Falando na sessão de abertura do Congresso Nacional “VIH, Doenças Infeciosas e Microbiologia Clínica”, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, manifestou um “misto de expectativas” em relação aos dados mais recentes sobre o VIH/Sida.
“Houve uma evolução melhor nos últimos anos do que seria expectável. Tendo em conta o cenário adverso vivido, seria de supor uma diminuição não tão significativa”, realçou o ministro, como fator positivo.
No entanto, “o número de novos casos continua acima da média da União Europeia”, uma realidade que “vai demorar décadas a resolver”, afirmou.
Ou seja, “o sistema foi capaz de reduzir novos casos, mas ainda não tanto quanto deveria ser capaz”, disse Paulo Macedo, sublinhando que “o número de novos casos é significativo, apesar de a doença ter sido objeto de um investimento muito significativo nos últimos 20 anos”.
Paulo Macedo considera que ainda há falta de informação
Os "novos desafios" passam assim por “melhorar comportamentos em relação às práticas de risco”, designadamente promovendo o diagnóstico precoce – para diminuir as probabilidades de contágio – e melhor informação.
Paulo Macedo considera que ainda há muita falta de informação, o que está patente nas mutações de concentração de novos casos: os dados mais recentes indicam que a maioria dos novos casos de VIH se deu no grupo de heterossexuais e uma grande percentagem em jovens de 17/18 anos.
“Precisamos de nos dirigir a estes novos grupos e alertar que a Sida é uma doença com números acima da média da União Europeia”, disse.
Quanto a medidas concretas, o ministro anunciou uma norma de orientação clínica, que se prevê seja publicada durante este mês, para que os médicos, quando estejam a ver um paciente com idade entre os 18 e os 64 anos, o alertem para a importância de fazer o teste ao VIH.
O objetivo é poder ter um diagnóstico precoce mais eficaz e tentar evitar a distância entre contrair a infeção e o diagnóstico.
“O que há de novo é uma orientação no sentido de ser proposto ser feito e não apenas em situação de risco”, disse o ministro, sublinhando contudo que “o paciente pode recusar”.
Paulo Macedo realçou que tudo será feito para que esta medida não altere a relação de confiança entre o médico e o paciente, que considera fundamental.
Como positivo, o ministro salientou o facto de as pessoas já olharem para a Sida como uma doença crónica, embora esta seja também uma postura de menor consideração de risco face à doença e às causas de transmissão.
“Há 20 anos era uma doença mortal. Hoje é tratável, de forma a torná-la uma doença crónica”, sublinhou.
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