Acabou de tomar uma das mais importantes decisões da sua vida. Ter um filho! No entanto, antes de interromper a contraceção deve consultar o seu ginecologista e fazer alguns exames.

«Uma citologia, análises de rastreio, nomeadamente ao VIH/Sida, à hepatite, à toxoplasmose e, eventualmente, uma ecografia», enumera Alexandre Lourenço, ginecologista e obstetra.

Ser-lhe-à igualmente pedido que inicie a toma diária de um suplemento de ácido fólico «para prevenir malformações fetais que ocorrem nos primeiros dias de gestação». Depois de garantir que o seu corpo está pronto para conceber uma nova vida pode dar início aos treinos. Muitos estudos internacionais garantem que muitos dos casais que tentam engravidar têm poucas relações sexuais.

Período fértil

Dura três ou quatro dias e é a fase do ciclo menstrual em que ocorre a ovulação. Para engravidar, deve ter relações sexuais neste intervalo:

- Faça as contas

Para saber em que dias está a ovular, deve primeiro saber qual é a duração do seu ciclo menstrual: Ao longo de alguns meses anote quantos dias passaram entre o primeiro dia do início de uma menstruação e o início da seguinte. Subtraia 18 dias ao ciclo mais curto e 11 dias ao ciclo mais longo. O resultado traduz o seu período fértil.

- Ponha o sexo na agenda

É importante garantir que ocorrem relações sexuais na curta janela de oportunidade da ovulação. No entanto, não deve limitar a atividade sexual a esse período. Se, por algum motivo se enganar no cálculo, dificilmente conseguirá engravidar. Por outro lado, não é por fazer sexo todos os dias que irá engravidar mais facilmente.

«Os espermatozoides vão diminuindo e o homem poderá chegar à altura da ovulação com um número de espermatozoides rápidos menor do que aquilo que seria ideal», explica Alexandre Lourenço, segundo o qual a melhor estratégia é ter relações sexuais «de dois em dois ou de três em três dias».

- Analise o ciclo

Se está a tomar a pílula, vai precisar de, pelo menos, dois meses sem contraceção para identificar o seu período fértil. «Se, antes de tomar a pílula, os ciclos eram irregulares é possível que continuem a sê-lo. Neste caso, vale a pena interromper a toma três ou quatro meses», aconselha Alexandre Lourenço. Se os ciclos forem muito espaçados a probabilidade de engravidar diminui.

«Uma mulher que menstrua de dois em dois meses, num ano, pode ter apenas seis ovulações em vez de 12. Se os ciclos são muito irregulares tem ainda o inconveniente de não saber o dia em que está a ovular. Em ambos os casos, se as relações sexuais forem frequentes, de dois ou de três em três dias, mais tarde ou mais cedo, irá acertar no dia da ovulação», refere ainda o especialista.

- Esteja atenta aos sinais

Durante a ovulação, o muco vaginal fica diferente. Torna-se transparente, escorregadio e elástico, semelhante à clara de ovo. A presença deste muco é sinal de que tem boas hipóteses de engravidar. É também nesta fase do ciclo que a temperatura basal (a temperatura corporal em repouso) tende a aumentar e pode ser facilmente controlada, explica Alexandre Lourenço.

«Um método rápido e simples consiste em medir a temperatura interior do corpo (vagina, boca ou reto) ao acordar, antes de se levantar da cama e após um período de repouso de pelo menos seis horas. Normalmente, ronda os 36,20º C e tende a subir duas ou três décimas na altura da ovulação», sublinha o especialista.

Sabotadores da conceção

A probabilidade de um casal saudável engravidar no primeiro mês é de apenas 15 por cento. As hipóteses vão aumentando após alguns meses de tentativas, mas podem manter-se reduzidas se estiverem expostos aos fatores que se seguem:

- Stresse

A pressão do quotidiano e a tensão provocada pelo receio de não engravidar afetam a fertilidade do casal, explica Alexandre Lourenço. «As situações de tensão, que provocam uma grande libertação de catecolaminas, como a andrenalina, devem ser evitadas, pois interferem na produção das hormonas implicadas na ovulação», refere.

«Cerca de metade dos casais demoram até seis meses a engravidar e 80 por cento demoram quase um ano. Em casais ansiosos é frequente a gravidez surgir após um período de férias, em que os dois estão mais descontraídos e têm maior predisposição ter relações sexuais», acrescenta ainda.

- Medicação

Se está a fazer algum tratamento, informe o seu médico. «Alguns medicamentos, como os usados na depressão, podem inibir a ovulação e interferir na fertilidade. Medicamentos para tratar a acne podem provocar malformações fetais e têm de ser substituídos meses antes de engravidar. O tratamento com radiações ou quimioterapia diminui a fertilidade, pode tornar a mulher infértil e quando realizado próximo da conceção pode causar problemas no embrião», alerta Alexandre Lourenço.

- Irrigações vaginais

Após uma inseminação intrauterina ocorre um período de repouso em que a mulher se mantém deitada durante meia hora. «Este é o tempo que os espermatozoides demoram a entrar no útero», explica Alexandre Lourenço.

No caso de casais férteis «não há nenhum estudo que mostre a importância deste repouso, mas são desaconselhados banhos e irrigações vaginais na primeira meia hora após a relação sexual. A partir do momento em que os espermatozoides entram no útero, a mulher pode fazer o que quer que seja», refere.

- Não procurar ajuda

Após um ano de tentativas de conceção sem obter uma gravidez, deve consultar um médico especialista em infertilidade para iniciar o primeiro patamar de exames de diagnóstico. No entanto, «se tem 35 anos ou mais deve procurar ajuda médica logo após seis meses de tentativas sem engravidar», aconselha Alexandre Lourenço.

Fertilidade masculina

Peça ao seu parceiro para se afastar das fontes de calor. A exposição a temperaturas elevadas (sauna, fornos) e o uso de roupa muito apertada diminui a produção de espermatozoides, pelo que deve ser evitada quando estiverem a tentar engravidar.

«A exposição continuada a altas temperaturas pode mesmo fazer com que os espermatozoides deixem de ser produzidos definitivamente, alerta Alexandre Lourenço. «No entanto, num homem muito fértil, que produz 40 milhões de espermatozoides, a redução da produção para metade não afeta a fertilidade», acrescenta ainda o especialista.

Testes de ovulação

Detetam a subida da hormona luteinizante que ocorre 24 a 36 horas antes da ovulação. Saiba agora como usá-los:

- Não urine durante, pelo menos, quatro horas antes de fazer o teste e evite beber líquidos em excesso.

- Realize o teste todos os dias à mesma hora, a partir da altura em que calcula que irá ovular até obter um resultado positivo.

- Alguns medicamentos e condições clínicas, como a síndrome do ovário poliquístico, podem afetar o resultado dos testes.

- Ao interromper a toma do contracetivo oral aguarde pelo menos dois ciclos menstruais antes de iniciar os testes.

- Se os períodos são muito irregulares poderá precisar de fazer mais testes de ovulação do que uma embalagem contém.

- Custam entre 30 a 35 euros.

Texto: Vanda Oliveira com Alexandre Lourenço (ginecologista obstetra especialista em infertilidade) e Cristina Azevedo (farmacêutica)