Usada há mais de 40 anos no tratamento de
ferimentos e em programas de rejuvenescimento,
a luz fria ou LED (light-emiting diodes)
conhecida pelo seu poder cicatrizante voltou a
dar que falar recentemente.

Em 2008, Andrei
P. Sommer e Dan Zhu, uma dupla de cientistas
alemães, do Institut für Mikro und Nanomaterialien,
da Universidade de Ulm, concluiu que ao
expor a pele a esta luz, com o comprimento de
onda certo (670 nanómetros), era possível obter
uma notável redução das rugas.

Um ano depois,
a mesma equipa voltou a surpreender a comunidade
científica ao apresentar resultados ainda
mais espantosos, acrescentando apenas um
ingrediente, o chá verde. Em entrevista
à saber viver, os autores do estudo explicam
como chegaram às primeiras conclusões. «As nossas observações indicaram que as superfícies
hidrófilas da pele estão revestidas de finos
cursos de água que funcionam como uma cola.

Com o tempo, a elastina, principal constituinte
das fibras elásticas responsáveis pela juventude
cutânea, altera-se criando depósitos à superfície
e tornando-se cada vez mais hidrófila», explicam. «A formação
de um filme de água (tipo cola) restringe a
elasticidade das fibras e a pele torna-se cada vez
mais rígida. As nossas experiências provaram que
através de uma luz, com a intensidade da radiação
solar, é possível aumentar a fluidez (e reduzir
a textura tipo cola) destes cursos de água», referem ainda.

O segundo elemento

Após as conclusões
registadas em laboratório, os cientistas
testaram a eficácia do LED numa zona com
rugas da pele do rosto. Após dez meses de exposição
consecutiva ao LED, foi possível reduzir
consideravelmente a aparência das rugas.
No entanto, o tratamento apresentou alguns
problemas.

«Percebemos que a luz utilizada, em
contacto com as células da pele, poderia levar à
formação de moléculas de oxigénio reactivo»,
referem. Tendo em conta que altos níveis deste
oxigénio podem provocar stress oxidativo nas
células e aumentar o carácter hidrófilo dos cursos
de água da matriz extracelular, ou seja, favorecer
o envelhecimento cutâneo, os cientistas
decidiram «adicionar ao tratamento uma preparação
tópica, extraída do chá verde, conhecido
por ser um poderoso antioxidante», explicam.

Grau de eficácia

A incorporação do
novo ingrediente permitiu alcançar os mesmos
resultados obtidos com o LED, em um décimo
do tempo. «Com o chá verde alcançámos uma
melhoria na aparência das rugas em apenas um
mês. O tratamento, testado à volta dos olhos,
não é doloroso e é eficaz na pele da mulher e
do homem», referem os cientistas, que planeiam
fazer mais testes para optimizar o programa.

O tratamento com LED está disponível em
Portugal, mas a associação da fórmula à base de
chá verde ainda não é usada. «Esperamos que em
breve fique disponível para todos», concluem.


A fórmula
O preparado de chá verde,
criado por Andrei P. Sommer e Dan Zhu:

Ingredientes
3 g de chá verde

250 ml de água

Preparação
Fervem-se as folhas secas de chá verde na água
a 100 graus, deixam-se arrefecer durante
30 minutos e aplica-se o preparado na pele,
20 minutos antes de irradiar a zona com LED.

Texto: Vanda Oliveira