![Gás radão é invisível e cancerígeno. Estudo recomenda arejar mais as casas](/assets/img/blank.png)
A investigadora Lisa Maria Martins afirmou hoje, em comunicado enviado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que se trata de um trabalho “pioneiro em Portugal”, porque estudou a “origem do radão”.
A investigação foi feita no âmbito da tese de doutoramento de Lisa Martins, subordinada ao tema “Controlo geológico e mineralógico da radioatividade natural: um estudo na região de Trás-os-Montes e Alto Douro”, orientada pelos professores Elisa Preto Gomes (UTAD) e Alcides Pereira e Luís Figueiredo Neves (Universidade de Coimbra). “Se o radão está presente em rochas, solos e habitações e não podemos fugir ao mesmo, temos de aprender a conviver com ele, tomando medidas para reduzir o seu impacto junto das populações”, sublinhou.
Foram avaliadas rochas e solos e realizadas medições no interior de 269 edifícios durante o inverno, altura em que se verifica uma maior concentração de calor em espaços confinados devido ao aquecimento artificial dos edifícios.
Com base na informação obtida e numa primeira aproximação para a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, o estudo classificou o “grau de risco ao radão em baixo a moderado para os metassedimentos e um risco moderado a elevado nos granitos”.
Segundo a investigação, os resultados mostram ainda que os “edifícios mais recentes apresentam concentrações de radão mais elevadas”. No período de inverno, foram detetados 157 edifícios com concentrações de radão superiores a 300 Bq.m-3 (becquerel por metro cúbico) atingindo, em quatro situações, valores 10 vezes superiores” com o máximo de 7066 Bq.m-3”.
Cancerígeno para a OMS
O radão é um gás incolor, inodoro e insípido sendo “considerado um importante fator de risco para a saúde humana”. É também reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como a segunda causa de cancro do pulmão na população depois do tabaco e a primeira para não fumadores.
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Foi ainda verificado que “as concentrações de radão mais elevadas se encontram na envolvência de falhas geológicas e carreamentos e em áreas de substrato granítico dos concelhos de Vila Real, Alijó, Vila Pouca de Aguiar e Chaves, e que a concentração média anual de radão em edifícios situados em zonas graníticas excede o limite de 300 Bq.m-3 da diretiva comunitária 2013/59/EURATOM”.
O estudo teve também como objetivo sensibilizar a população e as entidades públicas.
A prevenção, segundo Lisa Martins, “passa por medidas simples tais como aumento da ventilação natural no interior dos edifícios já construídos, ou através de extratores que transportam o radão para a atmosfera exterior e a implementação de novas técnicas construtivas que salvaguardem o licenciamento das novas construções em zonas graníticas, como a da região em estudo”.
A Diretiva Europeia de 2013 obriga a que, até 2018, seja transposta para a legislação nacional um Plano Nacional de Radão.
“Os dados neste estudo relativos ao conhecimento da distribuição das concentrações do radão nos solos, dos fatores que lhe estão associados (geração, migração e transporte), bem como da transferência para os espaços confinados, constituem uma importante base de conhecimento na região”, salientou.
A área selecionada para este estudo radiológico abrangeu os concelhos de Vila Real, Sabrosa, Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena, Boticas, Chaves, Valpaços, Murça, Alijó e Carrazeda de Ansiães.
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