O envelhecimento é um processo complexo, irreversível, progressivo e natural, que se caracteriza por alterações diversas que se verificam, sobretudo, no estado nutricional, estado físico e cognitivo entre outras. Deste modo, complicações como desnutrição, quedas e feridas são frequentes e podem ser adotadas estratégias para as prevenir.

Nutrição

A alimentação e a nutrição têm um enorme impacto na saúde e bem-estar, sendo condicionantes da qualidade de vida da pessoa idosa. A insuficiente ingestão de alimentos pode ter origem em diferentes fatores, tais como:

  • Problemas de mastigação: alterações nas gengivas e dentes e utilização de próteses dentárias não ajustadas
  • Problemas de deglutição: produção insuficiente de saliva e consequente secura da boca, candidíase oral
  • Perda ou diminuição de capacidades sensoriais: alterações fisiológicas ou iatrogénicas no paladar, na visão ou no olfato
  • Doenças associadas: infeções crónicas e recorrentes, doenças oncológicas, hipertiroidismo, hiperparatiroidismo, doença celíaca, depressão, demência entre outras
  • Desidratação: diminuição da perceção da sede e consequente ingestão hídrica insuficiente ou por aumento das perdas de líquidos
  • Alterações gastrointestinais: obstipação (devido à diminuição da motilidade intestinal, inadequada ingestão de líquidos e fibras), diarreia e flatulência
  • Tabaco e ingestão de bebidas alcoólicas: diminuição do apetite
  • Medicamentos: polimedicação, interferência com vários mecanismos relacionados com a absorção, metabolismo e excreção de diversos nutrientes

Neste âmbito, podem ser utilizadas algumas estratégias-chave que possibilitem uma adequada ingestão alimentar e nutricional, tais como:

Adaptar a consistência dos alimentos quando existirem dificuldades de mastigação e deglutição; as refeições devem ser frequentes, pouco volumosas e facilmente digeríveis; preparar as refeições com diferentes cores, sabores, formas de apresentação, aromas e texturas; realizar as refeições acompanhado, sempre que possível, num ambiente calmo e agradável, longe de odores intensos e sem pressas; evitar o consumo de alimentos enlatados e pré́-confecionados; utilizar ervas aromáticas, condimentos e sumo de limão para temperar os alimentos (evitando o excesso de sal), de forma a potenciar o sabor, minimizado assim as consequências da diminuição do paladar; beber água regularmente, mesmo que não sinta sede; motivar a realização de caminhadas, sobretudo antes das refeições, para ajudar a estimular o apetite e estar atento às possíveis alterações do mesmo; medir e registar o peso semanalmente.

Quedas

As quedas são a principal causa de acidente na pessoa idosa, ocorrendo maioritariamente em casa e são responsáveis por 70% das mortes acidentais. O aumento da ocorrência de quedas no idoso pode dever-se a vários fatores, intrínsecos e extrínsecos, tais como:

  • Alterações a nível muscular: redução da força muscular e diminuição da flexibilidade com perda de amplitude dos movimentos
  • Alterações a nível articular: presença de artroses e diminuição da amplitude de movimento das articulações afetadas.
  • Alterações sensoriais: défice visual e auditivo
  • Alterações urinárias: necessidade de urinar várias vezes durante a noite
  • Alterações cardiovasculares: hipotensão ortostática, bradiarritmia e taquiarritmia
  • Alterações cognitivas: défice cognitivo
  • Iatrogenia: Sedativos, hipnóticos e antidepressivos
  • Características do meio ambiente
  • Calçado inapropriado

Neste sentido, podem ser adotadas algumas medidas para reduzir o risco de queda no idoso, tais como:

Verificar se a luz em casa é suficiente e adequada; identificar a necessidade de auxiliares de marcha, como bengalas, andarilhos, canadianas, ou da realização de alterações em casa, como correção de sanitários, cama ou banheira, a necessidade de luzes noturnas no quarto e/ou casa de banho; os sapatos não devem ter salto, devem ter o tamanho adequado e sola antiderrapante, devendo evitar-se os chinelos; a roupa deve ser confortável e de tamanho adequado de forma a permitir a adequada execução dos movimentos; a polimedicação (utilização de 4 ou mais medicamentos), ou medicamentos que causem sedação, alteração do equilíbrio, hipoglicemia ou hipotensão poderão favorecer as quedas, pelo que é importante estar informado acerca destes possíveis efeitos; uma mesa-de-cabeceira com dispositivos urinários (urinol, arrastadeira) é uma estratégia que pode evitar as idas noturnas frequentes à casa de banho; promover programas que envolvam exercício físico, centrados na força muscular, equilíbrio e marcha; realizar avaliação visual periódica.

Feridas

A pele é considerada um dos órgãos que mais sofre transformações à medida que a idade avança, pelo que é necessária uma atenção especial. São vários os fatores que levam a um aumento da fragilidade cutânea:

  • Diminuição da espessura epiderme-derme
  • Redução da elasticidade e da secreção de sebo pelas glândulas sebáceas
  • Resposta imunológica comprometida
  • Decréscimo do número de glândulas sudoríparas
  • Diminuição do leito vascular com fragilidade dos vasos sanguíneos

Uma úlcera de pressão é uma lesão localizada da pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma proeminência óssea, em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de torção. Os locais mais frequentemente afetados são calcanhares, sacro, cotovelos, omoplatas e trocânter.

Os fatores que levam o idoso a sofrer de úlcera por pressão podem ser vários, intrínsecos e extrínsecos, tais como:
- Idade
- Imobilidade
- Desnutrição / Desidratação
- Alterações Respiratórias
- Alterações Neurológicas
- Alterações Psicológicas
- Patologias: Insuficiência Cardíaca; Anemia; Diabetes; Incontinência
- Humidade
- Superfície de apoio
- Contenções físicas
- Dispositivos

Neste âmbito, podem ser adotadas algumas medidas para reduzir o risco de feridas no idos, tais como:
Realizar mudanças de posição (na cama ou na cadeira) em intervalos frequentes que permitam redistribuir o peso e a pressão; utilizar emolientes para hidratar a pele seca; utilizar superfícies de apoio adequadas, como almofadas, colchões, entre outras; lavar, enxaguar e secar a pele sem friccionar, atendendo às pregas cutâneas e espaços entre os dedos; observar a pele diariamente prestando especial atenção às proeminências ósseas, zonas expostas à humidade, lesões cutâneas, temperatura e coloração; manter a roupa da cama seca e esticada; controlar a incontinência fecal e urinária; assegurar uma adequada ingestão alimentar e nutricional para prevenir a malnutrição, magreza ou obesidade, com atenção especial para os défices proteicos.