São inúmeras as doenças hepáticas. A maioria apresenta sintomas iniciais ligeiros e por vezes o doente procura aconselhamento médico quando a função do órgão já se encontra bastante debilitada.

A origem destas fragilidades pode estar relacionada com vírus, substâncias químicas, agressão do próprio organismo, acumulação de substâncias provenientes do metabolismo e tumores.

As infeções virais que geralmente afetam o fígado são a Hepatite A, B e C e a principal substância química é geralmente o álcool.

No fígado ocorrem mais de 500 reações químicas diferentes, nas quais surgem enzinas hepáticas específicas. No diagnóstico das doenças do fígado, os médicos recorrem aos testes de função hepática, ou seja, diversas avaliações laboratoriais bioquímicas, responsáveis pela medição das enzimas hepáticas e realizadas para fornecer informação sobre o estado do fígado do paciente.

Os testes hepáticos são realizados através de uma amostra de sangue do paciente. Um painel hepático típico de testes inclui:

  1. Gamaglutamiltransferase (GGT)
  2. Alanina aminotransferase (ALAT) ou Transaminase Glutâmica-pirúvica (GPT)
  3. Aspartato aminotransferase (AST) ou Transaminase Glutâmica-oxaloacética (GOT)
  4. Fosfatase alcalina (ALP)
  5. Bilirrubina
  6. Proteína, albumina
  7. Tempo de Protrombina

O que é o teste da Gamaglutamiltransferase (GGT)?

A Gamaglutamiltransferase (GGT) tem como principal função acelerar as reações químicas no interior das células. Estas reações asseguram a assimilação dos aminoácidos, isto é blocos de moléculas que compõem as proteínas, que por sua vez são constituintes do organismo. A determinação da GGT tem como principal objetivo testar o funcionamento do fígado, sendo um importante indicador de lesões neste órgão.

O Teste à Gamaglutamiltransferase (GGT) realiza-se a partir de uma amostra de sangue do paciente e a sua presença no sangue é medida recorrendo a um teste enzimático. Quanto maior for a atividade tanto mais a enzima está presente no organismo. Um aumento da presença da enzina é normalmente causado pelo fígado.

A utilização de medicamentos, bem como a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas pode danificar as células do fígado, tendo como consequência o aumento da GGT no sangue. Devido a este processo, a determinação da GGT pode ser usada para detetar problemas de abuso de álcool. O aumento dos valores de GGT pode também ser uma consequência de pedra na vesícula.

O que é o teste da Alanina Aminotransferase (ALAT) ou Transaminase Glutâmica-pirúvica (GPT)?

A Alanina Aminotransferase (ALAT) também designada de Transaminase Glutâmica-pirúvica (GPT) é uma enzina presente nas células do fígado.

A função da ALAT é a de acelerar as reações químicas no interior das células hepáticas, onde os aminoácidos são degradados durante estas reações. A determinação dos valores de ALAT é essencialmente mais uma análise ao funcionamento do fígado.

O Teste à Alanina Aminotransferase (ALAT) realiza-se a partir de uma amostra de sangue do paciente e a sua quantidade no sangue é medida através de um teste enzimático, através do qual é calculada a atividade enzimática. A enzima ALAT é um indicador que permite identificar lesões no fígado. Se a enzima estiver presente no sangue em maior quantidade, isso indica que o fígado apresenta lesões.

Devem ser realizados outros testes para determinar a causa dessas lesões, que podem ter como origem uma infeção viral ou ingestão excessiva de bebidas alcoólicas. Este teste é ainda frequentemente utilizado para determinar se um dado medicamente provoca stress excessivo sobre o fígado.

O que é o teste Aspartato Aminotransferase (ASAT)?

O Aspartato Aminotransferase (ASAT) é uma enzima encontrada principalmente no fígado, coração e músculos e é libertada para a circulação sanguínea após lesão ou morte das células. Esta situação torna-se mais evidente quando a lesão ocorre em células hepáticas.

A função da ASAT é a de acelerar as reações químicas no interior das células, onde os aminoácidos são degradados. A medição dos valores de ASAT é um teste ao funcionamento do fígado, músculos e rins. Se algum destes órgãos apresentar lesões, a ASAT atinge valores elevados no sangue. A quantidade de ASAT no sangue é medida através de um teste enzimático. Quanto maior for a atividade, maior é a presença da enzima no organismo. Se a enzima estiver presente no sangue em maior quantidade, indica que o fígado, os músculos ou os rins apresentam lesões. Devem ser realizados testes complementares para determinar qual o órgão afetado, bem como a causa das lesões.

Níveis muito elevados devem-se geralmente às hepatites agudas, na maioria dos casos causadas por vírus. Nestas situações, os valores permanecem elevados durante semanas e podem levar meses até serem estabilizados e considerados normais. Como outras causas de aumento dos níveis de ASAT podem ser apontadas a exposição a substâncias tóxicas para o fígado e diminuição do fluxo sanguíneo hepático (isquemia hepática).

Aumentos moderados verificam-se geralmente em hepatites crónicas e outras doenças hepáticas, incluindo obstrução biliar, cirrose hepática, tumores do fígado e no infarto do miocárdio.

A Alanina Aminotransferase é usualmente medida em conjunto com o Aspartato Aminotransferase. A elevação nos níveis das duas enzimas pode ser comparada ou pode-se calcular a relação entre ambas (relação ASAT/ALAT). Na maioria das doenças hepáticas, predomina a elevação da ALAT, ou seja relação ASAT/ALAT baixa. Relações altas são observadas em patologias como a hepatite alcoólica, cirrose hepática e no infarto do miocárdio.

Por Germano de Sousa, Médico

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