"É inadmissível a degradação contínua das condições de trabalho no Hospital do Litoral Alentejano" (HLA), em Santiago do Cacém, "com falta de material, médicos e de enfermeiros", disse à agência Lusa Dinis Silva, um dos membros da coordenadora das comissões de utentes.

Dinis Silva reagia à demissão dos chefes de equipa do Serviço de Urgência do HLA, que disse ter resultado de "uma questão crónica", porque, lembrou, "em julho do ano passado, os diretores dos diversos serviços enviaram para as ordens dos médicos e dos enfermeiros um documento a informar das condições anómalas e irregulares que aconteciam em todo o HLA".

"É o resultado de um acumular de situações. O balão foi enchendo, enchendo, até que, de repente, rebentou", disse.

"O cansaço que atingiu os chefes do Serviço de Urgência do HLA é devido a uma série de políticas de cortes cegos que têm atingido os serviços de saúde, como o encerramento de centros e extensões de saúde", o que provoca "a grande afluência de utentes às urgências", frisou.

Segundo Dinis Silva, "é incompreensível que os médicos escalados para o Serviço de Urgência sejam contratados por empresas de trabalho temporário", o que "não lhes permite que estejam enquadrados no sistema de trabalho da urgência, no conhecimento dos colegas e de materiais informáticos e de outras questões".

Dinis Silva considerou "inaceitável" que utentes, após o processo de triagem e de lhes ser atribuída uma pulseira amarela, esperem "mais de nove horas" para serem atendidos no Serviço de Urgência do HLA.

O responsável também considerou "inaceitável" que o Serviço de Urgência do HLA "nunca tenha funcionado com médicos pediatras, como deveria, mas com médicos de medicina geral".

Por este motivo, "a maior parte das situações terão de ser encaminhadas para o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde as crianças são devidamente tratadas por médicos pediatras".

Na quinta-feira, numa carta dirigida ao diretor clínico, os médicos que têm assumido a chefia de equipa da Urgência do HLA recusaram continuar à frente do serviço, invocando "a degradação contínua das condições de trabalho", em termos de falta de material e de pessoal.

Entretanto, em comunicado enviado à Lusa, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA) recusou a acusação de "degradação" do Serviço de Urgência do HLA feita pelos chefes de equipa demissionários.

Contudo, o conselho de administração reconhece que "existem problemas resultantes, entre outros, da falta de médicos na instituição", o que se reflete no Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica, mas também nas restantes valências da ULSLA, incluindo os centros de saúde e os serviços de urgência básica.