O gabinete tem como principais áreas de atuação o fomento de um "regresso mais facilitado" aos profissionais residentes no estrangeiro, o fornecimento de informação necessária para médicos que decidem emigrar e o aprofundamento da ligação com médicos que trabalham no estrangeiro (com permanente envio de informação), disse o presidente da SRCOM, Carlos Cortes.

O projeto pioneiro a nível nacional arrancou devido à "nova realidade" da emigração médica, explicou Carlos Cortes, sublinhando que nos últimos três anos emigraram cerca de 1.300 profissionais, 52% dos quais com menos de 35 anos e 65% sem especialidade médica.

O presidente da SRCOM defendeu que o Ministério da Saúde, a par de "tentar criar iniciativas para regresso dos médicos aposentados", deveria também incentivar o retorno dos médicos residentes no estrangeiro.

Neste momento, "muitos dos concursos são fechados" e torna mais difícil o regresso de médicos emigrados, sendo necessário o executivo "aproveitar esta vontade" dos profissionais e "fomentar uma autoestrada de regresso" aos clínicos.

Face à falta de "médicos em algumas áreas e especialidades", o Ministério da Saúde poderia aproveitar a "bolsa considerável" de clínicos portugueses no estrangeiro para colmatar as dificuldades de recursos humanos.

Médicos estão a ser esquecidos

Segundo Carlos Cortes, de momento, "os médicos saem e têm sido esquecidos". Para o dirigente da Ordem dos Médicos, o gabinete também terá uma vertente de ação política "para sensibilizar para esta realidade", ao mesmo tempo que irá elaborar um "guia de regresso ao médico no estrangeiro".

"Nós queremos continuar a estar a par daquilo que acontece no nosso país de origem. Há uma necessidade grande de manter esta ligação com o nosso país", sublinhou Alberto Pais, especialista em Medicina Geral e Familiar, atualmente a exercer em França.

Para além da necessidade de ligação ao país, a vontade de retorno é algo que está "sempre no horizonte", frisou o jovem médico, defendendo "mais instrumentos de mobilidade" para facilitar o retorno ao país.

Em 2015, segundo dados da Ordem dos Médicos, emigraram 475 profissionais e 374 em 2014. Dos 475 médicos emigrados no ano passado, 51 estavam inscritos na SRCOM.