O colesterol em excesso deposita-se nas paredes arteriais, constituindo placas que reduzem o calibre dos vasos, dificultando o afluxo de sangue aos órgãos e tecidos do organismo.

Quando o sangue oxigenado não chega em quantidade suficiente ao músculo cardíaco pode ocorrer uma dor no peito -a chamada angina. Se a obstrução da artéria coronária for completa pode desencadear-se um enfarte do miocárdio.

Como reduzir o colesterol e o risco de doença cardiovascular?

Algumas pequenas medidas são muito úteis:

- Reduzir o consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas e colesterol. Estamos a falar em produtos animais, nomeadamente na carne vermelha e nos produtos lácteos não desnatados

- Praticar regularmente exercício. A actividade física aumenta o colesterol das HDL, para além de ajudar a controlar o peso, a diabetes e a pressão arterial, factores de risco importantes de doença cardiovascular.

- Deixar de fumar. Para além de toda uma série de malefícios para a saúde, o tabagismo desce o colesterol das HDL. Felizmente ao deixar de fumar as HDL voltam a subir.

- Tomar a medicação prescrita pelo seu médico.

Como tratar o colesterol alto?

O objectivo do tratamento é o de diminuir o risco de doença cardiovascular, através da redução do colesterol das LDL e subida das HDL.

É importante referir que o controlo dos níveis de colesterol deve assentar numa dieta saudável rica em fibra vegetal e pobre em gorduras saturadas, colesterol e ácidos gordos trans. Estes são essencialmente produtos manufacturados a partir de óleos vegetais, tais como algumas margarinas sólidas à temperatura ambiente e óleos utilizados para fritar.

O controlo do peso, a actividade física regular e não fumar são companheiros indispensáveis da dieta. O recurso a medicamentos, quando necessários, deve ser decidido e acompanhado pelo médico assistente, que leva em conta, não só os valores do colesterol, como também o risco global, determinado com base na idade do doente, no sexo, na pressão arterial, na HDL e no tabagismo.

Os medicamentos disponíveis são:

Estatinas

Bloqueiam uma enzima que regula a quantidade de colesterol que o organismo produz. Reduzem as LDL em 20-55%, consoante a estatina e dose utilizadas. Também descem moderadamente os trigliceridos e sobem as HDL, ou seja, actuam de forma desejável sobre todo o perfil lipidico.

Niacina

É essencialmente uma vitamina B liposolúvel (administrada em doses elevadas), que melhora todo o perfil lipídico, com destaque para a elevação das HDL, que podem subir 25%. É menos eficaz sobre as LDL que descem cerca de 5-15%.

Fibratos

São os mais potentes redutores dos trigliceridos e em menor grau sobem as HDL. Porém são menos eficazes na descida das LDL.

Resinas

Ligam-se, no intestino, aos ácidos biliares que contém colesterol, grande parte do qual destinado a ser reabsorvido no tubo digestivo, mas que deste modo é eliminado pelas fezes. Descem as LDL em cerca de 15%.

Esteróis vegetais

Bloqueiam a absorção do colesterol pelo intestino. A ingestão de 2 gramas diariamente pode descer o colesterol em cerca de 5-15%.

Ezetimiba

Reduz selectivamente a quantidade de colesterol absorvido pelo intestino delgado. Desce as LDL em cerca de 18%.

A ezetimiba, associada às estatinas em doses baixas, por exemplo: associada a sinvastatina, oferece um melhor e mais seguro controlo lipídico, com uma descida total média 51% das LDL, o que permite atingir mais facilmente os níveis de colesterol recomendados pelas sociedades científicas, o que é particularmente importante nos doentes de maior risco (diabéticos e coronários).

Nunca esquecer que os medicamentos que reduzem o colesterol são mais eficazes quando combinados com uma dieta pobre em gorduras saturadas e colesterol. A escolha do medicamento a utilizar depende de vários factores, mas as estatinas são geralmente o grupo de fármacos mais adequados, e por isso, mais utilizados para reduzir o colesterol das LDL e o risco cardiovascular.

Quem consultar?

O seu médico de família é o profissional de saúde melhor colocado para lhe detectar um excesso de colesterol, preconizar as medidas dietéticas adequadas e, se necessário, prescrever um ou mesmo mais que um medicamento. Ele saberá escolher as medidas mais apropriadas à sua situação e assegurar a respectiva vigilância a longo prazo.

Fique a conhecer os diferentes tipos de colesterol e os principais factores de risco aqui.

Texto: Prof. Manuel Carrageta , médico cardiologista e presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia


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