Lançada pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) a 19 de novembro do ano passado, a petição "Pela Equidade no Acesso ao Rastreio, Diagnóstico e Tratamento das mulheres com Cancro da Mama" é entregue simbolicamente no Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, numa sessão com o vice-presidente da Assembleia da República, José Manuel Pureza.
O objetivo é assinalar a data de "uma forma positiva, mas também reivindicativa em relação aos doentes oncológicos e, sobretudo, chamar a atenção dos nossos representantes na Assembleia da República, que são os que fazem as leis e que podem pressionar os governos para que haja uma determinação no que diz respeito à oncologia", disse o secretário-geral da LPCC.
Segundo Vítor Veloso, a oncologia tem sido "um parente pobre" dos últimos governos, na medida em que está subfinanciada, têm sido tomadas poucas medidas e "os direitos dos doentes oncológicos são constantemente atropelados". A petição reuniu 25 mil assinaturas.
Na região centro todas as mulheres estão rastreadas, no norte já estão 82% e no sul ainda "falta muito para atingir metade das mulheres".
A petição pretende que os responsáveis políticos tenham consciência da necessidade dos doentes com cancro terem "uma acessibilidade adequada" ao diagnóstico, tratamento e a terapêuticas inovadoras, muitas vezes "determinantes" para a cura do cancro ou para melhorar a qualidade de vida dos doentes.
A petição visa criar junto da Comissão Parlamentar de Saúde um grupo de reflexão que avalie a situação da oncologia e que a Assembleia da República coloque "o cancro na agenda" política. Atualmente, surgem 6.000 novos casos de cancro da mama por ano, 16 por dia.
Cancro como segunda principal causa de morte
O cancro foi a causa da morte de 26% da população da União Europeia (UE) em 2013, sendo que abaixo dos 65 anos a taxa de óbitos por cancro sobe para 37%.
O cancro do pulmão foi o que mais mortes causou no ano em análise, com 21% de óbitos na média da UE e 15% em Portugal, valor que coloca o país no fundo da tabela das mortes por esta doença que é liderada pela Hungria, com 26%.
O tabaco, o álcool e a obesidade são alguns dos principais fatores de risco da doença que é considerada a "epidemia" do século. Um relatório da Sociedade Espanhola de Oncologia Médica tece perspetivas nada animadoras: uma em cada três pessoas terá a doença.
Tanto na UE como em Portugal, o cancro do pulmão mata mais homens (PT 20%, UE 26%) do que mulheres (PT 8%, UE 15%).
O cancro colorretal surge, na média europeia, em segundo lugar na lista dos mais mortais (12%), mas empatado com o do pulmão em Portugal (15%).
Seguem-se na taxa de mortes, em Portugal, o cancro da próstata (7%), da mama (6%) e do pâncreas (5%), valores que na média europeia são de, respetivamente, 6%, 6% e 7%.
Em 2013, o cancro causou a morte a 32% de pessoas na Eslovénia, 31% na Holanda e 30% na Irlanda, países que apresentam as maiores taxas, estando no extremo oposto a Bulgária (17%) e a Lituânia (19%).
Os dados foram divulgados no âmbito do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro que se assinala esta quinta-feira.
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