Mário Monteiro, de 49 anos, é professor de química da Universidade de Guelph, no sudoeste do Canadá, e foi o vencedor do Prémio ‘Inovação' atribuído pela comissão Gryphon's Learning to Accelerated Adoption of Innovative Research.

Em declarações à agência Lusa, o investigador explicou que a bactéria Clostridium difficile (C. difficile) "é das mais perigosas que se podem encontrar nos hospitais”.

"É uma bactéria muito conhecida que se podem encontrar facilmente nos hospitais quando os utentes dos hospitais têm problemas com antibióticos, e quando surgem antibióticos a mais. Não só nos hospitais, mas também em centros de saúde, em lares de idosos”, disse, acrescentando que a bactéria “controla o sistema intestinal e depois causa diarreia muito severa e até pode causar a morte".

A bactéria, uma ameaça para a população idosa, já começa a atingir faixas etárias mais jovens, causa diversas infeções que leva a uma diarreia extrema e pode ser fatal devido a infeções no cólon, afirmou o professor, natural de Gouveia, distrito da Guarda.

Mário Monteiro, que está no Canadá desde 1981, e a sua equipa desenvolveram, há cerca de dez anos, a vacina à base de hidrato de carbono, que tem como alvo os polissacarídeos de superfície expostos pela C. difficile.

Diversas companhias da indústria farmacêutica têm tentado desenvolver vacinas para controlar a bactéria, mas têm se concentrado essencialmente nas toxinas que a bactéria produz, ao contrário da vacina elaborada pela equipa de química da universidade canadiana.

"As toxinas são algo que bactéria produz e expõe depois no sistema intestinal e ataque os intestinos, o que causa a degradação nos intestinos causando graves problemas. Essas vacinas contra as toxinas não controlam a colonização da bactéria, nem a mata", explicou o luso-canadiano.

Para o cientista, a sua vacina "terá um grande potencial" pois "ataca diretamente a superfície da bactéria C. difficile.

"Por isso é que esta vacina que desenvolvemos pode não só controlar a infeção mas também regular a colonização de bactérias existentes nos intestinos", justificou.

A companhia farmacêutica dos Estados Unidos 'Stellar Biotechnologies' adquiriu os direitos comerciais da vacina em 2013, e já permitiu à Universidade de Guelph, uma instituição de ensino reconhecida na América do Norte pelo seu trabalho no setor agroalimentar, um dos melhores negócios de sempre da sua história.

O professor Mário Monteiro, em 2014, já tinha sido reconhecido pela organização britânica vaccination.org, que, em colaboração com a World Vaccine Congress, elegeram o luso-canadiano como uma das 50 pessoas mais influentes do mundo na área das vacinas, numa lista que era liderada por Bill Gates, fundador da Microsoft.

Mário Monteiro é também um dos poucos investigadores de açúcares complexos, existentes na superfície das bactérias.