Não há desculpa para deixar de olhar com atenção para a sua pele. Conheça, por isso, os vários tipos de manchas que nela se refugiam e as formas de recuperar o seu aspeto sem mácula. De sardas a lesões na pele, são muitos os tipos de manchas com que já poderá ter-se deparado ao aplicar o creme de rosto ou corpo. Embora algumas resultem da influência de fatores genéticos e hormonais, existe uma causa comum a todas. «A exposição solar, que deve ser cuidada e evitada», diz o dermatologista António Picoto, em jeito de aviso.

Usar protetor solar todo o ano e defender-se da ação direta do sol são cuidados essenciais. Já as soluções para as combater são tão variadas quanto as tipologias. Estes são os diferentes tipos de manchas que devem merecer a sua atenção:

- Melasma

São manchas difusas sobre a face, frequentemente no lábio superior e na região frontal, mais ou menos escuras, que também podem surgir no pescoço e braços. Na origem do melasma, mais conhecido como pano, está «uma componente hereditária, mas também a exposição ao sol e os níveis de estrogénio em circulação», diz António Picoto. A toma da pílula, a gravidez e a terapia de substituição hormonal podem estar na sua origem.

Para evitar este tipo de mancha, para além da proteção solar, poderá «usar outros meios de contraceção ou, se possível, tomar uma pílula com baixo teor de estrogénios». Se as manchas não desaparecerem após um ano, o dermatologista poderá receitar-lhe  despigmentantes de aplicação tópica à base de hidroquinona (concentrações de 4% ou mais). «Aplica-se diariamente durante quatro semanas e é analisada a forma como a pele está a reagir», diz António Picoto.

Os peelings superficiais com mistura de alfa e beta hidoxiácidos são outra solução. Ao contrário da hidroquinona, desaconselhada durante a gravidez, não têm contraindicações, a menos que seja alérgica. Já a luz intensa pulsada (IPL) recorre a radiação que elimina o pigmento. «Por vezes, os pigmentos estão na derme profunda e a radiação não consegue atuar». A sua aplicação em época estival implica «não ir à praia pelo menos nos quatro dias antes e após o tratamento», diz o dermatologista.

- Lentigos solares

Localizam-se nas áreas mais expostas da pele e, ao contrário dos sinais (nevos), são lesões sem corpo, sem volume ao toque. Têm uma forma arredondada, que pode ser irregular, e são castanhas escuras, mas podem ter mais do que um tom. Para os distingui-las de outros sinais pode ser necessário o dermatologista recorrer à técnica da dermatoscopia, que usa um aparelho digital para visualizar as estruturas internas da pele. Se detetou estas lesões na sua pele ou tem dúvidas, procure um dermatologista.

A exposição solar excessiva é o principal responsável por estas lesões. «Quanto mais sol se apanha, mais lentigos aparecem e mais se intensifica a cor escura», diz António Picoto. Podem evoluir para lentigos malignos, que são melanomas e se caracterizam por uma forma irregular, de cor mais escura e com variações ao longo do tempo.

Muitas vezes, é necessário realizar uma incisão e enviar um fragmento para exame histológico (biopsia), para avaliar a hipótese de evoluir de forma maligna. Neste caso, terá que ser removido através de uma pequena cirurgia. No caso de ser um lentigo benigno, a remoção pode ser feita através de peelings médios ou profundos (com soluções mais concentradas que as usadas no  melasma) ou luz intensa pulsada (com maior potência que a usada no melasma). A hidroquinona pode aclarar este tipo de manchas, mas não as elimina.

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Outros tipos de manchas

As sardas também são um tipo de sinais. Muito comuns em pessoas de pele e olhos claros ou pessoas ruivas, têm origem genética, mas a exposição a raios ultravioleta estimula o seu aparecimento. Podem ser eliminadas recorrendo a luz pulsada intensa. A lista de manchas mais comuns em Portugal inclui ainda:

- Dermite berloque

São manchas castanhas de contorno irregular que surgem nas áreas onde foi aplicado perfume, por exemplo atrás das orelhas. Estas espalham-se depois para a região mandibular e cervical, com uma forma semelhante a um brinco. Desaparecem se deixar de usar o perfume e, se necessário, aplicando um corticoide, sujeito a receita médica.

- Fotodermatose

Tem a forma de manchas vermelhas que evoluem para um tom mais escuro associadas à exposição solar após o consumo de limas, citrinos que contêm bergamota. Surgem nas áreas da pele que estiverem em  contacto com o citrino. Desaparecem por si ou com a ajuda de um corticoide.

- Queratose seborreica

São manchas que surgem em qualquer local, exceto nas palmas das mãos e plantas dos pés. Têm uma distribuição em árvore de Natal e origem genética, mas podem aparecer de forma eruptiva, ligadas a neoplasias pulmonares. São tratadas com laser de CO2 destrutivo que faz a vaporização. Podem ser necessárias cerca de oito sessões.

- Cosméticos despigmentantes

Estes produtos são formulados com derivados de hidroquinona (até 2%) ou substâncias que atuam na cadeia de formação da melanina (despigmentantes), como o ácido kójico. Contém também substâncias que promovem uma descamação ligeira da pele, que eliminam as manchas superficiais e aumentam a penetração dos despigmentantes. É importante que não hesite em consultar o dermatologista se a sua pele ficar irritada, após a utilização do cosmético ou se, ao fim de um mês, o produto não fizer efeito.

Texto: Rita Miguel com António Picoto (dermatologista)