Com novembro o universo da restauração mundial agita-se. É chegado o momento da divulgação anual das sempre tão ansiadas estrelas Michelin, facto que ocorre desde 1900 (desde 1974 em Portugal), mas nem assim perdendo energia a cada novo ano. Pelo contrário e especialmente entre os países emergentes neste universo tão amplo e múltiplo como o é a gastronomia.
Portugal não foge a esta regra elementar de ambição, neste caso o selo que ostenta uma, duas ou as três estrelas no “Guia Michelin Espanha e Portugal”. Em 2017 o anúncio dos vencedores Michelin para 2018 tem lugar marcado em Espanha, mais concretamente em Tenerife (Hotel The Ritz-Carlton Abama), a 22 de novembro e, ao contrário do ano anterior, as expectativas e o otimismo não estão em alta quanto à atribuição de um número substancial de estrelas a Portugal, quer na entrega de mais estrelas aos restaurantes já galardoados, quer no anúncio de novos restaurantes com a dita sorte.
[Clique na imagem e leia: "Guia Michelin, uma Bíblia gastronómica envolta em secretismo]
Recorde-se que à partida para a Gala Michelin de 2017, em Girona ( Espanha), a mesa lusa contava com a quase certeza de duplicar o número de estrelas. Não se veio a concretizar, mas foi substancial a subida de três para cinco o número de restaurantes com duas estrelas e de 11 para 16 os restaurantes com uma estrela. Contas feitas, Portugal entrava no presente ano com 26 estrelas (ver lista no final do artigo). Acrescente-se que tivemos, em novembro de 2017, o anúncio de dois novos restaurantes com a dupla estrela (“cozinha excelente, vale a pena o desvio”): The Yetman – Gaia e Ila Gallo D´Oro - Funchal) e de sete novos restaurantes com uma estrela (“muito bom na sua categoria”: William - Funchal, Casa de Chá Boa Nova - Leça da Palmeira, Antiqvvm - Porto, Alma – Lisboa, Loco – Lisboa, LAB - Sintra, L’And - Montemor-o-Novo.
Longe do gigante Michelin representado pelos nossos vizinhos espanhóis com 203 restaurantes listados no famoso guia, correspondendo a uma verdadeira galáxia, com 249 asteriscos no selo atribuído pelo guia francês.
Chegados a este ponto, sustentemo-nos na página espanhola “Gastroeconomy” em artigo publicado pela jornalista Marta Fernández Guadaño aquando da apresentação à imprensa, em Madrid, da Gala Michelin deste ano. A articulista espanhola, citando Mayte Carreño, diretora comercial de Michelin Travel Partner Espanha e Portugal, refere para os territórios de Espanha e Portugal a expectativa de “dois novos três estrelas, cinco novos dupla estrela e 19 estreantes com uma estrela”. Se, por um lado antecipa boas expetativas para os nossos vizinhos ibéricos, como sublinha o artigo: “os responsáveis da Michelin auguram um grande ano na entrega de estrelas”, a notícia pode não ser tão boa dentro do nosso burgo. Isto considerando a desproporção anual de estrelas atribuídas a um e a outro lado da fronteira (não esquecendo também as diferenças nas áreas de cada um dos territórios, população, número de estabelecimentos, entre outros fatores). Um facto que não invalida que este 2018 seja um ano de consolidação – com eventuais ganhos e poucas perdas - para os restaurantes galardoados no nosso país.
Ou seja, e num exercício divinatório, até porque nenhuma informação extravasa antes da apresentação oficial dos vencedores Michelin, sempre se pode considerar a eventual entrega de mais uma estrela a um dos dois estrelas deste 2017, não crendo numa ascensão meteórica dos anteriores uma estrela, ou o surgimento no guia de um restaurante português catapultado de imediato para o trio de estrelas (“cozinha de nível excecional, que justifica a viagem”). Contas feitas, temos como eventuais candidatos ao Ouro o Belcanto (Lisboa) do chefe José Avillez; o Il Gallo d'Oro (Funchal), do chefe Benoît Sinthon, o Ocean, (Porches), do chefe Hans Neuner, o The Yeatman (Vila Nova de Gaia), do chefe Ricardo Costa, o Vila Joya, (Albufeira), do chefe Dieter Koschina.
No que respeita à subida do patamar de uma estrela para duas estrelas, não estranharíamos ouvir o nome dos restaurantes Feitoria (chefe João Rodrigues), do Loco (chefe Alexandre Silva) e do Antiqvvm (chefe Vítor Matos).
Como também não seriam desproporcionado e até justo ver entrar na lista da estrela Michelin um eterno visado, o Restaurante Vista (Hotel Bela Vista), no Algarve com o chefe João Oliveira.
Recorde-se que para o mercado Espanha e Portugal, o Guia Michelin apoia-se no trabalho de uma equipa de 12 inspetores, com o apoio de inspetores de países terceiros.
Confira a lista completa de todas as estrelas Michelin atribuídas a Portugal em 2016:
Duas estrelas:
- Belcanto, Lisboa, chefe José Avillez
- Il Gallo d'Oro, Funchal, chefe Benoît Sinthon
- Ocean, Porches, chefe Hans Neuner
- The Yeatman, Vila Nova de Gaia, chefe Ricardo Costa
- Vila Joya, Albufeira, chefe Dieter Koschina
Uma estrela:
- Alma, Lisboa, chefe Henrique Sá Pessoa
- Antiqvvm, Porto, chefe Vítor Matos
- Bon Bon, Carvoeiro, chefe Rui Silvestre
- Casa de Chá da Boa Nova, Leça da Palmeira, chefe Rui Paula
- Eleven, Lisboa, chefe Joachim Koerper
- Feitoria, Lisboa, chefe João Rodrigues
- Fortaleza do Guincho, Cascais, chefe Miguel Rocha Vieira
- Henrique Leis, Almancil, chefe Henrique Leis
- Lab by Sergi Arola, Sintra, chefe Sergi Arola
- L'And Vineyards, Montemor-o-Novo, chefe Miguel Laffan
- Largo do Paço, Amarante, chefe André Silva
- Loco, Lisboa, chefe Alexandre Silva
- Pedro Lemos, Porto, chefe Pedro Lemos
- São Gabriel, Almancil, chefe Leonel Pereira
- William, Funchal, Luís Pestana/Joachim Koerper
- Willie's, Vilamoura, chefe Willie Wurger
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