A quimioterapia consiste na utilização de fármacos que destroem as células tumorais. São normalmente administrados por via endovenosa (através das veias). Os medicamentos entram assim na corrente sanguínea, circulando por todo o organismo. Durante a administração não é comum observar-se sintomas. Geralmente não há necessidade de internamento, sendo feito em ambulatório.

A quimioterapia está indicada nos seguintes casos:

- Quando são detectados gânglios invadidos na axila.
- Nas doentes consideradas com alto risco de recidiva, mesmo que não tenham metástases nos gânglios axilares.

Podem ser englobadas no grupo de alto risco de reaparecimento de cancro:

- Mulheres com idade igual ou inferior a 35 anos, independentemente do tumor ter ou não receptores hormonais.
- Mulheres na pós-menopausa se o tumor não apresentar receptores hormonais.
- Mulheres com tumores pouco diferenciados.
- Mulheres com tumores com mais de dois centímetros de diâmetro.
- Quando se detectam metástases em órgãos distantes, como o fígado, os pulmões, os ossos, etc.

A quimioterapia, como se disse anteriormente, pode estar indicada antes ou após a cirurgia, ou ainda, no caso de esta não estar indicada, isoladamente. Pode ser feita em conjunto com outro tratamento, tal como a radioterapia.

A quimioterapia feita antes da cirurgia chama-se neoadjuvante e está normalmente indicada em tumores localmente avançados e na redução do volume tumoral, permitindo assim uma cirurgia menos agressiva, muitas vezes conservadora. Por outro lado, é o único meio de verificar a eficácia dos fármacos seleccionados especificamente sobre o tumor em causa. Assim, antes de remover cirurgicamente o tumor, podemos verificar se o mesmo diminui de tamanho sob a acção dos medicamentos escolhidos, o que significa que, se vier a haver metástases, estas irão regredir.

A quimioterapia administrada após a cirurgia chama-se adjuvante e está geralmente indicada quando há gânglios com tumor ou em tumores maiores que dois centímetros. Tem por objectivo erradicar eventuais focos tumorais com dimensões tão reduzidas que não são detectados pelos meios actuais de diagnóstico. De facto, após alguns anos, aparecem muitas vezes metástases, o que leva a admitir que já existissem na altura da cirurgia, não tendo sido detectadas.

No que diz respeito à duração do tratamento, pode dizer-se que é variável. É planeado caso a caso de acordo com o tipo de tumor e o seu estado de desenvolvimento. Assim, tendo em conta vários factores, são escolhidos os fármacos a aplicar, as suas doses, bem como a periodicidade na sua administração.

Durante o período em que é feita a quimioterapia, são realizadas análises para ver a forma como o organismo está a reagir e assim adaptar a duração e a periodicidade do tratamento. Normalmente são administrados quatro a oito ciclos.

No que diz respeito aos efeitos secundários ou adversos, resultam dos fármacos usados na quimioterapia que, além de actuarem nas células tumorais, agem também sobre as células normais. Estes efeitos não são apresentados por todos os doentes e dependem das drogas usadas e da reacção do organismo. Os mais frequentes são:

Náuseas e vómitos

Aparecem geralmente pelo segundo ou terceiro dia após o tratamento. Podem ser tomadas algumas medidas para os combater, como fazer refeições pequenas e várias vezes por dia, evitar alimentos gordos, mastigar bem, etc. É sempre necessária a administração de medicamentos, antes e depois da quimioterapia.

Alterações intestinais como diarreia ou obstipação

Pode tornar-se necessária a toma de medicamentos. Devem ser evitados os alimentos gordos, bem como o leite e derivados. As refeições devem ser pequenas.

Anemia, baixa das plaquetas e maior susceptibilidade a infecções

Os fármacos usados na quimioterapia afectam as células sanguíneas levando a uma redução das mesmas, o que conduz a anemia, com a correspondente sensação de cansaço, sangramento fácil e aparecimento de «nódoas negras» por baixa das plaquetas e, ainda, maior frequência de infecções por diminuição das defesas do organismo.

Febre

É um sinal de alerta para a presença de infecções que são mais frequentes nos doentes submetidos a quimioterapia como consequência da baixa das defesas do organismo acima referida. No caso de aparecer febre, deve avisar o médico pois pode ser necessário iniciar algum tratamento.

Queda do cabelo e dos pêlos

A queda do cabelo e dos pêlos tem o nome médico de alopecia. Pode ser completa ou moderada. Aparece geralmente pela terceira semana após o primeiro tratamento. É temporária, voltando o cabelo e os pêlos a crescerem após o termo da quimioterapia.

Alterações da pele e das unhas

A nível da pele pode aparecer vermelhidão, descamação e manchas. Também as unhas podem ficar quebradiças, escuras e em alguns casos até cair. Deve ser evitada a exposição ao sol e podem ser usados cremes hidratantes. Estas alterações desaparecem geralmente algum tempo após o termo do tratamento.

Alterações do ciclo menstrual

Sob a acção dos medicamentos usados na quimioterapia há uma redução na produção de hormonas, o que leva a alterações do ciclo chegando muitas vezes à amenorreia, ou seja, à ausência de menstruação. Estas alterações podem ser reversíveis, voltando os ciclos à normalidade após o termo da quimioterapia, sendo contudo a probabilidade de reversibilidade menor nas mulheres mais velhas, que muitas vezes entram defi nitivamente em menopausa.

No caso de permanecer menstruada durante a quimioterapia, saiba que pode engravidar, devendo contudo essa gravidez ser evitada dado que pode provocar anomalias no feto.

Fonte: 34 Copa B - Guia prático sobre a mama, a saúde e a sexualidade, Ana Paula Avillez (médica imagiologista especialista em Senologia), editora Academia do Livro