médico. Ninguém melhor do que ele pode ajudá-la a perceber o que se passa e encontrar a solução adequada.

Dor de cabeça

O pior cenário para um hipocondríaco perante uma dor de cabeça é logo... meningite ou um tumor cerebral! A razão mais provável é que se trate, contudo, de fadiga, stresse ou cansaço visual. As dores de cabeça (cefaleias) são comuns na vida quotidiana. Podem ser motivadas por situações de stresse, fadiga, esforço acrescido da visão ou até por razões musculares, devido à tensão nos músculos do pescoço e nuca.

Caso note alguma alteração na natureza ou intensidade da dor de cabeça, deve consultar um médico que, através da análise da história clínica, poderá detetar a causa do problema. Para que possam ser consideradas um sinal de alarme de patologias como meningite ou tumor cerebral, situações pouco comuns, as dores de cabeça devem ser acompanhadas de outros sintomas de infecção como a náusea, febre ou perda de apetite.

Sede intensa

Sentir muita sede, para os mais hipocondríacos, é logo sinal de que sofrem de diabetes tipo 2. A razão mais provável é, no entanto, um aporte insuficiente de líquidos. Dois terços do corpo são água, elemento vital para a circulação sanguínea e funcionamento de todos os órgãos. Gradualmente, uma parte desaparece por evaporação ou urina. Beber um litro e meio de água por dia ajuda a compensar as perdas.

A prática de exercício físico, a toma de medicamentos ou diuréticos são algumas das situações que aumentam a necessidade de água, logo a sensação de sede. No que toca à diabetes, para além da sede constante e intensa, figuram entre os sintomas, nomeadamente fome constante, urinar de forma mais frequente e abundante, perda de peso, fadiga ou visão turva. A diabetes tipo 2, resultado de uma vida sedentária e dieta desequilibrada, surge sobretudo após os 40 anos, e pode ser detetada através de análise ao sangue.

Dor no peito

Para muitas mulheres, o pior cenário relacionado com esta dor prende-se logo com cancro da mama. A razão mais provável é, todavia, uma tensão mamária (fase menstrual). Muitas mulheres sentem esporadicamente uma dor no peito, derivada, na maioria dos casos, de alterações hormonais que antecedem a menstruação e que desaparece com o fim da mesma. A dor no peito não é por si só considerada um sintoma de cancro.

Para fazer uma prevenção correta desta doença é indicado realizar um autoexame da mama duas semanas após cada menstruação. Este engloba a observação a mama para detetar qualquer anomalia (aspeto e cor da pele) e palpação da zona da mama, mamilo e axila (de preferência durante o banho).

Problemas de memória

Esquecimentos e falhas de memória são logo associados à doença de Alzheimer. A razão mais provável, contudo, é que se trate de cansaço, stresse e/ou falhas nutricionais. As falhas de memória são algo normal e, por vezes, refletem a vida que levamos. Identifique os hábitos a melhorar.

Durma pelo menos sete horas por noite que, como defendem especialistas norte-americanos, pode rejuvenescê-la três anos. Aposte numa dieta variada rica em vegetais, fruta e ácidos gordos essenciais (peixe e frutos secos são uma boa opção) e em atividades para quebrar a rotina e reduzir o stresse.

Se a situação se prolongar, fale com o médico, que poderá indicar-lhe outras medidas, como a toma de suplementos. Quanto à doença de Alzheimer, pode surgir após os 50 anos e a perda de memória é persistente, associada a problemas de linguagem, desorientação, alterações de comportamento, entre outros.

Alguns sintomas que não deve ignorar:

- Dor intensa no peito ou abdómen
- Hemorragias inexplicáveis
- Perda de peso sem motivo aparente
- Febre persistente
- Mudanças no trânsito intestinal
- Alterações súbitas no comportamento ou raciocínio
- Dores de cabeça inusitadas e mais intensas
- Perda temporária de visão, capacidade da fala ou movimentos
- Náusea constante
- Dificuldade em respirar
- Articulações inflamadas, inchadas ou vermelhas

Texto: Manuela Vasconcelos
Fotografia: Artur (com produção de Mónica Maia)