O excesso de gordura na região abdominal não é apenas um problema estético. «Vários estudos mostram que os indivíduos com gordura abdominal excessiva têm três vezes mais colesterol elevado e sete vezes mais diabetes do que os indivíduos com perímetro da cintura normais», revela Manuel Carrageta, cardiologista, no seu livro «Como ter um coração saudável».
Segundo o especialista, «um perímetro abdominal no homem igual ou superior a 102 cm implica um risco cardiovascular muito elevado».
Um abdómen volumoso é um dos traços que caracteriza os homens quando entram na idade madura. Se já experimentou melhorar a sua alimentação, ir ao ginásio e deixar as cervejas mas a gordura abdominal mantém-se, existe uma cirurgia que o ajuda a recuperar um ventre liso.
Os mitos urbanos atribuem a culpa à difamada cerveja, mas esta não é a única culpada pela barriga proeminente de muitos homens. «As principais razões são o sedentarismo, a falta de exercício físico e a alimentação incorrecta», esclarece o cirurgião plástico Francisco Melo.
Assim, onde aos 20 anos havia algo que se assemelhava a uma tabelete de chocolate, há agora uma protuberância flácida. Se já tentou de tudo e a barriga não desaparece, os especialistas propõem eliminá-la definitivamente através da cirurgia.
Abdominoplastia e lipoaspiração
A abdominoplastia e a lipoaspiração são os métodos mais eficazes para eliminar as barrigas masculinas. «A primeira está indicada quando existe um excesso de pele e esta é pouco elástica ou está muito estriada. Quando a pele tem uma boa qualidade a opção será a lipoaspiração», esclarece o cirurgião plástico.
«Como a protusão abdominal no homem é geralmente condicionada, essencialmente, por depósitos de gordura intra-abdominal, não é acessível aos métodos de tratamento habituais; e para obter um bom resultado há também a necessidade de iniciar um regime alimentar para perder peso», acrescenta. Assim, a cirurgia deve ser combinada com a mudança dos hábitos de vida.
Neste artigo, vamos centrar-nos na abdominoplastia, que «consiste na remoção cirúrgica de pele e gordura em excesso localizada, geralmente, na parte inferior do abdómen», como explica Francisco Melo. A intervenção realiza-se sob anestesia geral ou epidural, praticando-se uma incisão por cima da púbis e que se prolonga até às ancas.
«Geralmente, é removido o excesso localizado entre o umbigo e a púbis, sendo depois a pele remanescente (acima do umbigo) esticada para encerrar o defeito criado. No mesmo tempo operatório, procura-se fazer a reconstrução do plano muscular quando necessário», revela o cirurgião plástico.
O resultado não poderia ser melhor: «à remoção do “avental” (dermolipoptose abdominal) e diminuição do volume e da protusão abdominal, junta-se a melhoria da ergonomia, da qualidade de vida, um maior estímulo para a perda de peso e para a prática do exercício físico, reduzindo assim o risco cardiovascular», realça.
Na consulta inicial
O cirurgião plástico avalia o
motivo que o leva à consulta e quais as indicações terapêuticas. O seu
estado de saúde, doenças associadas e intervenções anteriores.
É importante mencionar se é fumador, se toma qualquer tipo de
medicação, inclusive, suplementos vitamínicos. O cirurgião dar-lhe-á
recomendações específicas em relação a medicamentos como aspirina,
anti-inflamatórios ou anticoagulantes.
Para se submeter a este tipo de
cirurgia, deverá programá-la com antecedência para dispor de tempo
necessário para recuperar.
A operação passo a passo
1. Começa-se pela anestesia e, depois, realiza-se uma incisão de uma anca à outra, mesmo em cima da púbis.
2. Efectua-se uma segunda incisão em redor do umbigo, para poder separá-lo dos tecidos em redor.
3. Descola-se a pele e a gordura da parede abdominal até alcançar as costelas, expondo os músculos abdominais.
4. Estes músculos são esticados e unidos na linha média, proporcionando assim uma parede abdominal firme.
5. A pele separada estica-se em direcção à púbis, e a que sobra é removida.
6. O umbigo é colocado na sua nova posição.
7. Realizam-se as suturas, faz-se o penso e veste-se uma cinta compressiva. Geralmente, é necessário inserir drenos aspirativos para evitar a formação de um hematoma.
