A Biotrial, criada há 26 anos, explica que compensa os seus voluntários com montantes que variam entre os 100 e os 4500 euros, o limite anual imposto pela lei francesa para o pagamento deste tipo de voluntariado. É um salário livre de impostos, sublinha a Biotrial na sua página online.

Em Portugal, a lei proíbe quaisquer incentivos ou benefícios financeiros, possibilitando apenas o pagamento do reembolso das despesas - como viagem de avião, alimentação, táxi - e dos prejuízos que os voluntários possam ter com a participação no ensaio, escreve a edição impressa desta segunda-feira do jornal Público

Já os voluntários da Biotrial, segundo testemunhos colocados no site, sublinham a segurança dos ensaios e não relatam qualquer tipo de problemas. "Não é nem mais nem menos do que uma visita médica durante a qual nos tiram a tensão, nos fazem um electrocardiograma, ou nos tiram uma amostra de sangue", relata Michel, um reformado de 60 anos que relata estar já no seu nono ensaio.

Em relação aos riscos, a Biotrial afirma que os efeitos secundários das substâncias testadas são muitas vezes conhecidos e referidos aos voluntários. "Se ocorrerem problemas, o teste é imediatamente interrompido", garante-se.

A empresa, que segundo os meios de comunicação franceses tem 300 funcionários, garante que dispõe de equipas médicas 24 horas por dia.

Não há motivos para suspender ensaios

A ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine, afirmou esta segunda-feira não existir nenhuma razão para parar os ensaios clínicos da farmacêutica Bial em França, apesar da morte de um paciente e do internamento de outras cinco pessoas.

“Não é um grande problema, maciço, sem precedentes em França, precisamos de saber o que aconteceu, mas não há nenhuma razão para se interromperem os ensaios clínicos”, afirmou Marisol Touraine questionada pela estação televisiva RTL, um dia após a morte de um voluntário que participou num ensaio clínico num hospital em Rennes, oeste de França.

Na semana passada, seis voluntários, entre os 28 e os 49 anos, foram hospitalizados depois de terem participado no ensaio clínico de Fase 1 para a farmacêutica portuguesa Bial, que testava uma nova molécula com atuação a nível do sistema nervoso central, com efeitos provavelmente como analgésico ou a nível de alterações de humor.

A farmacêutica portuguesa Bial lamentou a morte do voluntário que participou num ensaio clínico da empresa em França e garantiu que está a acompanhar os restantes pacientes hospitalizados.