Um estudo realizado em ratinhos, na University of South Florida (USF), nos Estados Unidos, concluiu que o café pode ter efeitos positivos na prevenção da Doença de Alzheimer.
Os resultados, que vão ser publicados no Journal of Alzheimer’s Disease, apontam para a existência de uma substância presente no café, ainda não identificada, que possui essas propriedades. Ao analisar ratinhos criados em laboratório com os sintomas de Alzheimer, os investigadores observaram que, a interação desse composto da cafeína, aumenta os níveis de GCSF (Granulocyte colony-stimulating fator) no sangue – fator responsável por evitar o progresso da doença.
Para isso, os pesquisadores dividiram os ratinhos em três grupos: os que ingeriram café com cafeína, os que consumiram café descafeinado e os que ingeriram unicamente cafeína pura. No primeiro caso, o café com cafeína aumentou consideravelmente os níveis sanguíneos de GCSF, resultado não observado em nenhum dos outros grupos.
Os investigadores advertem que, no estudo, foi utilizado café de filtro, o que não permite concluir que o café instantâneo demonstre os mesmos resultados. “O café com cafeína proporciona um aumento natural dos níveis de GCSF no sangue.
Não sabemos ainda como isso acontece, mas há uma interação sinérgica entre a cafeína e determinada substância ainda desconhecida da bebida”, diz Chuanhai Cao, Investigador Principal do estudo. Embora o ensaio tenha sido realizado em animais, os cientistas consideram haver evidência clínica da capacidade protetora do café contra o Alzheimer.
De qualquer forma, estudos observacionais em humanos já haviam constatado que a ingestão crónica de café, em adultos e idosos, diminui os riscos de demência e que a cafeína seria a provável responsável por essa proteção. A cafeína reduz a produção no cérebro de uma proteína anormal, denominada beta-amiloide, que, acredita-se, é responsável por causar a Doença de Alzheimer.
Em quantidades moderadas, o café é considerado uma bebida segura. Segundo os investigadores, a ingestão de quatro a cinco chávenas por dia foram suficiente para neutralizar a patologia e a perda de memória nos ratinhos com Alzheimer. Para ser eficiente contra a doença, o consumo pode ter início na idade adulta, entre os 30 e 50 anos, no entanto, o consumo precoce aumenta os níveis de proteção.
“Tanto esta, como inúmeras outras pesquisas sobre este tema, revelam que a cafeína parece melhorar o desempenho cognitivo, em particular, quando a pessoa está cansada, moderando também o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.
O facto é que a cafeína atenua a comunicação inibitória entre neurónios no córtex cerebral, resultando num efeito globalmente facilitador da excitabilidade neuronal, que está provavelmente subjacente aos efeitos cognitivos agudos benéficos da cafeína”, afirma o Prof. Rodrigo Cunha, Diretor do Departamento de Neurofarmacologia do Centro de Neurociências de Coimbra.
O Programa “Café e Saúde” foi implementado em Portugal, em 2007, pela AICC (Associação Industrial e Comercial do Café) com o objetivo de mudar a atitude dos profissionais de saúde relativamente ao consumo de café. É um projeto de informação, dirigido a profissionais de saúde, que procura esclarecer e desvendar mitos sobre a ingestão do café, reunir evidência científica quanto aos benefícios inerentes ao seu consumo na prevenção de algumas patologias e estimular o conhecimento específico sobre esta temática.
Criado pela OIC (Organização Internacional do Café) apoia, atualmente, programas em Portugal, Espanha, Alemanha, Itália, Finlândia, França, Holanda, Rússia e Reino Unido.
Agradecimentos: Café & Saúde
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