O convite era assistir ao retiro de Wellness da Samsung, que pela primeira vez se realizou em Portugal e que estava em modo hibernação por conta da pandemia. Durante dois dias o grupo de jornalistas europeus ouviu falar de sono, de como o melhorar, que fatores o afetam, mas também da importância da meditação, de criar bons hábitos e rotinas, de nos alimentarmos com qualidade e, claro, como podemos usar a tecnologia a nosso favor para tirarmos as nossas conclusões.

“O wellness sempre fez parte da cultura coreana e quisemos trazer isso para a Europa”, dizia-nos o porta-voz da Samsung no evento de boas-vindas.

Recentemente, a Samsung teve mais uma edição do seu “Unpacked”, onde, entre as novidades, encontramos o Galaxy Watch6. Escrevíamos que “a grande novidade deste lançamento são as funcionalidades ligadas à saúde e holística, com grande destaque para o mapeamento da qualidade do nosso sono – o que tem tanto de útil, como de assustador”.

Foi precisamente com base nesse mapeamento que a marca coreana apresentou no final de outubro um estudo com análise de dados de sono. Falamos de mais de 716 milhões de noites de utilizadores da app Samsung Health, que acompanha a monitorização feita pelo smarth watch, com base na pergunta “Temos dormido bem?". Para essa resposta há boas e más notícias.

“A saúde do sono dos portugueses é cada vez mais uma prioridade no dia a dia, onde se destacam as horas médias de sono, mas a eficiência dessas mesmas noites está a diminuir”, revela a Samsung Portugal, em comunicado, com base nos resultados do seu estudo global sobre a saúde do sono. Nesta análise participaram mais de 195 mercados, de acordo com a utilização da app, entre junho de 2021 e maio de 2023.

Segundo foi possível apurar, os portugueses parecem estar, este ano, “no limite essencial de sete horas recomendado pela National Sleep Foundation (Organização Americana) com 7h10, mas menos 5 minutos se comparado com os dados do ano anterior, que era 7h15”, acrescenta ainda o comunicado. Em relação aos restantes países da Europa, os Países Baixos têm a duração de sono mais longa (7h27) e Espanha a duração de sono mais curta (7h02).

Há ainda boas notícias para os europeus, que têm uma duração média de sono superior comparativamente com o resto do mundo (7h03 versus 6h59). Mas apesar de estarmos a dormir o tempo recomendado, os dados também mostram o declínio da qualidade do sono, com o aumento do chamado estado de vigília, ou seja, sono leve, fase em facilmente conseguimos despertar. “Este indicador é um dos prioritários quando analisada a sua qualidade, visto que é monitorizado através do cálculo do rácio entre o tempo real de sono e o tempo total passado na cama todas as noites”, indica o estudo.

Desta forma, em Portugal, a eficiência do sono está nos 87.76%, estando ligeiramente acima da média global (87,49%), mas menos 0,53 pontos percentuais que em 2022 (88,28%).

Apenas dois países da Europa - Reino Unido e Países Baixos - registaram uma média inferior à mundial. No entanto, uma coisa é comum a todos os países analisados: a tendência decrescente na eficiência do sono, seja em géneros, grupos etários e regiões estudadas.

Uma coisa parece ser certa: dormimos mais ao fim de semana, e isso é ainda mais notório nas faixas etárias mais jovens, nomeadamente nos 20 anos que revelam quase o dobro de débito de sono (49 minutos), do que as pessoas na casa dos 70 anos (29 minutos). Em termos globais, as pessoas dormem em média, mais 44 minutos ao fim de semana.

Vamos contar animais?

“O sono é o catalisador para o nosso bem-estar”, afirma Lee Dinham, product specialist da Samsung, que acrescenta aquilo que todos sabemos: “Ver o telemóvel ou o computador antes de irmos dormir não é uma boa prática”.

Então, o que podemos fazer para melhorar a nossa qualidade de sono? Podemos começar por praticar exercício físico, evitar bebidas alcoólicas e cafeína, comer bem. Mas também terapia, por exemplo. Sim, não é uma relação óbvia, mas é um dos conselhos de Julie Smith, psicóloga clínica, e uma das oradoras convidadas. “Quando fazemos terapia é verdade que envolve muita conversa, mas também aprendemos como o nosso cérebro funciona e como pensamos tem impacto no nosso humor, nas nossas relações”.

