Em nota enviada à agência Lusa, o SMZC explica que as diretrizes, que considera “atentatórias dos direitos dos médicos e utentes” constam de uma comunicação dirigida pelo diretor do Serviço de Urgência a alguns médicos daquele serviço.

“Escudando-se em pretensas normas internacionais de produtividade, este diretor pretende padronizar uma média de seis atendimentos por hora por médico e criar um sistema de "quotas" em que cada médico tem de dar 2,5 altas por hora e está autorizado a transferir 3,5 doentes por hora para outros médicos”, lê-se no comunicado do sindicato.

O SMZC considera que “não é preciso muita imaginação para perceber que tipo de atendimento é esperado numa média de 10 minutos por doente” e alerta para os “níveis de exaustão a que poderá chegar um médico ao tentar assistir mais de 70 doentes num turno de urgência”.

“É desumano, quer para os trabalhadores, quer para os utentes”, fundamenta.

Contactado pela agência Lusa, Miguel Castelo Branco, diretor do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB), que integra o Hospital da Covilhã, garante que a “norma de acompanhamento da atividade do médico da triagem de urgência” apenas apresenta os indicadores médios que são aconselháveis e que visa “acima de tudo” criar “as melhores condições de atendimento para o doente”.

Centro Hospitalar nega pressão

Sublinhando que a norma apenas se refere ao serviço de triagem, Miguel Castelo Branco garante que não existe qualquer tentativa de pressão” para que os médicos não deem a resposta necessária aos doentes.

“Bem pelo contrário, o que se pretende é que os utentes sejam mais rapidamente encaminhados para receberem os cuidados que necessitem”, sublinhou este responsável, referindo que se um médico concluir que o doente precisa de mais tempo de atendimento “certamente que não será alvo de punição”.

Miguel Castelo Branco sublinhou ainda que os indicadores apresentados estão de acordo com os que são definidos internacionalmente, que têm em conta fatores como a afluência ao serviço ou a gravidade de cada doente e que pretendem “melhorar os níveis de eficiência e eficácia da triagem hospitalar, particularmente em contexto de prestação de serviços”.

Já o SMZC considera que a questão da Covilhã “é apenas mais um exemplo” de que os serviços de urgência “estão cada vez mais desligados dos preceitos de qualidade balizados pelas carreiras médicas”, fruto do “estrangulamento financeiro” e da empresarialização selvagem” verificadas no Serviço Nacional de Saúde.

“O SMZC, que persistentemente tem lutado junto da tutela por um SNS de qualidade, pelas carreiras médicas, contra a existência de médicos indiferenciados e contra as empresas de prestação de serviço, manifesta o seu repúdio perante esta atitude atentatória aos direitos de médicos e utentes do Serviço de Urgência do Hospital da Covilhã”, acrescenta o comunicado.

Segundo acrescenta, o sindicato “tomará todas as medidas necessárias para que a qualidade da assistência neste serviço público se mantenha” com a qualidade a que o SNS habituou e a que todos têm direito.