Pode parar de dizer “não gosto de água”, para justificar a ausência de hidratação. Mas é preciso ter sempre presente que manter o corpo bem hidratado é crucial para a saúde. Substituir a garrafa de 1,5 litros de água por uma com quantidade idêntica de cerveja, será um abuso.

A água é, sem dúvida nenhuma, teórica ou científica, o melhor líquido para ingerir quando se tem sede. Há quem prefira fresca e aqueles que apenas ficam saciados quando a consomem ao natural. Mas a ingestão de água necessária ao organismo pode ser obtida de diversas formas e através de vários alimentos e bebidas. Mesmo as bebidas alcoólicas (para os adultos, apenas) contribuem para repor os níveis de hidratação.

Este facto é provado pelo estudo do Instituto de Hidratação e Saúde dedicado ao tema.

De acordo com o estudo, bebidas com maior quantidade de água e baixo teor alcoólico, como a cerveja, podem produzir ganhos de água na ordem dos 244 ml, através da ingestão de uma cerveja média preta (33 cl). Se a cerveja for branca os ganhos são menores, mas igualmente altos, (208 ml de água ganhos com a ingestão de uma cerveja média branca).

A hidratação do organismo pode ser feita não só através da ingestão de água, mas também de outras bebidas e alimentos com maior quantidade de água na sua composição.

Já um copo de vinho branco, palhete ou tinto, com 125 ml, contribui com ganhos de água para o organismo na ordem dos 10 ml. A Sidra, produzida a partir das maçãs, fica nos valores mais elevados, 148 ml de água ganha pelo organismo após a ingestão.

Efeito das bebidas alcoolicas na hidratação
Fonte: Estudo A Influência do Consumo de Álcool na Hidratação, do IHS.

Os valores de ganho de água apresentados pelo estudo (na imagem) têm já em conta a perda de água através da urina.

“A água é a bebida que contém mais nutrimento e apresenta valor energético nulo. É por isso uma das bebidas por excelência para hidratar”, disse ao SAPO a nutricionista, Patrícia Padrão, docente na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e membro do Conselho Científico do Instituto de Hidratação e Saúde.

No entanto, acrescenta, “a hidratação do organismo pode ser feita não só através da ingestão de água, mas também de outras bebidas e alimentos com maior quantidade de água na sua composição, opções que podem ser muito úteis, nomeadamente para quem não gosta de água”.

Os autores do estudo recordam que “desde há muitas décadas se estima que por cada grama de álcool consumido são excretados 10 ml através da urina”.

Mas, reforça Patrícia Padrão, “parece ocorrer um efeito antidiurético algumas horas após a ingestão. Desta forma, uma vez que o efeito do consumo de bebidas alcoólicas na hidratação é influenciado pelo teor de álcool vs teor de água presente nas bebidas ingeridas, o consumo de bebidas com elevado teor de água e baixo teor de álcool (como é o caso de algumas cervejas) poderá contribuir para uma hidratação adequada”.

Com a chegada do calor, o verão, a praia, mais atividades ao ar livre, chega também a necessidade de um maior cuidado com a hidratação. Tal como referido no estudo do IHS, nem que seja com uma cerveja, lembre-se de repor os níveis.

Não deve ser ultrapassada a quantidade máxima diária de etanol ingerida por dia, que corresponde a uma bebida padrão no caso das mulheres e duas no caso dos homens.

E lembre-se que, por outro lado, o consumo de bebidas alcoólicas com mais elevado teor de álcool e reduzido teor de água, sem a ingestão de líquidos adicionais, poderá causar desidratação. A moderação será sempre a melhor medida.

No caso das crianças, como é óbvio, as bebidas alcoólicas são proibidas devendo ser incentivas a beber água, sumos ou bebidas com sabor para repor os níveis de hidratação.