Agosto de 2015 ficará para a história da Pepsi como o mês em que a icónica marca de refrigerantes aboliu o uso de aspartame nas suas bebidas. Esta substância é um «edulcorante artificial, 200 vezes mais doce do que o açúcar, não calórico, muito utilizado na indústria alimentar», especialmente em alimentos processados, explica o nutricionista Miguel Rego. Pode ser encontrado em «bebidas, refrigerantes light, produtos de confeitaria e pastelaria com reduzido teor de açúcar, doces e geleias light, iogurtes, gelatinas, pudins ou molhos».

Nos Estados Unidos da América, nos últimos anos, os consumidores de Pepsi pediram para que fosse retirado da lista de ingredientes e a marca cedeu, anunciando formalmente a decisão em abril. Desde agosto deste ano, os produtos diet da marca, à venda no país, deixaram de o conter. Mas online, no site da marca, ainda vai continuar a ser possível adquirir a versão tradicional, como informou Indra Nooyi, responsável pela empresa, logo em julho.

Apesar de a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar considerar o aspartame seguro para consumo humano, «existem dúvidas relativamente ao modo como a sua segurança tem vindo a ser testada e como os dados resultantes foram interpretados», revela Miguel Rego. Contudo, «os dados atuais, quer do ponto de vista laboratorial, em ensaios conduzidos com ratinhos, quer dos estudos epidemiológicos que tentam traçar uma associação entre o consumo humano de aspartame e o desenvolvimento de doenças, como o cancro, não são totalmente conclusivos», esclarece ainda o especialista.

As alternativas ao aspartame

Para poderem comercializar a nova versão da Diet Pepsi, a empresa foi obrigada a rever toda a receita do produto, recorrendo a alternativas deste ingrediente. A sucralose e o acessulfame de potássio são os dois adoçantes que sucedem ao aspartame na receita da bebida agora reformulada. Uma substituição que não é mais do que uma resposta a uma mudança de comportamento do consumidor, que «valoriza cada vez mais o que é natural», uma vez que «não foi ainda emitida qualquer normativa por nenhuma entidade oficial que ordene a retirada do aspartame», refere Miguel Rego.

«Não há evidência científica que permita dizer que existem adoçantes melhores ou mais saudáveis do que outros. Todos eles são considerados seguros para consumo humano», esclarece ainda o especialista, mestre em saúde pública. «Estes diferenciam-se, principalmente, pela perceção do sabor», conclui o nutricionista. Em 2014, nos Estados Unidos da América, o consumo desta bebida diminuiu 5,9%, muito por culpa do aspartame.

O que distingue os edulcorantes artificiais

São uma «resposta da indústria alimentar a uma preocupação do consumidor com os efeitos da ingestão de açúcar e a sua associação a doenças, como a obesidade e a diabetes», explica o nutricionista Miguel Rego. Presentes em produtos light permitem manter as características de sabor sem a culpa de se ingerirem muitas calorias. Podem ser úteis para quem pretende controlar o aporte calórico, sobretudo se pretende emagrecer e lhe é difícil abandonar o sabor doce. Do ponto de vista nutricional, não oferecem qualquer vantagem em relação ao açúcar.

Texto: Catarina Caldeira Baguinho e Luis Batista Gonçalves com Miguel Rego (nutricionista e mestre em saúde pública)