O tratamento cirúrgico da obesidade pode ser feito com recurso a diferentes técnicas.
Mas todas têm em comum o facto de pertencerem à designada cirurgia bariátrica, um dos tipos de operação que os portugueses mais procuram no estrangeiro.
Falámos com o cirurgião geral Jorge Limão, que nos apresentou os vários tipos de cirurgia bariátrica e deu a sua opinião especializada sobre as condições oferecidas lá fora para a sua realização. Recolhemos, ainda, o testemunho de alguém que foi sujeito à cirurgia de banda gástrica no nosso país.
Tipos de cirurgia bariátrica
Endoscopia bariátrica
Colocação de um balão intragástrico dentro do estômago. «Dura apenas seis meses. Se for um doente com obesidade ligeira, o tratamento é muito eficaz e, nos casos em que é mais grave, serve para perder peso e melhorar a condição do paciente antes de ser operado, diminuindo o risco operatório», conta Jorge Limão.
Custo aproximado: 4 200 euros
Banda gástrica
Colocação de uma banda em redor da porção superior gástrica que divide o estômago em duas partes, uma pequena e uma maior. «Promove a restrição alimentar e implica que a pessoa pratique exercício físico», explica Jorge Limão.
Esta cirurgia implica uma avaliação multidisciplinar prévia (psicólogo, médico, dietista, entre outros) e «depois de uma consulta pós-operatória imediata, o doente deve ser visto ao terceiro, oitavo e 12º meses. É seguido depois de seis em seis meses», conta Jorge Limão.
Custo aproximado: 10 000 euros
Sleeve gástrico
É uma cirurgia ao estômago, no qual se faz um corte vertical e retira-se uma parte, transformando-o em tubo gástrico. A cirurgia vai resultar não só pela «restrição alimentar como também pelo facto de ser uma cirurgia endócrina que faz baixar a grelina (hormona do apetite), o que também ajuda a enfrentar o plano alimentar».
Esta cirurgia implica uma avaliação multidisciplinar prévia (psicólogo, médico, dietista, entre outros) e «depois de uma consulta pós-operatória imediata, o doente deve ser visto ao terceiro, oitavo e 12º meses. É seguido depois de seis em seis meses», conta Jorge Limão.
Custo aproximado: 12 000 euros
Bypass gástrico
«É uma cirurgia muito eficaz feita ao estômago e ao intestino delgado». É recortada uma pequena porção de estômago e criada uma bolsa que se liga directamente ao intestino delgado. «O estômago fica mais pequeno e fica-se saciado com menos comida. Trinta por cento do que é ingerido não é absorvido, para além de ser uma cirurgia que também faz baixar a hormona do apetite».
Esta cirurgia implica uma avaliação multidisciplinar prévia (psicólogo, médico, dietista, entre outros) e «depois de uma consulta pós-operatória imediata, o doente deve ser visto ao terceiro, oitavo e 12º meses. É seguido depois de seis em seis meses», conta Jorge Limão.
Custo aproximado: 15 000 euros
O destino mais procurado
O Brasil é um dos destinos mundiais preferidos para realizar este tratamento cirúrgico da obesidade, dado os baixos preços praticados. «Há alguns anos o Instituto Garrido, em São Paulo, era inclusivamente o centro que mais cirurgias bariátricas realizava no mundo», conta Jorge Limão, cirurgião geral, segundo o qual, o que leva os pacientes a procurar o Brasil é, de facto, «o problema dos custos, dado que tentam encontrar equilíbrio entre preço e qualidade».
Vale a pena realizar estas cirurgias no estrangeiro?
Se se puder manter os padrões de qualidade do serviço médico a um preço significativamente mais baixo, «pode justificar o risco da deslocação», diz Jorge Limão. Contudo, isso implica também que «haja no país de origem uma articulação, que ainda não há, entre médicos e instituições que possam garantir o follow up do doente que regressa ao país», remata.
Os custos disparam também em casos onde há complicações pós-operatórias. Nesta cirurgia, «a taxa de pequenas complicações ronda os 15 por cento e de maiores quatro a cinco por cento».
Listas de espera
Num hospital público nacional o tempo de espera para esta cirurgia pode ir de alguns meses até seis anos.
«A Direcção Geral de Saúde tem um programa de combate às listas de espera da cirurgia bariátrica que esperamos que saia em breve», conta o cirurgião, segundo o qual a maioria das pessoas que «pode pagar a operação acaba por fazê-la cá».
Um caso real
Aos 12 anos, João Ricardo foi sujeito à cirurgia de banda gástrica. «A operação correu bem e não houve complicações. Nunca teve infecções, nem queixas», conta a mãe, Luísa Costa Marques.
No primeiro ano, após a intervenção, foi a consultas regulares de três em três meses. Hoje, com 15 anos, já perdeu 52 quilos, continua a visitar o médico, duas vezes por ano, e «adaptou-se bem à nova rotina alimentar», afirma a mãe. Não sabe por quanto mais tempo, mas, por agora, João Ricardo continuará com o dispositivo.
Para conhecer 9 recomendações que deve ter em conta antes de uma cirurgia, clique aqui.
Texto: Mariana Correia de Barros com Jorge Limão (cirurgião geral)
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