A propósito do Dia Mundial das hepatites Víricas, que se assinala esta quinta-feira (28.07), o presidente da SPG lembrou que esta organização já há alguns anos defende a realização de um rastreio à infeção pelo vírus da hepatite C.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) veio também agora defender a realização de um rastreio, tal como nós temos vindo a fazer”, disse José Cotter.
Ao nível mundial, lembrou o especialista, existem 400 milhões de pessoas infetadas com os vírus da hepatite B e C, das quais entre 130 a 150 milhões com hepatite c. “São números muito assustadores e têm de ter uma grande preocupação da comunidade médica, porque estas infeções deterioram a qualidade de vida das pessoas, mas estas infeções crónicas também levam a estadios terminais de cirrose e de cancro do fígado”, adiantou.
Em 30 a 40 por cento dos casos com infeção por hepatite c mal tratada, a situação evolui para cirrose e, destes, cerca de 10 a 40 por cento terá cancro do fígado.
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Em Portugal, segundo José Cotter, deverão existir 150 mil pessoas infetadas com o vírus da hepatite C, sendo que a incidência da hepatite B diminuiu desde que a vacina foi integrada no programa nacional de Vacinação.
No caso da hepatite B o tratamento que existe “raramente é curativo”, ao contrário da hepatite C contra a qual os fármacos de última geração conseguem a cura da doença em cerca de 95 por cento dos casos.
De acordo com a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), a 01 de julho existiam 7.840 tratamentos iniciados. Do total de utentes que já finalizaram o protocolo de tratamento, 3.005 encontram-se curados e há 122 doentes dados como não curados.“Há expetativas enormes com este tratamento. Já se fala da erradicação da doença, mas é fundamental uma estratégia”, disse José Cotter.
Essa estratégia passa pela prevenção, a começar no ambiente escolar, pela realização de pelo menos uma análise por ano à infeção pelo vírus da hepatite C e à prevenção de comportamentos de risco, disse.
José Cotter alertou para áreas onde o tratamento não está a chegar devidamente, como as cadeias e os consumidores de drogas injetáveis.
“É preciso entrar no tratamento destes doentes, nas prisões. Mas é preciso uma estratégia”, acrescentou.
A jusante do tratamento, o presidente da SPG considera que se deve começar a pensar em unidades paliativas e o acompanhamento da resposta do programa de transplantes.
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