É mais frequente sairem estudos que pretendem alertar os pais para o uso excessivo da tecnologia por parte dos filhos, e do tempo que estes passam em frente a um ecrã. No entanto, este estudo vem dizer que os pais passam tanto tempo em frente ao telemóvel, computador ou tablets como os adolescentes.

O estudo foi realizado pela Common Sense, uma organização dedicada a apoiar o desenvolvimento da criança na era digital. Os seus investigadores também já realizaram pesquisas sobre a exposição das crianças à tecnologia, mas este é o seu primeiro estudo com enfoque nos hábitos e atitudes dos pais. O diretor da pesquisa, Michael Robb, pensa que é justo dizer que um adulto passa o mesmo tempo a usar a tecnologia como crianças de 13 ou 18 anos.

"Não estamos a tentar que os pais se sintam culpados, mas pretendemos que fiquem mais alertas e conscientes", disse Michael Robb.

O que é interessante verificar neste estudo é que os pais que trabalham, não passam assim tanto tempo em frente ao computador durante as horas de trabalho. Dos 1.786 pais entrevistados atribuem apenas 1,5 horas de uso de computador durante o horário de expediente. O restante tempo é passado a fazer o que os miúdos fazem - enviar mensagens, jogar jogos, assistir a programas televisivos, ir a sites e consultar as redes sociais. Os pais com níveis baixos de educação e que ganham menos eram os que passavam mais tempo em frente ao ecrã.

Cerca de metade dos pais entrevistados (48%) disseram que enviam mensagens enquanto trabalham, 38% usam as redes sociais e 33% vêem televisão. E quase dois terços acredita que dividir a atenção em várias coisas ao mesmo tempo, não afeta a qualidade do seu trabalho.  78% disseram ainda que são "bons exemplos" para os filhos no que diz respeito ao uso da tecnologia.

Por outro lado, apenas 35% confessaram que os smartphones facilitam a sua vida enquanto pais.

Quando lhes foi perguntado em relação aos filhos, mais de dois terços revelaram que os seus filhos adolescentes têm telemóvel, e 56% disseram que têm contas próprias para as redes sociais. Os pais também revelaram que estão mais conscientes do que os filhos vêem na televisão (82%), do que o que eles vêem na internet (58%). E 67% considera que monitorizar o que os filhos fazem com a tecnologia é mais importante do que respeitar a sua privacidade.

A maior preocupação dos pais em relação ao uso da tecnologia por parte dos filhos não tem tanto a ver com os conteúdos a que eles acedem, mas sim com as consequências do seu uso excessivo: como serem anti-sociais, terem menos tempo para atividades físicas, dormirem menos ou ficarem viciados.

Mas 70% dos pais considera que a tecnologia pode ser benéfica nos estudos, na aprendizagem de novas competências e criatividade.

"Nós vivemos com este conflito interno de amor-ódio em relação às novas tecnologias. Perceber como e quando e onde e porquê é que as tecnologias vão encaixar nas nossas vidas, ainda vai demorar algum tempo", conclui Michael Robb.