O cabelo é o nosso segundo cartão de visita, a seguir ao rosto. E, enquanto tal, merece o mesmo grau de dedicação da nossa parte. A lógica é só uma. Se aplicamos esfoliantes, cremes hidratantes, séruns, tónicos e ácidos, numa tentativa de manter um semblante jovem, também devemos fazer o mesmo com o cabelo. Isso explica o boom dos novos cuidados capilares para todos os tipos de cabelo e necessidades, que proporcionam ações cada vez mais personalizadas.

Falamos de tratamentos que vão muito além do protocolo tradicional champô-condicionador, como os condicionadores de limpeza, os champôs secos, os cremes lavantes, os BB creams para cabelo e os tratamentos anti-envelhecimento. Joana Nobre, especialista em ciências farmacêuticas e dermocosmética, explica que «nesta indústria importa criar produtos cada vez mais adaptados ao estilo de vida e à preferência dos consumidores».

Assistimos a um verdadeiro boom na área dos cuidados capilares. Os novos tratamentos são muitos e variados, mas serão eficazes? Com a ajuda de uma especialista, explicamos como e porque deve usar e abusar das novas fórmulas multifuncionais. Resultado, há muito por onde escolher.

Mas como é que fazemos uma seleção acertada? Por onde devemos começar? Pelo início! Veja também a galeria de imagens onde desvendamos oito segredos para ter um cabelo comprido e lindo e os oito gestos para um cabelo cheio de movimento e forma.

A evolução dos hábitos

Durante séculos, a higiene pessoal foi relegada para segundo plano. Raramente tomávamos banho, lavávamos as zonas do corpo que mais transpiravam, e o cabelo, se não tivesse piolhos, não era uma prioridade. Porém, no final do século XX, a importância e a frequência da higiene capilar aumentou significativamente. Segundo Joana Nobre, nessa altura, «os champôs eram demasiado desengordurantes, usavam fórmulas com tensioativos muito agressivos (como o lauril sulfato de sódio)».

Consequentemente, as pessoas começaram a ter problemas ao nível do couro cabeludo e voltaram a lavar o cabelo menos vezes. O que, na opinião da especialista em ciências farmacêuticas e dermocosmética, prejudica igualmente a saúde capilar. «O cabelo deve ser lavado sempre que necessário. Em Portugal, isso ainda não se verifica, daí termos muitos casos de caspa e de queda», alerta.

Novas necessidades

Tudo isto criou uma necessidade de produtos mais suaves, que permitissem uma higiene capilar regular sem provocar irritação no couro cabeludo e deteriorar a haste. Foi assim que, no início do século XXI, começaram a surgir champôs «com menos sulfatos, com sulfatos menos desengordurantes, com menos espuma». No fundo, os produtos de higiene capilar passaram a ter fórmulas onde se destacava a ação dos ingredientes naturais.

E estes, por norma, são mais bem tolerados. «As plantas têm imensa afinidade com o ser humano», confirma Joana Nobre. Estas formulações vegetais vieram possibilitar que os indivíduos com couros cabeludos mais sensíveis, cabelo oleoso e/ou fino, conseguissem mantê-los saudáveis e manuseá-los sem medo.

Veja na página seguinte: Estamos perante uma moda passageira?

Em busca da fórmula mágica

Começam também a aparecer cuidados compatíveis com todos os tipos de cabelo, compostos por «tensioativos suaves e ingredientes básicos de hidratação». Para perceber se um champô pode ser utilizado pelos vários membros da família, o rótulo deverá indicar se aquele produto tem um pH próximo de 7 (indicado para crianças até aos 10 anos) ou entre 5 e 6 (para adultos). De facto, estes cuidados de uso frequente simplificam a rotina diária.

No entanto, dificilmente conseguirá ter o cabelo que pretende só utilizando champôs universais. São úteis, sim, para intercalar com produtos que atuam em áreas específicas. A partir daqui torna-se «imprescindível a adaptação dos cuidados capilares ao tipo de couro cabeludo e ao estado da haste».

Este princípio também se aplica aos novos anti-champôs, que incluem produtos como os cremes lavantes e os champôs com bases oleosas. A especialista aconselha a selecionar os anti-champôs com muita atenção, porque «podem não ser verdadeiramente lavantes e isso pode causar um desequilíbrio na flora do couro cabeludo, bem como outros problemas do foro dermatológico», refere.

Glossário de higiene capilar

Até os cremes lavantes, geralmente recomendados para pessoas com o couro cabeludo seco que necessitam de cuidados mais hidratantes, «devem ser intercalados com um champô mais detergente» Por quê? A explicação não é das mais difíceis. Joana Nobre esclarece que «há tensioativos que podem ser demasiado suaves e que poderão não lavar tão eficazmente».

Embora sejam compatíveis com todos os tipos de couro cabeludo e ofereçam uma lavagem muito suave, os condicionadores de limpeza devem ser utilizados intervaladamente com um champô adequado ao nosso tipo de cabelo. Por oposição, diz a especialista, o champô seco deve ser usado com muita parcimónia. Apesar de ser bastante eficaz na absorção das gorduras no couro cabeludo e no cabelo, só deve ser usado em situações de emergência, pois não permite remover todos os resquícios de produtos de styling.

Moda passageira?

Do ponto de vista de Joana Nobre, enquanto alguns destes produtos «não passam de uma moda, outros tendem a ficar». Neste último grupo, a especialista inclui os cuidados anti-idade e os BB Creams, elogiados por serem «produtos práticos, de leave-in, e multifuncionais, que reparam, lubrificam, dão brilho e têm uma ação anti-UVA/UVB». Devem, por isso, fazer parte do nosso nécessaire o ano todo.

Tal como os cuidados anti-idade, elixires com óleos essenciais, ampolas e séruns, que, «pelo seu forte poder antioxidante, ajudam na manutenção da longevidade capilar, no adiamento da queda e do aparecimento de cabelos brancos». Independentemente de ser um simples champô ou um produto que utiliza uma tecnologia mais avançada, um cuidado será sempre mais eficaz se for realmente adequado às nossas necessidades.

Mas é importante frisar que nem todas as fórmulas terão o efeito prometido, mesmo sendo indicadas para o nosso tipo de cabelo, como sucede que as indicam que são indicadas para um cabelo seco/muito seco, oleoso, fino, com caspa ou com caracóis. Os cuidados capilares funcionam numa lógica de tentativa e erro.

Texto: Filipa Basílio da Silva