Eterno símbolo do Natal, muito comum nas decorações tradicionais da época, o azevinho pode ser utilizado para baixar a febre mas é procurado, sobretudo, para decorações natalícias. As suas bagas são, contudo, venenosas, pelo que não podem ser ingeridas. Se tem crianças em casa, tenha, por isso, especial cuidado no caso de o usar nos seus enfeites de Natal, não vão elas cair nessa tentação.

O azevinho não é uma árvore muito estudada nem muito utilizada para fins terapêuticos. Sabe-se, no entanto, que se pode aproveitar as folhas verdes ou secas em infusão para combater dores reumáticas. Estas têm um efeito diurético, ajudam a combater bronquites crónicas, baixam a febre (antipiréticas), são laxantes, travam a icterícia e combatem a perda de apetite.

As bagas do azevinho são tóxicas. Cerca de cinco bagas já podem causar convulsões. Existe uma outra variedade (Ilex paraguensis) ou erva-mate, que cresce em estado selvagem no norte da Argentina, no Paraguai, no sul do Brasil e no Uruguai. Também se cultiva em Portugal e em Espanha. Esta variedade é muito apreciada pelos povos da América do Sul.

Contém cafeína, derivados de xantina e outros componentes que fazem dela uma planta muito interessante em fitoterapia. É usada como estimulante do sistema nervoso, como analgésico, como diurético e como anti-depressivo, tendo sido utilizada e estudada a sua utilização no tratamento da diabetes, enxaquecas ou dores nevrálgicas, entre outras.

Espécie botânica protegida por lei

Desde dezembro de 1989, o azevinho encontra-se protegido por lei em Portugal. Recorde-se que a tão apreciada gilbardeira (Ruscus aculeatus L.). Igualmente conhecida por azevinho-menor ou erva-dos-vasculhos, também se encontra protegida, assim como o teixo (Taxus baccata L.), plantas muito procuradas na época natalícia mas que, segundo a legislação em vigor, deveriam vir acompanhadas de um certificado de planta cultivada para fins comerciais.

Componentes

Na sua composição, o azevinho inclui taninos, um constituinte amargo (ilicina), flavonoides, ácidos aromáticos e resina.

No jardim

As diferentes variedades de azevinho são muito cultivadas como plantas ornamentais. Apesar de ser uma planta de crescimento muito lento, pode viver até aos 300 anos. É muito resistente ao frio de inverno, mantendo sempre verdes as suas folhas brilhantes e cerosas e as bagas vermelhas que salpicam de alegria os dias cinzentos de inverno, atraindo pássaros para o jardim.

Árvore sagrada

As bagas vermelhas do azevinho fêmea (Ilex aquifolium L.) são a principal atração deste arbusto, que continua a ser muito utilizado para decorações na época natalícia. A intensa procura, sobretudo no Natal, colocou esta espécie na lista de plantas em vias de extinção.

É que, como apenas o azevinho fêmea tem procura, o macho fica sem condições de reprodução em muitas zonas. Esta é uma espécie dioica (plantas masculinas e femininas distintas). Apenas as plantas femininas produzem frutos. O azevinho, planta da família das aquifoliáceas, também é conhecido por aquifólia, árvore sagrada, espinho-de-cristo, pica-folha, visqueiro ou zêbro.

Trata-se de um arbusto ou árvore de folha persistente que pode atingir cerca de 10 metros de altura, caule com casca lisa e lenho duro, muito apreciado pelos marceneiros. As suas folhas são verde-escuras, brilhantes e orladas de espinhos.

Os rituais pagãos a que o azevinho está associado

O azevinho costuma dar cachos de flores brancas entre maio e junho e bagas vermelhas a partir de setembro ou outubro. Esta planta cresce na Europa, na Ásia Central e Ocidental, no Norte de África, em Portugal continental e Madeira. No continente, é mais frequente em bosques na zona Norte, até 2.000 metros de altitude. O uso tradicional do azevinho na época natalícia está associado a rituais pagãos da Europa do Norte.

Mas também o ligam aos romanos, que já o utilizavam num dos seus festivais, o Saturnália, que se realizava entre os dias 17 a 23 de dezembro. Nessa época, as pessoas trocavam entre si ramos de azevinho como símbolo de saúde e felicidade. Já no século XIX, alguns médicos preconizavam que as suas propriedades anti-piréticas eram semelhantes à chinchona (Chinchona officinalis).

Acreditava-se ainda que o azevinho cresceu primeiro nos lugares onde Jesus Cristo teria caminhado. Os picos das folhas e as bagas vermelhas da cor do sangue representam o sofrimento de Jesus Cristo, defendem alguns especialistas.

Texto: Fernanda Botelho