Depois da cirurgia
Dependendo da extensão da cirurgia, poderá ir para casa dois ou três dias depois. O cirurgião dar-lhe-á as instruções pós-operatórias em relação à medicação, pensos, uso da cinta e retorno à actividade.
De início, terá alguma dificuldade em levantar-se e, particularmente, em andar com as costas direitas. Contudo, esta situação melhora consideravelmente nos primeiros dias, não constituindo impedimento para se levantar da cama, começar a andar e ter uma actividade moderada.
De volta à normalidade
O regresso à vida social e
profissional pode ser feito cerca de cinco dias após a cirurgia, mas com
alguns cuidados. Poderá retomar a prática de exercício físico moderado
e com algumas condicionantes 15 dias a três semanas após a cirurgia e,
sem qualquer restrição, um mês e meio a dois meses depois.
O exercício físico ajuda a recuperar pelo que é aconselhável adoptar um
programa de exercícios para reduzir a inflamação e a hipótese de formação de trombos venosos e tonificar os músculos.
Em relação às cicatrizes, como estas não desaparecem, os
cirurgiões procuram escondê-las nas pregas, de modo a ficarem tapadas
pelos calções de banho.
Quando verei os resultados?
As alterações são visíveis desde o dia da operação, pois ficará com o abdómen mais tenso, sem excesso de pele e de gordura. No entanto, o resultado final só será visível alguns meses depois.
As cicatrizes passam por um período de maturação e podem demorar oito a 12 meses para alcançar o seu aspecto definitivo. Simultaneamente à perda de volume, pode perder algum peso devido à quantidade de gordura e pele eliminadas.
Todos os pacientes referem que depois da operação melhoram a sua auto-estima. A maioria fica satisfeita, especialmente quando tem expectativas realistas.
Riscos possíveis
Não há cirurgias sem riscos. As principais dificuldades, como
infecções e trombos venosos podem ocorrer, mas são raros. A infecção
resolve-se com antibióticos e drenagem mas prolongará a permanência do
doente na clínica/hospital.
Os trombos previnem-se com a movimentação das pernas e
levantando-se assim que for possível, usando meias de compressão
elástica, e através de medicação preventiva.
Os riscos de complicações podem ser reduzidos seguindo
cuidadosamente as instruções recomendadas pelo cirurgião antes e
depois da operação, especialmente aquelas que se referem ao recomeço
da actividade física, aos hábitos alimentares e ao abandono dos hábitos
tabágicos.
Contactos úteis
AlvaMed
Rua Franscico Stromp Lote B3, 31, Lisboa
Telefone: 217 574 465
Internet: www.alvamed.com.pt
Centro Hospitalar de S. Francisco
Quinta do Cabeço, Leiria
Telefone: 244 819 300
Internet: http://chsf.gpsaude.pt
Newbody
Av. da Liberdade, 129, 4º D – Lisboa
Telefone: 213 220 190
Internet: www.newbody.pt
Clínica de Todos-os-Santos
Rua Gonçalves Crespo, 39, Lisboa
Telefone: 213 565 700
Internet: www.todos-os-santos.pt
Artlaser – Clínica de Cirurgia Plástica
R. da Índia nº 40 – Porto (Foz)
Telefone: 226 468 181
Internet: www.clinicartlaser.tk
Slimcenter – Clínica de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética
Urb. Espírito Sto., Lote 2, 5º esq., Coimbra
Telefone: 239 405 350
Internet: www.slimcenter.pt
Uniplástica
Av. dos Descobrimentos, Ed. Las Vegas III, Famalicão
Telefone: 252 377 657
Texto: Rita Caetano com Francisco Melo (cirurgião plástico)
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