A decoração urbana e arrojada salta à vista quando se passa em frente ao número 87 A da Rua Dona Estefânia em Lisboa, o local onde funciona o Slash Creative Hair Studio. Neste cabeleireiro da capital, a funcionar desde os últimos meses de 2015, a diferenciação é uma palavra de ordem. No serviço e no conceito. Quando entra no espaço concebido esteticamente pelo projeto UMA Collective, o cliente é recebido com um tablet, para navegar na internet enquanto espera para ser atendido.

Nesse entretanto, é convidado a beber um café ou uma água. Mas também há cerveja e vinho para oferecer aos que se atrevem a arriscar esse tipo de bebidas num horário mais diurno. Depois de lavar a cabeça, é encaminhado para as zonas de corte, estruturas feitas por medida para o Slash que funcionam como estações móveis. «A ideia é termos um salão mutável», explica Ana Ferreira-Hilário, relações públicas do salão.

Num canto mais reservado e resguardado, existe uma área de trabalho para fazer madeixas e colorações. Um espaço que tem duas funções e que tem, ao longo dos últimos meses, tido bastante procura. «Permite, por um lado, que as pessoas não estejam no meio do salão com as pratas na cabeça, que é algo que muitas não gostam. E, por outro, podem estar ali a trabalhar, rentabilizando o seu tempo», refere.

A aposta no fator surpresa

Numa outra área do Slash, uma parede de ardósia exibe algumas das mensagens que os muitos clientes que já por lá passaram escreveram. «Queremos que as pessoas que cá vêm interajam com o espaço. Podem, por exemplo, fotografar-se com o tablet e publicar de imediato a fotografia no nosso Instagram ou no Facebook», sugere Ana Ferreira-Hilário. Ao lado do muro de inscrições, existe outro espaço diferenciador.

Um recanto que pretende promover outro tipo de artes para além da dos cabelos. Pode ser usado para fazer tatuagens ou workshops, para promover artistas de várias áreas ou ainda para realizar sessões fotográficas com clientes que pretendem imortalizar o momento ou ainda produções de moda, como as que já lá foram feitas. «Queremos ser vistos como um espaço multicultural», justifica.

«Queremos ter atividades artísticas diferentes e queremos proporcionar uma experiência inovadora a quem cá vem cortar o cabelo. Queremos funcionar como uma plataforma para artistas que não têm um sítio para trabalhar», acrescenta ainda. A ideia é surpreender os clientes. «Vamos ter um workshop de tricô e um de Snapchat», revelou Ana Ferreira-Hilário durante uma visita ao local pouco tempo depois da sua abertura.

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Pacotes de serviços rápidos para mulheres com (muita) pressa

Ter sempre coisas a acontecer entre as 09h00 e as 21h00, para animar o tempo entre uma lavagem de cabelos, um corte mais radical ou uma coloração mais minimalista, é uma das pretensões do Slash, um projeto da hairstylist Olga Ferreira-Hilário, profissional que estudou e trabalhou em Londres e em alguns dos melhores salões de cabeleireiro da capital. A passagem pela capital britânica inspirou-a a criar pacotes e menus, também eles diferenciadores, como o Menu Blowdry.

Um serviço de 30 minutos, mais rápido e mais económico, muito virado para mulheres urbanas, ocupadas e muito ativas. «Não prometemos alargar o dia mas conseguimos poupar-lhe tempo. Com o Menu Blowdry, vem com o cabelo lavado e em 30 minutos está a sair com o cabelo arranjado. Basta escolher um dos oito looks do nosso menu e voilá», explica a cabeleireira, que é também a diretora artística do espaço.

«Às sextas, pode ser uma mulher a caminho de um cocktail em Chicago e, às terças, passear pelas ruas de Moscovo», refere Olga Ferreira-Hilário. Para liderar o make-up bar do estabelecimento, a criativa e empreendedora convidou Lola Carvalho, maquilhadora pessoal da artista plástica Joana Vasconcelos. Já a curadoria do estúdio de fotografia, pintura e tatuagens do Slash está nas mãos da artista urbana Tamara Alves.

O porquê da opção por uma zona menos fashion

A zona da Estefânia está longe de ser uma das mais trendy da capital. Não faria portanto muito mais sentido um conceito diferenciador como o Slash estar a funcionar numa outra área cidade? Ana Ferreira-Hilário acha que não. «Estamos no coração da Lisboa empresarial, onde trabalham homens e mulheres que têm pouco tempo mas têm que andar arranjados», justifica a relações públicas do salão.

«O nosso conceito não fazia sentido no Chiado», assegura a também gestora das redes sociais deste polo multidimensional direcionado para uma comunidade criativa. «O Slash pretende revolucionar o mercado dos salões em Portugal ao criar um espaço para aqueles que são mais do que meros clientes, para os que são fãs». O preço do corte feminino oscila habitualmente entre os 34,50 € e os 42 €. Já o masculino pode ir dos 26 € aos 30 €.

«O valor corte inclui sempre a lavagem e os produtos de higiene capilar, os produtos de finalização e a secagem», explica Ana Ferreira-Hilário. Uma das novidades do início de 2016 é introdução de uma inovadora gama de produtos, apelidada Olaplex,que permite passar do cabelo pintado de preto para o loiro ou do vermelho para o branco e vice-versa num ápice devido à ação deste multiplicador de elos que contém um único ingrediente ativo, o Bis-Aminopropyl Diglycol Dimaleate, que tem feito furor no Instagram.

Texto: Luis Batista Gonçalves