Em nota de imprensa enviada a agência Lusa, o BE recorda que, de acordo com a informação esta semana divulgada pelo Sindicato Médico da Zona Centro, "a norma preconiza um atendimento de seis utentes por hora, o que perfaz cerca de dez minutos para cada doente".

"Acrescenta ainda a indicação de que cada médico deverá dar 2,5 altas por hora e poderá transferir 3,5 doentes por hora para outros médicos", cita o BE, lembrando que o sindicato considerou a situação desumana para utentes e médicos e que alertou para os "níveis de exaustão" a que poderá chegar um médico "ao tentar assistir mais de 70 doentes num turno de urgência".

Nas questões apresentadas pelos deputados Moisés Ferreira e José Manuel Pureza, o BE sublinha que "o médico tem que ter a liberdade de demorar o tempo considerado adequado, atendendo à especificidade do quadro clínico em causa, sem se sentir coagido pela indicação de um limite temporal tão restrito, e o utente tem o direito a ser tratado com o desvelo adequado à sua situação".

Sublinhando que "não se pode impor um ritmo de linha de produção" quando se está a falar de pessoas e da sua saúde, os bloquistas também referem que "o único critério" que se pode admitir é o "da adequação do tempo e da terapêutica a cada situação, com o objetivo de atender e tratar, da melhor forma possível, todas as pessoas que necessitam de cuidados médicos".

Perante isso, questionam o Governo sobre se tem conhecimento desta situação, se concorda com as orientações apresentadas e se considera que a orientação para atender seis pessoas numa hora não conflitua com o direito à saúde por parte dos utentes bem como com o direito do médico efetuar um diagnóstico no tempo que considere adequado, atendendo ao caso em apreço.

"O Governo considera adequada a indicação de que cada médico deverá dar 2,5 altas por hora e poderá transferir 3,5 doentes por hora para outros médicos?", é outra pergunta apresentada.

Os deputados do BE querem ainda saber quantos médicos estão em falta no quadro de pessoal do hospital e quantos ali exercem atualmente funções através de empresas de trabalho temporário.

Na quarta-feira, em resposta à agência Lusa, Miguel Castelo Branco, diretor do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB), que integra o Hospital da Covilhã, já tinha referido que a norma apenas se refere ao serviço de triagem na Urgência e que visa "acima de tudo" criar "as melhores condições de atendimento ao doente" e "melhorar os níveis de eficiência e eficácia da triagem hospitalar, particularmente em contexto de prestação de serviços".

Miguel Castelo Branco lembrou que os indicadores apresentados estão de acordo com os que são definidos internacionalmente e garantiu que não existe qualquer tentativa de pressão" para que os médicos não deem a resposta necessária aos utentes, referindo que se um médico concluir que o doente precisa de mais tempo de atendimento "certamente que não será alvo de punição".