Hoje em dia as crianças fazem tudo mais cedo. Crescem quase sem se dar por isso e, de repente, estamos a lidar com
pré-adolescentes opinativos e reivindicativos.

 

As novas tecnologias e o fenómeno das redes sociais também vieram desviar a atenção dos assuntos relacionados com a escola.

 

Saiba como pode ajudar o seu filho a vivenciar este período, seguindo os conselhos da pediatra Helena Fonseca, chefe de serviço no Departamento de Criança e da Família do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Adolescentes saudáveis

A pré-puberdade situa-se entre os 10 e os 13 anos, tendo a adolescência início nesta idade e prolongando-se até à maioridade. Nesta fase, é importante que o seu filho realize uma consulta anual.

De acordo com Helena Fonseca, pediatra especialista em adolescência, «trata-se de um check up que envolve a saúde oral, a visão, a audição, a postura, a pressão arterial, questões ligadas ao desenvolvimento pubertário, apostando-se na prevenção ao fazer-se a avaliação biológica, psicológica e social integradas do adolescente.

Deve também ser realizado uma vez, durante a adolescência, um perfil lipídico e um hemograma. A avaliação do peso, da estatura e do índice de massa corporal devem ser feitos pelo menos uma vez por ano», de forma a detetar situações extremas de magreza e o excesso de peso, antes que se chegue à obesidade.

Imagem corporal

O adolescente tem de lidar com um corpo em mutação, o que pode ser fonte de equívocos. «No caso da rapariga, o facto de haver um aumento da percentagem de gordura corporal com uma distribuição em zonas tipicamente femininas pode conduzir a perceções desajustadas da imagem corporal e fazer com que, por exemplo, a adolescente se sinta gorda sem o ser», exemplifica Helena Fonseca.

«É importante que se crie a oportunidade de esclarecer estas dúvidas com um profissional de saúde», sublinha ainda. Caso o seu filho se queixe da acne não pense que é uma mania de adolescente. Esta doença cutânea afeta a autoconfiança, prejudica a socialização e pode deixar marcas.

Autoestima

O que mais afeta a autoestima de um adolescente? Helena Fonseca não tem dúvidas. «A injustiça!». 

«Se são punidos indevidamente, se não são apreciados e são criticados constantemente isso fere-os muito. Ser-se justo e afetuoso é importante, assim como dizermos que estamos orgulhoso deles ajuda a fomentar a sua autoconfiança», diz.

Diga ao seu filho que o ama, mas escolha um momento em que os amigos não estejam por perto. Isso envergonha-o, lembra-se?

Sexualidade

Crie terreno para que ele se sinta à vontade para poder falar sobre o assunto, mas não o force. «Não se deve dar origem a um diálogo só por achar que o adolescente atingiu a idade para ser bombardeado com informação», alerta a especialista.

Segundo Helena Fonseca, «os pais devem ir abordando o tema e, sobretudo, mostrarem-se abertos e atentos, mas questões mais específicas, como as relacionadas com a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez, devem ser discutidas com o profissional de saúde».

«É importante que os pais expliquem que só vale a pena ter relações quanFamíliado se gosta muito de alguém, quando é uma relação que vai durar. Mas este tipo de mensagem passa muito mais pelo exemplo dado do que por discursos», afirma.

Sucesso escolar

Os adolescentes resistem às regras mas precisam delas, nomeadamente ao nível das rotinas diárias de estudo. É importante que não crie expectativas inadequadamente altas.  

 

«É preciso, sim, rentabilizar as capacidades, estimulá-las e, caso se detete que há mais dificuldades numa área, procurar ajuda na escola ou apoio exterior. Os cursos técnicos, as vias profissionalizantes, a seguir ao 9º ano, também deviam ser mais explorados. São consideradas como a escolha menos boa quando, na verdade, podem ser a melhor opção. Podem fazer o adolescente mais feliz», afiança a especialista.

Amigos

Fazer parte de um grupo é muito positivo, conta a especialista: «Os grupos podem ser extremamente protetores, há vivências de tal modo ricas que são determinantes para a formação da personalidade».

«Os problemas surgem quando o adolescente nunca está com os pais nem em ocasiões familiares importantes. Se a família for criativa o adolescente não vai prescindir dela. Pelo contrário, o grupo também pode surgir como um refúgio para quando as coisas em casa não estão a correr bem», refere ainda.

Texto: Nazaré Tocha