Centenas de pessoas sofrem de ansiedade e ataques de pânico, mas preferem conviver com o problema a pedir a ajuda de um especialista em saúde mental. Em Portugal, essa é, pelo menos, a realidade mais comum. «Em plena era das novas tecnologias, ainda existe a ideia de que o psiquiatra tem o poder de ler os pensamentos. Depois do estado de tensão da primeira consulta, o paciente acaba por estar à vontade», esclarece Fernando Medeiros Paiva, psiquiatra.
Geralmente, «a entrevista é sempre o primeiro passo para recolher elementos, estabelecer o diagnóstico e depois avançar para uma terapêutica». O médico sublinha que «na relação médico-doente não há lugar para juízos de valor. Tem sim de existir empatia e um apoio caloroso perante aquilo que o doente está a transmitir», contudo lamenta «o estigma social e os discursos depreciativos de que são vítimas os pacientes».
Apesar dos mitos que envolvem a psiquiatria, exceto em doenças para toda a vida como a esquizofrenia, Fernando Medeiros Paiva lembra que «uma depressão pode ser curada em apenas quatro a seis meses, dependendo do historial clínico». Em 2009, de acordo com um artigo que o médico psiquiatra escreveu para o jornal Público, que tem por base os resultados do primeiro estudo epidemiológico nacional de saúde mental realizado em Portugal, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica.
A quem se destina esta consulta
Este tipo de consultas destina-se a pessoas com problemas psíquicos ou de saúde mental. «Quando vão à urgência, aconselho sempre a não dizerem aos médicos que são doentes da psiquiatria porque, em caso de enfarte do miocárdio, o risco de passar por uma crise de ansiedade, é muito elevado», refere Fernando Medeiros Paiva. Portugal é, atualmente, um dos países da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população.
Texto: Fátima Lopes Cardoso com Fernando Medeiros Paiva (psiquiatra)
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