Alergia. Palavra odiosa e odiada. Como sobreviver a este inferno que ataca em certas alturas, sem qualquer espécie de pré-aviso e, na maior parte das vezes, sem que se perceba porquê?

Fomos investigar e ficámos a saber que há testes que ajudam a despistar os agentes causadores das suas alergias. Pelo menos, passa a ter uma vantagem. Fica a conhecê-los para poder futuramente preveni-los e evitá-los!

A alergia resulta de uma reação exagerada a qualquer substância que o sistema imunitário, por excesso de zelo na defesa do seu organismo, reconhece como perigosa, sem que esta, na verdade, o seja. O contacto com um alergénio, provoca situações de mal-estar respiratório ou cutâneo.

Antes de procurar ajuda médica, tente definir claramente em que alturas é atacada pela alergia e quais os sintomas que a incomodam. Faça um registo de elementos que lhe pareçam suspeitos e que possam ter sido o gatilho do inimigo. Pense nos alimentos que ingeriu há poucas horas ou nos lugares por onde passou recentemente. Que plantas ou animais por lá havia?

O top dos alergénios

Os alergénios mais comuns são os que existem no ar e podem ser inalados, como o pólen das árvores ou gramíneas, os ácaros do pó, o pelo dos animais domésticos e os esporos de bolores, mas também os que ingerimos nos alimentos. É o caso do leite de vaca, ovo, peixe, marisco ou amendoins.

Certos fármacos, como as penicilinas, bem como o veneno da picada de insetos (abelhas e vespas) podem também provocar reações alérgicas. Após a realização do historial clínico pelo médico, que inclui o registo de sintomas alérgicos e a periodicidade com que se manifestam, podem ser efetuados diferentes tipos de teste, quer no consultório quer em laboratório, que detetam a sensibilidade da pessoa a vários alergénios.

Testar o inimigo

«Os testes que podem ser feitos no consultório, mais simples e rápidos, são testes cutâneos por picada na pele ou com adesivos com a substância suspeita», esclarece Antero Palma-Carlos, professor catedrático de Medicina Interna e Imunoalergologia. Estes não são dolorosos e são seguros em todas as idades. Detetam reação a alergénios como pólenes, ácaros do pó, esporos de bolores, pelos de animais, alimentos, veneno de insetos e penicilina.

O maior desconforto é o prurido que pode ser sentido localmente. São, no entanto, desaconselhados a quem esteja a fazer tratamento com anti-histamínicos ou tenha doenças de pele. No caso de pessoas muito sensíveis mesmo a ínfimas dosagens do alergénio que está a ser testado deverá ser feito um teste de laboratório.

No laboratório

Como afirma o imunoalergologista, no laboratório poderá ser feita a «pesquisa de anticorpos específicos para a alergia suspeita». Através de uma recolha de sangue, verifica-se se o sistema imunitário irá ou não reagir a determinados alergénios. O teste de laboratório é indicado para as situações em que existe risco de reação alérgica grave se houver contacto com o alergénio. Outra hipótese de teste consiste em «reproduzir a manifestação alérgica». Na prática, provocar o contacto com o alergénio, sob vigilância médica, para analisar o resultado.

Última geração

A cada dia que passa surgem novos métodos para detetar alergias. É o caso dos testes feitos a partir de uma recolha de sangue que prometem detetar intolerâncias alimentares a mais de 100 alimentos diferentes. Uma vez diagnosticada a intolerância, o paciente é acompanhado por profissionais que definem uma dieta que lhe garantirá a melhoria da qualidade de vida.

Antes do exame, informe-se das condições em que este é realizado pois, como alerta
Antero Palma-Carlos, «os testes pretensamente científicos de intolerância a múltiplas substâncias propostos por não especialistas não têm qualquer valor diagnóstico».

Vida anti-alérgica

Proteja-se dos inimigos invisíveis:

- Leia os rótulos das embalagens e evite substâncias a que é sensível.

- Se tem alergia a algum alimento, evite-o.

- Se nota uma reação estranha a um fármaco, pare a toma e alerte o médico.

- Previna picadas de insetos. Não caminhe descalça na relva e evite usar perfumes intensos ou roupas coloridas.

- Fique em casa em dias ventosos e feche as janelas aos pólenes.

- Reduza a humidade do ar através de um aparelho desumidificador.

- Evite o fumo do tabaco.

- Retire os tapetes e cortinados do quarto e aspire semanalmente o colchão.

Texto: Paula Alberty com Antero Palma-Carlos (imunoalergologista)