As descobertas de Ohsumi, de 71 anos, escreve o júri do Nobel da Medicina no comunicado em que anuncia o laureado, "levaram a um novo paradigma na compreensão de como a célula recicla o seu conteúdo".
"As suas descobertas abriram o caminho à compreensão da importância fundamental da autofagia em muitos processos fisiológicos, como a adaptação à fome ou a resposta à infeção. As mutações nos genes da autofagia podem provocar doenças e o processo autofágico está envolvido em diversos problemas, incluindo o cancro e a doença neurológica.
A palavra autofagia vem das palavras gregas 'auto', que significa "o próprio", e 'phagein', que significa comer, pelo que significa comer-se a si próprio.
Este conceito surgiu nos anos 1960, quando os investigadores observaram pela primeira vez que a célula conseguia destruir os seus próprios conteúdos ao encerrá-los em membranas, formando vesículas em forma de sacos que são transportadas para um compartimento de reciclagem, chamado lisossoma, onde são degradados.
O processo era difícil de estudar e pouco se sabia sobre ele até que, numa série de experiências no início dos anos 1990, Yoshinori Ohsumi usou fermento de padeiro para identificar os genes essenciais à autofagia.
O cientista identificou depois os mecanismos subjacentes à autofagia no fermento e mostrou que as células humanas usam um sistema sofisticado do mesmo tipo.
Embora a autofagia seja conhecida há mais de 50 anos, a sua importância fundamental na fisiologia e na medicina só foi reconhecida após a investigação de Yoshinori Ohsumi nos anos 1990, que o júri do Nobel da Medicina considera ter operado uma mudança de paradigma.
Yoshinori Ohsumi nasceu em 1945 em Fukuoka, no Japão e terminou o seu doutoramento na Universidade de Tóquio em 1974.
Após três anos na Universidade Rockefeller, em Nova Iorque, regressou à Universidade de Tóquio, onde estabeleceu a sua equipa de investigação, em 1988.
Desde 2009, é professor no Instituto de Tecnologia de Tóquio.
A temporada dos prémios Nobel 2016 começou hoje com o anúncio do Nobel da Medicina e prossegue com o da Física (terça-feira), da Química (quarta-feira), da Paz (sexta-feira) e da Economia (dia 10).
O Nobel da Literatura será atribuído a 13 de outubro.
Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901.
O prémio Nobel corresponde a uma recompensa de oito milhões de coroas suecas, o equivalente a cerca de 834.000 euros.
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