A culpa (também) é da constituição física. «Algumas pessoas têm mais células de gordura localizadas na região abdominal e, por isso, tendem a engordar com mais facilidade nesta zona do corpo», explica Teresa Branco. A culpa é da genética e, quanto a isso, não há nada a fazer. Os homens são quem mais sofre com a ditadura dos genes, «uma vez que possuem mais células de gordura nesta região, enquanto as mulheres têm geralmente mais células de gordura na região das coxas e glúteos», explica.

Apesar do problema ser mais associado aos homens, também há muitas mulheres que sofrem com o excesso de volume na cintura. «Para todos eles, existem soluções. Identificar o tipo de gordura que acumula na zona abdominal e os fatores que a par da genética contribuem para esse volume são os primeiros passos», assegura a especialista.

A gordura boa e a gordura má

A gordura presente na barriga pode ser de dois tipos, subcutânea ou visceral. A gordura subcutânea, o chamado pneu, localiza-se entre a pele e o músculo, é mole e difícil de eliminar.  A gordura visceral localiza-se dentro da cavidade abdominal, junto às vísceras, criando uma barriga proeminente mas dura.

Esta deve ser especialmente combatida não só porque afeta a sua silhueta, mas «porque influencia negativamente o funcionamento dos órgãos, levando-os a produzir substâncias de forma desequilibrada», explica Teresa Branco. Felizmente, é também, «a mais fácil de eliminar, independentemente da estratégia utilizada», indica.

As causas do problema

Embora a genética seja o principal fator para a acumulação de gordura na região abdominal, existem outros que contribuem para o seu aparecimento. Havendo uma predisposição genética, tem também de haver um consumo de calorias em excesso para que se dê «a acumulação de gordura, que tanto pode ser visceral como subcutânea», esclarece Teresa Branco.

Outro fator a ter em conta é a idade, devido à diminuição das hormonas sexuais, especialmente no caso das mulheres ao aproximarem-se da menopausa. «Com a diminuição de estrogénios, as mulheres têm uma maior predisposição para acumular gordura visceral», afirma a especialista. Por fim, «a ausência de exercício físico é determinante para o aparecimento de gordura na zona abdominal», conclui.

A barriga do stresse

Se existe um fator modificável que influencia, em especial, a acumulação de gordura visceral, esse fator é o stresse. «Sob stresse, o organismo produz uma hormona, o cortisol, que, quando em excesso, pode conduzir à acumulação de gordura visceral. Isto acontece porque as células dessa região do corpo são mais eficazes a armazenar energia sob a forma de gordura e são também mais sensíveis à ação do cortisol», explica Teresa Branco, que desaconselha «a ingestão de cafeina e álcool, pois sobrecarregam as glândulas que produzem a hormona do stresse».

O pneu do açúcar

Se é fã de doces e tem gordura abdominal subcutânea, saiba que acabar com o vício pode ser suficiente para recuperar a silhueta. «Quem tem este tipo de gordura não metaboliza bem os hidratos de carbono e, por isso, deve evitar todos os alimentos ricos em açúcar, farinhas processadas e amidos, uma vez que estes alimentos promovem uma subida de açúcar no sangue e consequentemente uma subida da insulina, emitindo um sinal de que é necessário armazenar açúcar sob a forma de gordura», diz.

«Esta é, sobretudo, acumulada onde as células são mais sensíveis à ação da insulina, a zona abdominal», explica ainda Teresa Branco. «A ingestão de vegetais, de carnes magras e de peixe nas refeições principais, contribuirá para a diminuição da acumulação de gordura nestes depósitos», acrescenta a especialista.

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Gordura ou inchaço? Faça o teste!

Muitas pessoas desculpam-se com o inchaço. «Se é a gordura que está a dar volume à barriga, haverá uma prega que se consegue agarrar por cima do músculo. Se o seu problema é inchaço, notará uma proeminência que torna a barriga muito dura, mas que não se consegue agarrar», explica Teresa Branco. Geralmente, «o inchaço deve-se ao mau funcionamento e inflamação do intestino», diz.

«Para melhorar o trânsito intestinal, é preciso alimentar-se de forma saudável e evitar alimentos que provoquem gases e inflamação, como é o caso dos que contêm lactose, nomeadamente o leite e as natas, que provocam maior flatulência e inchaço abdominal, bem como alimentos com glúten que, em pessoas sensíveis a esta proteína, como o café, o álcool e o chá verde, pode provocar algum tipo de inflamação nos intestinos», refere ainda.

A lista inclui, ainda, «alimentos que são ricos em gordura e açúcares processados, como a fast food», assim como «tomar probióticos para fornecer ao organismo as bactérias necessárias a um intestino saudável», esclarece Teresa Branco. Estes estão, habitualmente, presentes em iogurtes e queijos fermentados, mas também estão disponíveis sob a forma de suplemento alimentar.

O papel do exercício físico

Quando se pretende perder gordura, a prática de exercício físico pode ajudar, especialmente se pretende combater a gordura visceral, «uma vez que as células de gordura localizada nesta região são mais facilmente metabolizadas e estimuladas com a atividade física», explica Teresa Branco.

Além de promover um trânsito intestinal regular, pelas contrações abdominais que provoca, combatendo o inchaço abdominal, a prática de exercício físico ajuda também a tonificar os músculos da região abdominal, ideal em caso de distensão abdominal, por exemplo, provocada pela gravidez, e também a gerir o stresse, responsável pelo aumento de gordura visceral.

O treino mais eficaz

Não existem exercícios específicos que nos façam perder gordura na barriga, pois «não perdemos gordura de forma localizada», explica Teresa Branco. «Devemos fazer exercício que nos ajude a emagrecer e com isso eliminamos a gordura na região abdominal, tal como eliminamos a gordura nas outras regiões do corpo», recomenda a especialista.

Os melhores exercícios para a perda de peso são os cardiovasculares que envolvem quase todo o corpo, «como a passadeira, a bicicleta, a natação, a corrida e as caminhadas, desde que haja um esforço intenso. Por outro lado, os exercícios localizados e de musculação também são importantes, pois ajudam-nos a ganhar massa muscular, o que faz com que o metabolismo aumente e queime mais gordura», explica.

O ideal será a junção de exercícios cardiovasculares com a musculação para obter os melhores resultados. Já os exercícios abdominais apenas podem ajudar «se houver uma proeminência abdominal causada por um relaxamento muscular (como na gravidez). Neste caso, os exercícios abdominais ajudam a tonificar esse músculo e, assim, a perder algum volume nesta região, mas não a perder gordura especificamente nesta zona», sublinha.

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O menu antibarriga que deve seguir

Se quer perder peso na zona da barriga, há certos alimentos que tem de evitar e outros que deve incluir nas suas refeições. Tome nota:

- Alimentos a evitar

Doces, bebidas açucaradas, farinhas processadas, amidos e alimentos com glúten, cafeína e álcool.

- Alimentos a consumir com moderação

Hidratos de carbono (batatas, arroz, massa), alimentos com fibra, leite e derivados.

- Alimentos a privilegiar

Carnes magras, peixe e vegetais.

O metabolismo dos hidratos de carbono

O seu metabolismo funciona corretamente? Em caso de dúvida, procure ajuda especializada. «Através de uma análise ao sangue para medição da curva da glicemia, um fisiologista na gestão do peso consegue perceber a forma como o organismo de uma pessoa metaboliza os hidratos de carbono e saber quais os mais indicados para esse perfil», afirma Teresa Branco, fisiologista na gestão do peso e diretora do Instituto Prof. Teresa Branco.