“Nós consideramos que é muito importante existir formação especializada nesta área” para apoiar as mais de 6.000 crianças e jovens com necessidades paliativas em Portugal, disse hoje à agência Lusa a presidente da associação Bibi Sattar.

Por outro lado, “é necessário” que os profissionais de saúde que decidem especializarem-se e criar equipas especializadas nessa área “adquiram conhecimentos para que possam desempenhar esse papel da melhor forma possível”, adiantou Bibi Sattar.

Foi nesse sentido que a associação decidiu atribuir bolsas de formação avançada na pós-graduação de cuidados paliativos pediátricos a profissionais de saúde dos seis hospitais, que foram selecionados “com base na sua experiência profissional, área de atuação e motivação”.

Para esse efeito, “fizemos um protocolo com a Universidade católica Portuguesa e assinámos um protocolo com seis hospitais de referência pediátrica para que em conjunto possamos contribuir para a constituição das equipas intra-hospitalares nesses hospitais”, que serão formadas por um pediatra, um psicólogo, um enfermeiro e um assistente social.

Os hospitais envolvidos são o Centro Hospitalar Lisboa Central (Hospital D. Estefânia), Centro Hospitalar Lisboa Norte (Hospital de Santa Maria), Hospital Garcia de Orta, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar do Porto – Centro Materno-Infantil e o Centro Hospitalar S. João.

“Esta formação [que começa na sexta-feira] irá permitir o desenvolvimento da área dos cuidados paliativos pediátricos no nosso país, segundo os objetivos e os princípios consagrados na Lei de Base de Cuidados Paliativos”, como a promoção das competências técnicas dos profissionais que prestam cuidados a crianças com doenças limitantes e ameaçadoras de vida”, salientou Bibi Sattar.

Para a pediatra oncologista Ana Lacerda, a “falta de sensibilização e formação básica e especializada dos profissionais de saúde, a escassez de apoios domiciliários especializados e a heterogeneidade dos diagnósticos, são algumas das barreiras para a prestação destes cuidados em Portugal”.

Bibi Sattar lembra que Portugal é considerado “um dos países que apresenta menos desenvolvimentos na área dos cuidados paliativos pediátricos”.

“Felizmente começam a observar-se alguns avanços”, nomeadamente a inauguração este ano da primeira unidade de cuidados paliativos no norte do país, “mas ainda há muito trabalho por fazer”.

A atribuição das bolsas de formação enquadra-se no projeto da aTTitude “Vamos Cuidar - Cuidados Paliativos Pediátricos”, lançado em 2015 e pioneiro em Portugal, que teve como primeiro objetivo o desenvolvimento da plataforma online “Cuidando Juntos” – www.cuidandojuntos.org.pt.