O stress também foi um dos temas abordados. “O stress faz bem ao nosso corpo, ele existe por alguma razão. É útil, mas nós temos de aprender a usá-lo da forma que ele foi ‘criado’ para ser utilizado, faz-nos reagir”, assume. O problema? É que vivemos em níveis de stress excessivos que nos fazem estar constantemente alerta. “Não vou dar uma dica milagrosa, mas temos de criar mecanismos, todos os dias, para darmos resposta ao stress”, afirma. Mantermo-nos hidratados e ter uma alimentação saudável, pode parecer básico, mas é um caminho para o nosso corpo estar em equilíbrio.

A monitorização do sono não podia deixar de ser falada, até porque é uma das funcionalidades do recente lançamento da marca, o Galaxy Watch6. No entanto, não é algo exclusivo, havendo várias opções do género no mercado. “Estas ferramentas ajudam-nos a perceber como dormirmos e a fazer pequenos ajustes. Quando tomamos conhecimento do tipo de sono que temos e o impacto que tem na nossa vida, é aí que podemos trabalhar para o nosso bem-estar”, explica a psicóloga clínica.

Mas surge a pergunta: se é suposto dormirmos sem estímulos anteriores ao sono e com o relógio no pulso, como é que nos devemos desligar da tecnologia para conseguirmos ter níveis aceitáveis de verdadeiro descanso?

A sugestão da Samsung é desativar uma série de funções. “Reduza as distrações dos seus dispositivos móveis sincronizando automaticamente o modo de suspensão entre o seu smartphone e o relógio, para silenciar as notificações”. Não se esqueça de desativar também a função “Always On Display” pois garante que o seu Galaxy Watch não será ativado quando tocar na tela ou mover o punho.

Uma das opções apresentada no ano passado e que se mantém este ano é o facto de, através da app da Samsung, nos ser atribuído um animal de sono com base na monitorização do nosso descanso. Cada animal corresponde a um perfil de sono. Há oito animais de sono, com uma característica associada: Leão despreocupado, Ouriço sensível, Pinguim nervoso, Toupeira avessa ao sol, Veado cauteloso, Morsa tranquila, Jacaré na caça e Tubarão exausto. O perfil é atribuído fazendo uma relação entre a duração do sono, a sua consistência e o tempo de vigília.

De acordo com as informações recolhidas no estudo, “mundialmente, a maioria dos indivíduos identificou-se mais diretamente com o estilo de sono correspondente ao animal Pinguim nervoso, que representa, na sua totalidade, um terço dos participantes”. O que quer isto dizer?  “Estes indivíduos mantêm ritmos circadianos saudáveis (vulgarmente descritos como relógio biológico), mas sofrem frequentemente interrupções durante o sono, o que contribui para uma diminuição da eficiência do mesmo”. E este é, também, o animal do sono da maioria dos portugueses.

A título de curiosidade, “Argentina, Espanha e Turquia são maioritariamente Ouriços sensíveis, o que significa que podem ser mais ativos à noite e dormir mais durante o dia, como num período de sesta regular”, o que denota que a cultura de um país acaba por ter impacto no nosso dia a dia.

O estudo diz-nos ainda que os utilizadores mais velhos têm mais probabilidade de serem Veados cautelosos, ou seja, “uma pessoa com uma duração de sono mais curta e tempos de vigília mais elevados. Quase 40% das pessoas na casa dos 70 anos tinham o Veado Cauteloso como animal do sono, o que é quase dez vezes mais do que as pessoas na casa dos 20 anos”.

As pessoas na casa dos 20 anos têm tendência para serem Toupeiras avessas ao sol, o que se traduz em “indivíduos que têm problemas com a consistência do sono, e que se tornaram cada vez mais prevalecentes à medida que a idade demográfica também diminui”.

De acordo com a Samsung, “nos últimos dois anos, houve um aumento de 182% no número de utilizadores que monitorizam ativamente o sono (através da app Samsung Health), pelo menos uma vez por semana, durante um ano”. Para nos ser atribuído um animal de sono, é necessário fazer a monitorização ao longo de sete dias. No final de uma semana, temos o veredicto.

“É importante explorarmos opções e ver o que funciona para nós. Ao longo do tempo percebi que a tecnologia funciona para mim porque gosto de explorar esta parte de dados e isso mantém-me focada nos meus objetivos”, partilha Julie Smith.

Será a tecnologia um caminho para todos? Provavelmente não. Mas, sendo usada, parece ajudar a desenvolver estratégias.

O SAPO Lifestyle participou no K-Wellness a convite da Samsung.